Capítulo 2.

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     O passar das aulas foram tediantes. Eu só tinha uma aula em comum com meus amigos. Cálculo. No almoço, sentamos em uma mesa ao ar livre. O sol estava brilhante, mas uma brisa gelada passava pela cidade. Minhas bochechas rosadas ficaram mais rosadas ainda, escondendo algumas de minhas sardas que só tenho na região da bochecha. Igual à minha mãe.

     Peguei minha merendeira. Havia trazido um sanduíche natural feito à mão por mim e leite gelado na garrafa térmica. Se eu não tivesse me atrasado, faria algo melhor. George e Ester vinham de mãos dadas. Eles namoram há 3 anos e são um exemplo de casal para mim. Desde à oitava série eles se gostavam, mas nenhum dos dois admitiam. Eu e Lucas que demos um empurrãozinho.  E sempre fico de vela pro Lucas e muitos caras que ele já ficou. Já eu, nunca namorei, é só beijei um cara na vida, arranjado por Lucas e Ester na festa de despedida de verão, na nona série.

    -- O que minha ruiva preferida está pensando? _ George e Ester disseram em coro. Eu ri.

    -- Tenho que contar algo para vocês. _ falei e eles se sentaram. Olhei em volta. _ Onde está Lucas?

    -- No refeitório. _ Ester respondeu.

    -- Então, espera ele chegar. _ dois minutos depois, Lucas estava à mesa me encarando junto com George e Ester.

    -- Diga! _ os olhos verdes de Ester arregalaram-se.

    -- Sabem o Peter Grenne, aluno novo? _ perguntei para eles.

   -- Sei, ele faz aula de biologia comigo. _ Ester disse.

    -- Não tenho aulas com ele, mas sei quem é. Um gato pra caramba. _ Lucas disse. Todos rimos.

    -- O Sr Path me pediu para ajudar ele no conteúdo de química. Começo a ajudar ele hoje, depois da aula. _ os três não tiveram reação. _ Vocês me entenderam?

    _ Sim. _ eles responderam em coro.

    _ Ele tem cara de bad boy. _ Ester observou. George e Lucas concordaram. Era porque ele era. _ Ele vem aí. _ segui o olhar de Ester e vi  Peter procurando lugar. Laila, uma das líderes de torcida, loira oxigenada, chamou Peter, mas ele recusou. Laila fez uma careta e fechou a cara. Nós rimos. Até ele encontrar meu olhar. Ficou uns três segundo com o olhar fixo em mim, até olhar para os outros membros na mesa.

     _ Convida ele para sentar conosco, boba. _ Lucas me cutucou.

     _ Ei, Peter. _ chamei-o. Ele voltou o olhar para mim. _ Venha sentar com a gente. _ ele veio. Sentou- se ao meu lado e deu a primeira garfada na torta de carne.

    _ Sou Peter. _ ele disse depois de engolir.

    _ Sou George. Essa é minha namorada, Ester. _ George se apresentou. Ester se cumprimentou.

    _ Sou Lucas. _ Lucas falou. Peter olhou para cada um. Como se estivesse testando eles. Depois parou o olhar em mim.

    Abri meu sanduíche e comi. Depois de ter terminado e termos conversado sobre um bocado de coisas com Peter, o sinal para a próxima aula bateu.




      Depois de sair da última aula, me dirigi para a saída. Meu celular vibrou no bolso da calsa. Era meu pai. Atendi, trêmula.

    _ Alô...? _ minha voz saiu falhada

    _ Garota, eu perdi a hora! _ ele gritou ao telefone. Tremi. Não disse nada. _ Jennie! Saia dessa porra de escola e venha direto para cá. _ desliguei o celular. Minhas mãos tremiam e estavam suadas. Mordi o lábio inferior tão forte que senti gosto de sangue. Me segurei para não chorar. Minha respiração estava ofegante e eu senti que estava ficando quente. Corri para o banheiro. Corri o mais rápido possível. Lágrimas já desciam pelo meu rosto.

    Senti alguma coisa me puxando, vi que era Peter.

     _ Por que está chorando? _ ele perguntou. Eu não conseguia respirar. 

    _ Eu... Espera... Agorinha... _ não dava para respirar! Respirei fundo. _ Agorinha te encontro na saída. Preciso... fazer uma coisa...

     _ Tudo bem. _ ele me soltou. _ Certeza que está bem? _ fiz que sim com a cabeça. Fui para o banheiro e vomitei no vaso sanitário. Não tinha forças para levantar. Eu estava enjoada, com medo, tremendo. Com esforço, me levantei e lavei meu rosto.  Saí do banheiro e dei de cara com Peter. _ Você está pálida.


    _ Eu sei. _ minha voz estava fraca e rouca. Via o meu pai me batendo, na minha cabeça. Meu corpo arrepiava.

    _ Você está... tremendo. Quer me dizer o que houve? _ ele perguntou.

    _ Não. _ falei pra ele. _ Vamos estudar.

1.Atraída pelo seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora