A batida da canção

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A história a seguir é inspirada na qual minha Bisavó costumava me contar na infância:

Era uma vez uma menina muito bonita, que vivia com sua cachorrinha em uma casa simples de fazenda. Ela desejava muito poder encontrar um grande amor, casar e formar uma família.

A cachorrinha era sua grande parceira. Amiga de anos, acompanhava a dona em todo canto. Nunca a deixava na mão.

Um certo dia, o coração da menina bateu mais forte ao ouvir o som de batida na porta quando já estava indo dormir. Imaginou ser um dos moços bonitos que havia encontrado no mercadinho pela manhã.

Mas antes que ela tivesse chance de abrir a porta, ouviu um canto vindo de seu quintal:

"Ela já lavou, ela já ciou. Volte amanhã que nos falaremos."

Era sua cachorrinha.

A menina não podia acreditar que sua melhor amiga havia tirado sua grande oportunidade com o amor.

No dia seguinte, bateram novamente em sua porta e sua cachorrinha, novamente, cantou a canção. A menina ficou completamente irritada e matou a pobre e velha cachorrinha.

Então no dia seguinte, ao contrário do que a menina esperava, a cachorrinha não deixou de cantar. Mesmo morta, cantou a mesma canção ao escutar as batidas na porta.

Isso se repetiu dia após dia, enquanto a menina tentava se livrar do corpo da cachorrinha. Ela enterrou, decapitou, incinerou, e nada. O animal continuava com sua canção.

Até que um dia, a menina jogou as cinzas no rio e deixou a correnteza fazer o trabalho.

Anciosa, a menina aguardou as batidas na porta. E quando finalmente as escutou, prestou atenção e...

Nada.

Esperou mais um tempinho e...

Nada.

Sendo assim, ela foi até a porta. Quando abriu, se deparou com um grande monstro faminto que a devorou no mesmo instante. A menina sequer teve tempo para o arrependimento.

Bom, parece que esse era o motivo pelo qual a cachorrinha tentava impedir a dona de abrir a porta. Pobre animal, desafiou a ganância humana.

As pessoas são egocêntricas. Cuidado em quem você confia. Acho que essa pode ser a moral da história.

Interprete como quiser.

M.Carolina B.Ribeiro

Uma História Nada Clichê  #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora