Capítulo 6.

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Acordei morrendo de sede. No minuto em que abri os olhos, percebi que ainda era noite. A luz do luar refletia na cortina branca do meu quarto. Um vento frio se estendia ali, cheguei a cobrir meu pés. Levantei-me cambaleando pra fora da cama quando ouvi passos pesados vindo por trás de mim. Fiquei imóvel e não virei. Eu havia dormido com a janela aberta, mas não havia muita violência no meu bairro, nem assaltos.

Devia ser um gato. Pensei. Continuei a andar, quando ouvi outro passo. Dessa vez me virei.

- Bú! _ Peter se encontrava com um moletom de capuz preto e calsas pretas. Ele tinha o estilo super gótico, assim como os meus. Mas... o que Peter fazia ali? De madrugada?

- Sabe que horas são? _ perguntei, ainda assustada. - São quatro da manhã! Não devia estar em casa, tendo uma noite tranquila?

- Queria ver se você estava bem.

- Ah, e não passou pela sua cabeça que a porta ou as janelas poderiam estar trancadas? - disse de uma maneira ríspida.

- Eu te acordaria. - brincou e riu. E pela primeira vez desde ontem, eu tinha visto um sorriso dele. Mostrando os dentes regulares e brancos. O cabelo castanho estava bagunçado e ele não era magro e nem gordo. Era, na verdade, bem musculoso.

- Eu não acordo fácil. - falei séria.

- Mais uma coisa para adicionar na lista de coisas-que-eu-descobri-sobre-Jennie. - ele disse pausadamente. Eu ri e ele me olhou. Seu olhar estava preso ao meu, e seus olhos brilhavam ao luar. Desviei.

- Pode ir embora, afinal, sei me cuidar. Não preciso de outro pai. - falei. Ele fingiu ter levado um soco e deu um tchau no ar. Fui a cozinha e bebi um copo de leite. Não sei porque, mas algo me dizia que ele não acordou só para vir me ver. Ele não faria isso. Espulsei aquilo da minha mente e voltei a dormir.




     Meu celular tocou no bolso na hora do almoço. Estava eu, Ester, George, Lucas e Peter, rindo de uma piada que Lucas contava. Ester ainda estava espantada com a prisão do meu pai na noite anterior. Todos olharam para mim esperando eu atender. Era minha tia, irmã de minha mãe.

    - Oi, tia Jenna! - atendi.

    - Fiquei sabendo da prisão do seu pai. Como você está, meu amor? - ela perguntou com piedade. Eu não sabia se estava completamente bem, mas estava me sentindo livre.

   - Estou bem. É estranho.

   - Ele batia em você e você nunca me disse nada? Tem noção disso? - ela falava com desespero na voz.

   - Eu sei. Mas agora já passou. Estou...bem. - falei. - Depois passa lá em casa pra gente conversar. Sinto sua falta.

   - Acho que vou morar com você. O que acha? - ela ficou animada. Pensando bem eu adoraria que ela morasse comigo.

   - Mas e sua casa?

   - A gente vende. A sua é melhor. Querida depois a gente fala disso. Meu chefe bonitão não para de me paquerar aqui. - eu ri. Ela era tão divertida. Tia Jenna era uma mulher jovem, com trinta e cinco anos, ruiva e linda. Até demais. Depois que desliguei, percebi que eu estava fora do assunto deles. Era sobre... mim.

   - Ei, parem! - falei brincando. - Tia Jenna vai morar comigo. - falei a novidade. Ester abriu a boca.

    - A sua tia divertida, engraçada e tudo de bom? - assenti.

    - E gostosa? - George perguntou e Ester revirou os olhos. Ele riu pra ela e lascou um beijo em sua boca . Sorri com o gesto. Senti um solavanco no meu pé. Um solavanco leve.

    Peter tinha me cutucado com o pé.

    - Que foi?- perguntei pra ele ao meu lado.

    - Que foi o quê? - ele sorriu de gracinha. Ele estava brincando comigo. Revirei os olhos pra ele e me levantei pra ir ao banheiro.

1.Atraída pelo seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora