Sem pensar muito bem no que estava fazendo, Susan correu de volta à casa alfandegária, e bateu à porta, gritando o nome de Roger Bellingham. Outro sujeito a atendeu e ela disse, muito apressadamente, com quem queria falar.
O sujeito pareceu confuso.
– Roger Bellingham! – insistiu ela, pensando que o homem não lhe havia entendido. Sua expressão estava aflita, e sua voz saía atropelada, mas ela tinha certeza de que ele podia entendê-la agora. – Ele trabalha aqui.
Antes, porém, que ele pudesse responder, ela teve o vislumbre de um homem de cabelos negros passando por uma porta dentro da alfândega, então ela se desviou do homem que a atendia e entrou sem pedir licença, indo na direção onde viu Bellingham entrar.
Susan o encontrou sentado a uma mesa de marfim numa sala pequena. Quando a viu chegar ofegante e com a expressão assombrada, ele franziu a testa, preocupado.
– O que houve com a senhorita? – indagou Bellingham.
– Você sabe o que há lá embaixo... – A voz de Susan era quase um sibilar, e ela não quis passar a entonação de uma pergunta. – Na mansão...
Roger Bellingham assentiu brevemente, sem esboçar qualquer emoção.
– Diga-me o que sabe! – exigiu ela, percebendo de repente, com certo constrangimento, a intimidade com que se dirigira a ele, mas ignorou em seguida. – Por favor, eu preciso saber...
Bellingham se dirigiu à porta e fez sinal para que ela o seguisse. Susan caminhou ao lado dele pelas ruas e vielas que se emaranhavam ao redor do cais, tentando imaginar porque ele a estava conduzindo à praça. E como na tarde anterior, quando se encontraram no cemitério, ela esperou ansiosamente que ele lhe oferecesse o braço, mas naturalmente não aconteceu. Afinal, não estavam passeando juntos; apenas se dirigiam ao mesmo lugar.
Susan ficou ainda mais confusa quando chegaram à praça e Bellingham a conduziu até a igreja. Tinha pensado que ele a levaria até a casa onde morava – onde quer que fosse –, ou até algum amigo ou parente que tivesse informações sobre o que ela precisava saber. A igreja era o último lugar que ela teria pensado, e de repente percebeu o motivo de estar surpresa: ela nunca tinha visto Roger Bellingham na igreja. Talvez ele fosse a única pessoa em Salem que jamais tinha ouvido um sermão pregado pelo Reverendo Bichop. O que era, no mínimo, estranho naquela comunidade tão puritana. Mas também era estranha a existência de um espírito atormentado como Robert Griplen assombrando Salem há duzentos anos, sem que ninguém jamais tivesse se disposto a combatê-lo, ou quem sabe, tentar exorcizá-lo.
Susan seguiu Bellingham, sem questionar, pelo interior do templo. Aparentemente o Reverendo tinha se esquecido de trancar a porta da secretaria ao sair; ou talvez ele ainda estivesse em algum lugar na igreja; Susan não se preocupou em verificar.
Bellingham passou sem cerimônia pela porta atrás do altar, e sem nenhum tipo de hesitação, abriu uma pequena porta na parte inferior da estante da secretaria, onde estava guardada uma comprida caixa de madeira. Colocou-a sobre a mesa de cedro e abriu a tampa.
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As Noivas de Robert Griplen - Parte 1 - Maldição
Romance"A cada primavera, no aniversário de sua morte, ele precisa se casar...". As irmãs Susan e Anne Dawson mergulham num mistério sobrenatural... Literalmente! E descobrem que as profundezas do mar de Salem, a cidade das bruxas, guardam mais segredos do...