00: Prólogo.

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Torre Weather

Norte de Galens Ferry

O som dos animais estava alto essa manhã, podia ser alguma mudança climática mas ele não sabia ao certo. John era guarda florestal, Galens Ferry possuía muita vegetação e por mais que a cidade fosse isolada das grandes cidades dos Estados Unidos, ela possuía muitos incidentes florestais todos os anos. A 9 anos atrás as queimadas estavam tão intensas que foi necessário implantar duas grandes torres na cidade, uma delas era onde John morava e tinha uma visão privilegiada de toda a cidade. A outra pertencia à Arya uma mulher também guarda florestal. A torre de Arya era menor e ficava mais isolado da cidade, e tinha um teleférico que ligava a torre ao lado de fora da cidade, mas era usado apenas em casos de emergências.

— Alô, alguém na escuta? Câmbio. — O som saiu do rádio que ficava localizado exatamente no centro da mesa de John.

John fingiu não ouvir e se contorceu na pequena cama localizada aos fundos da torre.

— Eu sei que você está aí John. Câmbio. — Era Arya da outra torre tentando estabelecer contato, mas o sono adentrava no corpo de John fazendo-o colocar o travesseiro por cima das orelhas.

— Eu preciso que você olhe o céu. — Arya soava diferente das outras vezes que conversaram. Era um tom preocupado, porém brincalhão come ela sempre era, eles já estavam trabalhando juntos por dois anos e foi a primeira voz que John escutou a voz de Arya assim. Isso foi o suficiente para fazê-lo levantar.

John levantou com um salto, estava de pijama e não se importou. Andou em direção ao rádio e pegou o comunicador levando-o a boca, e apertando o botão.

— Bom dia. — John esfregou os olhos com a mão que não estava segurando o rádio. — O que está acontecendo? Câmbio.

Arya não respondeu de imediato, John foi até a janela e observou a torre de Arya com o binóculo, ela estava parada na "varanda" observando o céu.

— Os animais estão sentindo algo. — Ela finalmente voltou para dentro da torre e o respondeu. — O céu está muito negro, câmbio.

— É só uma chuva. — John se arrependeu de ter levantado da cama por isso, sua expressão era de raiva, mas sua voz estava suave. — Volte para cama. Câmbio.

— Não. Câmbio, desligo. — Sua resposta foi imediata e severa, pelo binóculo, deu para perceber que Arya descia as escadas da torre com seu chapéu na cabeça e uma camisa típica de guardas florestais.

John se distanciou do rádio e fez suas higienes no minúsculo banheiro da torre, vestiu sua roupa (que eram as mesmas de Arya tirando que as suas eram de homem e eram um pouco mais robustas que de Arya) que obrigavam-nos usar. Ele andou em direção da porta, pegou seu chapéu, que ficava na mesa do rádio, colocou, fechou a porta com a mão direita e começou a descer as escadas da torre.

Mercado da Família Lewis

Centro comercial de Galens Ferry

James nunca foi muito fã de chuvas ou tempestades, quando ele sentiu uma sombra cobrir a cidade e o estrondo do trovão irromper pelas janelas até tocar seus ouvidos ele sentou em posição fetal atrás do balcão do pequeno mercado da família Lewis.

— Não tem o que temer, amorzinho. — Era sua mãe, Andrea. Ela estava sentada em um banco que também ficava atrás do balcão. — Eu sei que você tem medo, mas é só algo passageiro.

O sino tocou, isso indicava que alguém havia entrado no mercado, Andrea se virou rapidamente ao pensar que era um cliente mas murchou ao perceber que era na verdade Adam o irmão mais velho de James.

— Oi mãe. — Ele havia acabado de chegar do trabalho e estava com a chave do carro nas mãos. — Onde está James?

Andrea mirou com seus olhos para o chão e Adam veio para perto, segurando James no colo fazendo-o se acalmar.

A família Lewis não era rica, muito pelo contrário. O mercado não ia bem, Adam recebia pouco. O único melhor trabalho era o do pai, que trabalhava em um escritório. Porém eles viviam bem, Adam tinha o próprio carro e o pai a própria moto, Andrea não gostava de dirigir e James não possuía idade suficiente, com apenas 6 anos.

O vento aumentava na estrada, algumas folhas (que caíam das árvores) voavam pela estrada e também algumas latas que voavam dos lixos.

O sino da porta toca novamente, dessa vez era o pai. Ele segurava o capacete da moto na mão e também a chave da moto, entrou com uma cara de assustado e posicionou o capacete no balcão.

— Desculpe James. — Ele começou a fechar as portas e as janelas. — É uma tempestade, e das grandes.

James choramingou baixo ainda no colo de Adam, um raio caiu no horizonte fazendo um trovão alto irromper pelas janelas. A pequena placa que dizia "aberto" para os clientes que vinham de fora, agora dizia "fechado".

Centro da Meteorologia 

Sul de Galens Ferry

A sirene vermelha tocava a todo vapor fazendo sons de alarme, algo estava acontecendo. Maya mexia no computador furiosamente, ele observou o céu e viu a grande nuvem. Mas os monitores não captavam nada.

— Merda, merda, merda. — Ela socava a parede, não entendia o que estava acontecendo.

Ela parou de socar a parede. A sirene havia parado de tocar, os monitores captavam algo agora. Ela se aproximou do monitor, estava soando. As nuvens em cima de Galens Ferry não mexiam, estavam paradas sobre a cidade. A cor azul mostrava que as nuvens eram extremamente densas e extremamente perigosas.

— Por que ela não se mexe? — O suor escorria de sua testa, ela pensou que era problema no monitor. Uma tempestade daquela magnitude devia se mexer, não rápido. Mas deveria mexer. Ela pegou um notebook velho e empoeirado e começou a monitorar por lá também. O silêncio reinava, a tempestade não se mexia, estava parada.

— Uma tempestade dessa magnitude e ninguém nos falou sobre ela. — Algo estava errado, Maya sentou na cadeira observando a pequena sala de Meteorologia. Maya é a única trabalhando neste dia, todos os outros mais experientes estavam de folga, como os monitores não as captaram antes?

A tempestade mexeu nos monitores, um milímetro. Um aviso apareceu na tela, Maya estava tonta, não atuava bem sob pressão e quando seus olhos finalmente focaram no monitor, lá estava escrito: "Acionar o alarme de emergência, tempestade com poder de destruição nível 5".

Maya caiu da cadeira, correu até a porta e saiu da sala, precisava de ar. Ao abrir a porta, ela viu a nuvem negra pairando sob a cidade ela tampava extremamente o sol, havia apenas um fiasco de luz entrando pelas nuvens. Maya correu para dentro da sala e pegou o telefone, digitou alguns números e levou o telefone a boca.

— Prefeitura de Galens Ferry, no que posso ajudar? — Disse uma secretaria com uma voz extremamente suave.

— Estou aqui no centro de meteorologia... — Maya nunca terminou de transmitir o recado, o telefone havia parado de funcionar.

A TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora