Simplesmente um Amor Vol.2

Capítulo 3

Marcos
Quatro meses atrás  

Eu caminho descalço até a varanda do quarto e acendo um cigarro. Observo o horizonte do mar ao longe, se tornando tão pequena por conta da distância que estamos.
  O ar frio sopra e sinto meus poros arrupiarem-se, o que não me incomoda apenas faz com eu sinto satisfação ainda mais por estar em silêncio e sozinho.

Dou várias tragadas em meu cigarro sentindo a tranquilidade que isso me da.

Ouço um barulho e quando olho o quarto escuro vejo a silhueta da loira que se mexe deitada sobre a cama.

Decido ficar mais um tempo tragando meus cigarros e admirando a beleza noturna do caribe.

Um mês atrás...

-Olá Mili. - Falo assim que ela atende o celular. - Como você está?

-Marcos, - ela diz aparentando euforia. - Quanto tempo você não me liga. Onde você estava? Estou morrendo de saudades. Mamãe não para de pergunta todas as vezes que nos falamos aonde você está. Quando você vai voltar para casa? Ela se preocupa...

-Mili, Mili... - interrompo seu interrogatório- Calma, está tudo bem, não se preocupe já liguei para ela e expliquei tudo, precisava falar com você agora. Também estou com saudades. -confesso.

-Está bem, mas o de você está?- ela insiste.

-Bem, em vários lugares, mas estou exatamente em Washington, cheguei a pouco tempo nos Estados Unidos.

-Quero saber de tudo. Você não ligava, me deixava preocupada e ficava imaginando o que aconteceu ou onde você estava...- ela não para de falar nunca.

   Reviro os olhos para suas infinitas palavras.

- Bom, mas o que queria falar comigo ?- ela pergunta finalmente.

-Enfim, eu conversei com a mamãe e decidi que vou para Los Angeles começar meu curso. - digo, e todo o ruído que vinha do outro lado some. - Alô? Alô?  Milissen, esta me ouvindo?

-Por que decidiu isso agora?- ela é direta.

-Cansei das viagens.

-Mas por que quer vir justamente para Los Angeles?

-Achei que ficaria feliz, - Não sinto emoção em sua voz. - Afinal estávamos nos dando bem , finalmente, muito bem antes das minhas viagens.

-Claro, e eu estou. Mas sabe que tem pessoas aqui que não vão ficar tanto quanto eu. - imagino de quem ela está falando. - Mas, espera, não irá fazer a mesma faculdade que a minha também, não é?

-O que faz você pensar que não? - sou irônico.

-Marcos... - ela diz com tom repreensível.

-Já sei, já sei. Vou tentar me comportar. Só não prometo nada.

-Você continua o babaca de sempre. - apesar da ignorância sinto um tom cômico  em sua voz.

-Garanto que melhorei esse título. - riu- OK.  Próximo mês estarei aí,  preciso resolver umas coisas antes de tudo.

-Marcos... - ela diz antes que eu desligue. - Bom... As coisas com ela estão indo bem, não apareça aqui e estrague tudo.

Fico tenso no mesmo instante. E engulo em seco.

-Tchau Mili. Amo você. - e desligo a chamada.

Meu cérebro começa a vasculhar lembranças que eu evitava até agora.