5 - RESISTA!

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Esmeralda

Medo.

Medo era a sensação que me descrevia naquele momento. Não sabia o que fazer, o meu corpo pedia por socorro, a minha mente gritava por Deus e pedia que ele me protegesse do que viria a acontecer. Estava bastante machucada e aterrorizada. Beatriz me aguardava lá embaixo e eu tremia muito. Lembro-me bem que caminhei até o pequeno banheiro que havia no quarto, abri a torneira deixando a água cair e encarei o meu reflexo no espelho. Visivelmente estava acabada, também haviam marcas por todo o meu rosto, minha boca, em um canto estava cortada e mais abaixo, no pescoço, havia a marca de cinco dedos, cinco malditos dedos que aquele homem cruel deixou em mim. Não haviam mais dúvidas, tinha sido abusada sexualmente, Renato havia feito uma crueldade comigo e por pouco não tirou a minha vida.

Caminhei até debaixo do chuveiro, não derramei uma gota de lágrima, naquele momento eu precisava ser bastante forte pra encarar a senhora Beatriz de frente e buscar uma saída. Enquanto a água caia pelo meu cabelo, respirei fundo e tentei buscar uma solução para fugir após a possível conversa que teria com ela. Até aquele momento não entendia como ela me encontrou naquele lugar, nem eu sabia como tinha chegado até lá...

Mesmo com dores na minha genitália não deixei de tentar limpar-me. Usei um resto de sabonete que havia em uma saboneteira antiga encostada na parede. Estava devastada!

Saí do banheiro, sequei-me e coloquei novamente o meu pijama que estava rasgado em algumas partes, haviam também manchas de sangue em alguns lugares. Respirei fundo e caminhei em direção a porta. Lembro-me perfeitamente de como caminhei amedrontada pelo corredor. Estava de fato em uma espécie de motel. Quando cheguei próximo ao fim do corredor um homem grande e bastante forte surgiu, era um dos seguranças que protegia a mansão dos Napoleão, eu o conhecia, mas nunca tive intimidade  e muito menos tinha falado com ele, por isso me tremi instantaneamente e minha tensão aumentou.

- Não grite, não faça nenhum tipo de escândalo e não tente fugir. Siga-me! - disse o homem enquanto me pegava de modo bruto pelo braço.

Ele me arrastou por outro corredor, descemos uma escada longa e no final, abriu uma porta. Era um estacionamento, grande, mas com apenas dois carros que reconheci imediatamente. Um preto e imponente, que era utilizado pela senhora Beatriz e outro que não reconheci. O segurança me lançou brutalmente até ela e por pouco não cai no chão, estava fraca.

- Você vai prestar bastante atenção no que eu vou dizer, negrinha. - Falou aproximando-se de mim. - Não quero que me interrompa e cuidado com o que pode fazer. Se está pensando que pode escapar de nós, está bastante enganada. Ouviu bem?- Disse Beatriz de forma rude e gélida.

- Ss... Sim, senhora. - Era impossível não gaguejar na frente dela.

- Ótimo! - Falou enquanto começava a andar à minha volta, lentamente. Aquela mulher era assustadora! - Eu tentei ser muito, mas muito boa para você, garota. Te dei a chance de ter o que comer, de ter aonde morar e ainda fiz um ato de caridade ao aceitar mais uma mulher de cor e favelada como você dentro da minha casa. Dei liberdade para uma mulata conviver com a minha família e limpar o chão que nós Napoleão pisamos. Você tem noção da grande oportunidade que você recebeu na vida? - Disse bastante próxima ao meu rosto, o seu hálito parecia congelar a minha pele, a sensação era de que fosse me degolar a qualquer momento.

- Sen... Senhora... - Tentei dizer.

- CALE-SE MULATA DE MERDA!! CALE-SE! COMO VOCÊ OUSA INTERROMPER-ME? - Gritou enquanto fechada a sua mão em meu pescoço, no momento só pedi mentalmente à Deus para que ela não me matasse. - QUANDO EU FALO, VOCÊ SE CALA. ENTENDEU?? TENTE ME INTERROMPER NOVAMENTE QUE EU DEGOLO SEM PENA ESSE SEU PESCOÇO IGUAL OS MACUMBEIROS DA SUA ESPÉCIE FAZEM COM AS GALINHAS. - As minhas lágrimas insistiam em querer cair, mas com muita resistência consegui segurar. - Quando eu recebi um telefonema no meio da noite do meu filho, falando o que tinha feito contigo, a minha vontade era de matar aquele imprestável de merda! Você sabe a decepção de uma mãe ao saber que a sua cria passou a noite com uma crioula fedorenta igual a você? Digo, nenhuma mulher poderosa, da elite, aceitaria essa hipótese terrível. Renato me disse o que fez contigo e pediu ajuda... Ajuda! - Riu com escárnio. - Aquele bastardo faz as suas merdas e depois joga tudo no colo da mamãezinha... devia ter abortado aquele projeto de gente quando tinha tempo, se eu soubesse que iria ser tão desprovido de talento para os negócios eu mesma teria enfiado um ferro pela minha vagina e tirado aquela bosta do meu útero... - Disse mais para ela do que para mim.

ATEMPORAL (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora