Capítulo 21

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Christopher

As lágrimas já desciam pelo meu rosto, eu estava perplexo com tudo que Dulce acabara de dizer. Não estava preparado para ouvir aquelas palavras. 

Durante toda a semana esperava que houvesse um momento em que Dulce pensaria sobre o que aconteceu e toda a dor que eu a causei e que ela me odiaria a ponto de nunca mais querer me olhar na cara. E aqui estava eu agora, parado. E Dulce estava em meus braços chorando, me abraçando forte. Virei seu rosto em minha direção e a beijei.

Céus! Os últimos dias foram um inferno porque a todo instante estava na minha cabeça a ideia de que eu iria perdê-la. Na última vez que a vi eu tinha agido como um ogro, agido como já vi meu pai agir com a minha mãe várias e várias vezes. Eu não quero ser esse tipo de cara e eu não sou. Embora tenha agido como um, até agora estou tentando entender o que aconteceu comigo para agir daquela forma. Depois de quebrar muito a cabeça me lembrei da minha infância, onde sempre ganhava brinquedos caros e presentes caros, mas nunca ficava feliz, porque tudo que eu queria que os meus pais me dessem era atenção e mendigava isso deles. Reconhecimento.

E inconscientemente projetei isso na Dulce quando ela rejeitou o meu presente e agira com ela exatamente como meus pais agiram comigo. Foi errado, eu sei. Mas foi assim que eu aprendi. Foi assim que eu vi a vida. E isso me assustava, me amedrontava.

- "Dulce me perdoe, eu prometo que aquilo nunca mais se repetirá"; - quando no separamos por alguns segundos para tomarmos fôlego me desculpei.

- "Por favor não faça de novo, eu fiquei com muita raiva do que você fez, mas você não é esse tipo de cara Christopher, eu sei que não"; - ela disse fazendo carinho no meu rosto e eu a beijei novamente.

- "Eu não sei o que aconteceu. Eu pensei muito sobre isso e acho que agi assim porque era exatamente da forma que meus pais sempre agiram comigo quando eu não parecia gostar dos presentes que eles me davam"; - expliquei. Não como se o que eu tivesse feito houvesse alguma explicação, mas porque desde que começamos a namorar eu jurei que sempre falaria sobre os meus sentimentos para ela. Seja quais fossem.

- "Ucker, não é que eu não tenha gostado do seu presente. A casa é incrível, eu só achei que foi um pouco exagerado e não preciso disso tudo. Depois de sentir ódio de você por ter machucado meu braço, busquei todas as formas do mundo de te entender e só consegui sentir saudades."; - ela falou me olhando doce. - "Olha, eu te amo Ucker, e senti tanto medo de te perder. Como eu disse, eu exerço sobre você o mesmo que você exerce em mim e nós não estamos sabendo lidar com isso de forma madura, mas eu acho que o melhor seria se aprendessemos juntos. A gente já superou tanta coisa, eu só não quero te perder"; - os olhos de Dulce estavam cheios de lágrimas e eu não resisti e me aproximei para beijá-la outra vez.

- "Nós vamos aprender a lidar com isso, eu vou me esforçar. Eu quero tentar tudo Dulce, todas as coisas, pra desfazer o que eu fiz. Sei que não posso apagar aquele momento infeliz, mas posso te proporcionar muitos outros momentos incríveis que lhe farão esquecer do quanto eu fui imbecil"; - falei. Ela aproximou os lábios dos meus e me beijou mais uma vez.

- "Você me faz muito feliz"; - ela disse colando o nariz dela ao meu. Aquele nariz tão perfeito que parece que foi desenhado.

- "Você também me faz feliz. E eu não quero que a gente não dê certo por culpa nossa. Por culpa minha. Seria trágico demais aceitar que não fui bom o suficiente para conseguir manter a nossa relação. Eu sou capaz de qualquer coisa por você"; - achei que estava sendo muito romântico e sexy, então fiquei confuso quando Dulce reagiu ao que eu falei caindo na risada. - "Falei alguma coisa engraçada?"; - perguntei.

- "Eu pensei em Mai e Christian. Eles tem aquele tal de Derick no meio deles, ultimamente é só por conta desse Derrick que eles tem brigado, mas eu e você só temos nós mesmos em nosso meio e se a gente não der certo eu que não vou aceitar perder para mim mesma"; - eu começei a rir também. Dulce tinha cada ideia, cada pensamento, que por mais incoerente que eles possam parecer, todos tem uma base bem fundamentada de probabilidades.

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