"Sim Juliano, você sempre imaginou que chegado a hora de ser pai, você olharia paulatinamente a barriga da Lucrécia crescer, enquanto nas tardes, já cansado do trabalho, vocês dois se deitariam no leito de suas camas. Lucrécia repousaria do esforço de respirar por dois, e você solidário á sobrecarga de trabalho de sua mulher, mesmo com as pálpebras cerrando-se pelo sono, esforçar-se-ia para contar ao seu filho histórias de dormir."
Mas era preciso reconsiderar os planos.
O sonho de serem pais não precisava morrer por um entrave genético. Aquela semente que dias atrás havia surgido no solo de seus pensamentos, começava timidamente a ser regada.
Existia a adoção.
Juliano não conhecia bem todos os processos jurídicos que envolviam a questão, somente sabia que era trabalhoso. Isso o desanimava em partes. Mas ele sempre havia tido um espírito proativo, e por este motivo, esquivou-se dos pensamentos negativos e abriu o navegador do seu Notebook para sondar as opções que o Google lhe oferecia.
Perdendo-se rapidamente em todas as janelas que se abriam no seu computador, foi sendo levado pelo mundo dos Hiperlinks, até pousar finalmente sobre uma informação pertinente.
Encontrou o site do Cadastro Nacional de Adoção.
O processo exigiria dispêndio de tempo e até mesmo de dinheiro. Ele precisaria procurar a Vara da Infância da sua cidade, encaminhar documentos, e em dado momento mondar uma petição judicial para ser aprovada por lei.
E isto era só uma parte pequena do processo. Ele sentiu os nervos da boca esticarem-se em expressão de bocejo. Queria fechar os olhos, descansar do peso das últimas notícias e de todo o estado de embaralhamento no qual se encontrava o seu cérebro - depois de passar quase todo o dia contabilizando expressões no Excel; ossos do ofício. Olhou no relógio. Ainda faltava uma hora para o final do expediente. Emergiu-se de sua concentração encontrando refúgio nos detalhes rotineiros do ambiente.
Observou a cor vermelha da máquina de café que captava a vista, mesmo que ele apenas tivesse perpassado um rápido olhar pela sala.
Juliano só pode pensar que os responsáveis por aquela máquina eram espertos demais, ou os seus gestores eram estúpidos demais. Talvez os dois. "Por que raios colocar uma máquina de café vermelha? Isso só vai chamar mais atenção!" E de fato chamou.
Mecanicamente embalado pelo magnetismo do aparelho, se levantou da cadeira e dançou no ritmo lento do seu cansaço até a cafeteira. Pegou um expresso longo, para suportar a última hora restaste de sua carga de trabalho.
Neste dia, no escritório ele estava só, e embora não fosse de proletar as suas responsabilidades, aquelas páginas abertas contendo várias informações, exerceram sobre ele uma atração intensa. Então ele cedeu a ambas as distrações, enquanto bebericava o líquido quente que lhe reaviva o calor do corpo, à medida que ia lhe chamando a atenção para a sensação de calor, até então não notada, sua mente ia também se elevando a temperaturas de alta atividade.
-them|:
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Assunto de Crianças
RomanceUm casal harmônico. Ele engenheiro, ela professora. Tudo flui, menos o pequeno obstáculo da esterilidade do casal. Entre conversas e pensares, Lucrécia e Juliano começam uma caminhada na direção da adoção, mas as coisas não serão tão simples assim...