Capítulo 2

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Rebeca

   Chego no hospital e vou direto a recepcionista.

-Ah. Oi moça, será que pode me dar informações sobre uma garota, ela deve ter chegado...

-Beca. -ouço a voz do Lin.

-Graças a Deus. - Abraço ele. - O que aconteceu?

Lincon demora a me responder e sinto o pânico chegando.

-Lincon fala logo. O que aconteceu? –Ele respira fundo e me encara.

-Ela sofreu um acidente.

E o a sensação de algo ruim eletriza meu corpo.

-Não se preocupe os médicos já disseram que ela vai ficar bem. Só precisamos aguarda mais noticias. –ele diz para me acalmar.

- Como? O que aconteceu? Onde ela estava?

-Não sabemos exatamente a onde ela estava, mas o que tudo indica que ela estava em uma corrida na saída da cidade.

-Você não estava com ela? – pergunto confusa.

-Não. Eu disse que tenho uma prova semana que vem, estava estudando.

-É, me lembro. –falo lembrando-me vagamente dessa informação.

-Vem, vamos esperar com os outros. –imagino para quem mais Lincon ligou.

-Onde ela esta?- pergunto enquanto ele me guia pelo corredor.

-Não podemos vê-la ainda.

Chegamos à sala de espera e a três pessoas. Um cara que não tenho certeza se está nos acompanhado, Mendy sentada ao lado do... Meus olhos travaram no cara de jaqueta preta, cabelos negros que eu conhecia muito bem, jeans e botas pretas, assim que ele me olhou senti todos os meus poros abrirem e meu ar faltar. Ele estava mais estonteante do que eu me recordava. Olhos azuis mais intensos do que seria possível ser, a barba por fazer. Seu corpo também estava diferente, deve ser por isso que não o reconhece quando o vi, os ombros estão largos e a jaqueta justa nos braços, mas o que mais me chamou atenção foi seu semblante, esse não era o mesmo Marcos que deixei na formatura. Esse Marcos eu não conhecia, seu olhar era desafiador e tentador, sua postura era ousado e autoritário me arrepio um pouco.

-Beca –ouço no fundo dos meus pensamentos uma voz parecida com a do Lincon. –Rebeca!

-O que? – falo me dando conta da realidade.

-Senta um pouco. – ele diz apontando para uma poltrona.

-Claro. –engulo em seco arriscando da mais uma olhada para Marcos que ainda me olha enquanto Mendy praticamente se joga no seu colo. Puxo meu sobretudo para cobrir melhor meu pijama.

Droga! Deveria ter vestido algo.
Tento por varias vezes não ficar encarando ele, mas é quase impossível, quero olha-lo mais, quero reparar o que mais mudou nele, quero ver um pequeno  vestígio que seja do que um dia achei que tinha.
Lincon sentou no braço da poltrona impedindo minha visão.

-Você está bem com isso? –ele diz quase sussurrando.

Aceno em sim.

Ele me dá um sorriso gentil em resposta, mas sei que ele me conhece bem demais para acreditar nisso.

Quem eu quero enganar?

      Depois de quase meia hora esperando lá aflita, por Milissen, me sentindo sufocada e observada por Marcos me levanto e começo a andar de um lado para o outro, essa tensão toda esta me mantando.
Eu odeio hospitais, o cheiro, o silêncio fatal, a falta de informações... Preciso sair daqui.
Já passei muito tempo nesses prédios. É como se fosse uma fobia.

-Preciso respirar um pouco. –falo para o Lin em um tom que só ele pode ouvir.

-Quer que eu vá com você?

-Não, - dou um sorriso para dizer que vou ficar bem. –Fica aqui, eu volto logo e qualquer noticia vou estar com meu celular.

-Está bem. Cuidado. – deposito um beijo no rosto dele antes de sair.

Assim que atravesso as portas grandes de vidro respiro o mais fundo que consigo e solto o ar.

Finalmente.

Encontro um banco que fica ao lado de uma árvore e me sento nele.

     O silencio era diferente do que estava lá dentro, aqui sinto uma certa paz e consigo organizar meus pensamentos. Olho para o céu que está enfeitado com todas as estrelas visíveis, eu sempre suspirava ao olhar para elas. Um sorriso espontâneo surgiu nos meus lábios.

-Por  favor Deus que Mili fique boa. –faço uma pequena prece.

   Fecho os olhos e respiro fundo o ar gelado da noite, assim que abro os olhos olho na direção das grandes portas de vidro do hospital e vejo uma silhueta robusta demais para ser Lin. E acendendo alguma coisa, ele leva a o que acho ser fogo até próximo a boca e ao longe consigo ver a fumaça sair com ele abre a  boca. Aquele só podia ser Marcos, e desde quando ele fuma? Ele se encosta na parede e faz várias vezes a mesma coisa, coloca o cigarro entre os lábios, e solta o ar.

Esse de fato eu não conheço.

    Pouco tempo depois que eu observo ele lança um olhar para onde estou, engulo em seco e não consigo desvia o olhar. Mesmo sabendo que talvez ele estivesse me vendo meu corpo gela e sinto um olhar penetrante lendo minha alma. Viro o rosto torcendo para que ele não perceba que sou quando arisco olhar novamente ele não está mais lá.
Solta a respiração que não percebi que prendia.

O que foi isso?
É como se eu sentisse medo e ao mesmo tempo ficasse fascinada.

  Uma coisa eu sabia. Se Marcos Mils ficar por perto eu iria ficar o mais longe possível dele.

Espero mais um pouco antes de voltar para dentro do hospital.

Assim que chego no corredor Lincon me recebe.

-Oi, eu ja estava indo procurar você, o médico acabou de dizer que ela vai ficar bem e que podemos vê-la. - ele diz com voz mais tranquila de quando cheguei.

Um alívio se instala em mim.
Apesar de tudo, eu gostava muito de Milissen, ela é como uma irmã, e é minha melhor amiga, costuma pensar que é a única além de Lincon.

-Como ela está? Você já a viu? Eu quero ver ela. - falo espontâneamente.

-Ou...Ou. Calma, vamos ver ela sim, mas pensei em deixar Marcos ver ela primeiro, afinal ele é irmão dela.

-Claro. -digo pouco satisfeita.

-Vem, vamos esperar com os outros. - ele passa o braço em volta dos meus ombros e caminhamos até a sala de espera.

Lincon era um ótimo amigo gay.

Riu com o pensamento.

Simplesmente  um Amor   Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora