O Fantasma

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PUTA QUE PARIU! CADÊ A PORRA DO BILHETE?!. Primeira coisa que eu pensei. A segunda foi nas pessoas que poderiam ter pêgo. Foi uma lista curta. Como Laura estava sumida, a única pessoa que tínhamos que falar era Matias. Saímos do dormitório naquela mesma noite e fomos em direção à casa do professor. Chegando lá, descemos rápido. Está tudo apagado. Batemos e batemos na porta. Matias desce, abre a porta com cara de sono.
- Gente o que vocês estão fazendo aqui? - perguntou com voz de sono.
- Você deve saber muito bem o que a gente faz aqui, marica - Otávio falou, entrando na casa num empurrão.
- Desculpa meu amigo, preciso conversar contigo. - disse para Matias, encarando-o.

Matias então deixa a gente entrar. A casa estava do mesmo jeito. As suspeitas estavam todas no professor. Seria ele o homem estiloso?. Que ele se vestia bem ninguém podia negar. Ana, Otávio e eu insistimos e insistimos em acusá-lo, contando que o bilhete havia sumido e que só podia ter sido ele.

- Ei, gente, parem de me acusar. Estou dormindo faz umas duas horas. Eu sou mesmo o único suspeito? Pensem melhor. O que eu mais fiz foi ajudar. - disse Matias.

Cessamos fogo. Senti confiança no que ele falou, ele podia mesmo não ser o único suspeito, afinal, falei quase tudo sobre Laura na cafeteria para os meus colegas de quarto. Conversamos com ele e recebemos uma proposta: Matias iria nos ajudar contanto que parássemos de acusá-lo. Aceitamos, ele só queria fazer parte do time. Saímos da casa, Matias precisa dormir.

● ● ●

Já é o quinto dia do desaparecimento de Laura. Uma Quinta-Feira chuvosa como todas do mês. Estávamos com pressa. Além de saber quem havia roubado o bilhete, também precisávamos saber quem era o homem estiloso. Não podia ser só alguém que se vestia bem. Tinha que ter ligação com o ocorrido. Buscamos na página do facebook de todos que foram na festa, postagens e marcações. Analisamos o mais estiloso da festa. E não encontramos. Ninguém estava vestido para causar, e sim, mais informais. Buscamos e buscamos, até que encontramos uma pessoa nas fotos, e essa pessoa andava com Alina pelo o que podemos perceber.

Entramos na área de Alina, quase sempre próxima a cafeteria, com suas abelhas operárias a dispor da rainha. Andamos até a garota com a foto no celular.
- Ally, tem um minutinho? - Falou Ana, ela não queria causar má impressão.
- Ah.. o que que vocês querem, hein? Tá, mas fala rápido! - Alina respondeu com um tom de má vontade.
- É que a gente viu uma pessoa numa foto com você. A foto é do dia da festa, a gente achou ele um gatinho, e tava muito elegante também... poderia nos dizer quem é? - Ana explicou, num tom muito persuasivo.
- Ahh, sim! O Carlos. A gente conheceu ele na festa, ele não falou muito sobre ele... - Disse Alina, se interessando pelo assunto.
- E você sabe aonde ele fica? - Otávio perguntou com pressa.
- Infelizmente, não. Nem da faculdade ele é. A gente procurou ele nas redes sociais que ele disse que tinha e não achamos nada. Ele é praticamente um fantasma. - disse Alina.

Fudeu! Já estávamos perdidos com todos os mistérios que envolviam encontrar Laura e o bilhete que sumiu. Agora tínhamos que encontrar mais alguém. Estava cada vez ficando mais difícil, já era o quinto dia e nada. Precisávamos com todas as nossas forças saber quem era o homem estiloso que acompanhou Laura até seu carro minutos antes de ela desaparecer. Deixo Ana e Otávio com Alina, preciso de um ar. Vou caminhar por aí.

Andando nos caminhos do campus, vejo uma pessoa de costas nas margens da floresta, ruiva, de estatura parecida com a de Laura. Corro até ela. Entro na floresta atrás da menina que poderia ser Laura. Não a encontro. Vou andando mais e mais para achá-la. Seria só uma imaginação da minha cabeça? Um fantasma?. Chego perto da ponte. Vejo que tem algo no chão, no meio da ponte. É um papel. Um bilhete. Mais um bilhete?. Não podia ser!. Leio, com atenção nas maiúsculas:
" Cansei de você, Um dIa eu até aceitava você não me achar, agora.. cinco Dias? Antes que eu me esqueça, Deixe tudO o que voCê sabe de mim para trás. Eu nãO leMbro mais de QUando a gEnte se beijou pela priMeira Vez. Ontem eu sonhei Com vocÊ. Chamei e chamei pOr alguém que tiNha que me esquecer, parar de procurar numa tentativa Falha. um dIA você entenderá...
P.S: fui eu quem pegou o bilhete, não se preocupe, e não conte para ninguém o que você entender daqui. eu mereço isso. "

Esse bilhete estava mais para uma carta. Entendi ela de duas maneiras. Um pedido de Laura para deixar esse assunto para lá, e, ao mesmo tempo, analisando as maiúsculas, "C-U-I-D-A-D-O C-O-M Q-U-E-M V-O-C-Ê C-O-N-F-I-A", percebi um pedido de atenção. Precisava me ligar mais nas pessoas à minha volta antes que fosse tarde. Mesmo assim, nenhuma pista do homem estiloso.

Após essa leitura, eu não podia voltar para a cafeteria. Não podia confiar em ninguém além de mim. Mesmo me confortando com a "invasão" cometida com uma moradora. Estou muito feliz, eufórico. Laura estava viva, eu preciso encontrá-la. Ela precisa me explicar as coisas, e eu precisava ajudá-la.

Vou andando pelo caminho de volta, estou indo para a minha casa agora. Passo na frente da casa de Matias, a luz do segundo andar está acesa de novo, mesmo sem ele estar presente. E dessa vez, tem um homem elegante parado em frente a sua porta. Como se esperasse alguém sair, ou só pensando em entrar mesmo. Seria ele o homem estiloso? Carlos, o fantasma? Preciso saber, vou até ele.
- Ei, quem é você? - cheguei com uma coragem inexistente antes.
- Oi, sou Carlos. Já esperava conhecer você. - Disse ele, calmamente, sem parecer muito nervoso com o que estava acontecendo.
- Você tem algo a ver com a luz do segundo andar? Tem mais alguém com você? - perguntei, querendo muito saber.
- Pra falar a verdade, tem. Mas não sei se vocês estão prontos para conversar. Sinto os dois muito mal resolvidos. - respondeu, sempre em calmaria.

Começo a me indignar. Conheci o moço agora e já estava com vontade de socar sua cara com tanta calma. Gente muito calma costuma me irritar. E, ele até então era um fantasma. Ninguém sabia nada sobre ele, mas ele parecia saber tudo sobre mim, com um olhar muito estranho - e isso que ele devia ser uns dois ou três anos mais velho que eu. Noto movimentos na casa. Alguém desce as escadas. Escuto passos vindo até a porta, sem poder ver quem é. E a porta se abre. Carlos fica confortado, estava com vontade de ir embora. E eu, fico sem saber o que fazer, o que falar. Como abordar. LAURA! ERA LAURA! Ela não estava mais sumida, e estava parada na minha frente. Mas sim, ela estava diferente. Mais confiante, destacada. Conseguia ver seu ódio de longe. O ódio teria algo a ver com o professor Matias? Não entendo mais nada. Fecho meus olhos. Perco a consciência.

Onde Está Laura?Onde histórias criam vida. Descubra agora