Uma carona para o passado.

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           Eu achava que a vida de adulto era algo simples até finalmente alcança-la. E sinceramente ela é uma droga. São seis horas da manhã e não encontro forças para levantar da cama. A noite de meninas que não teve nada de meninas foi um completo terror, quer dizer para mim, que tive que me vestir com um casulo para parecer forte diante do cara que simplesmente abala minhas estruturas. Abri a boca e disse com todas as letras que não me importava com o que tivemos , e ele pra tentar parecer inatingível inventou um suposto encontro. Felizmente, mulher é um ser muito esplendido e que sempre tem contatos , e os meus me avisaram que o Vítor ficou por bastante tempo apenas de frente a um prédio, até que Henrique e Bernardo aparecessem.

         Não consigo entender o problema das pessoas em serem diretas, em lutarem pelo que querem ou de permanecerem umas na vida das outras. Sente saudades ? Procure. Ama ? Diga. Quer um abraço ? Peça. Porque há essa necessidade de se disputar desprezo ?Porque sentimos a necessidade de estar perto de alguém e não há buscamos ? E porque quando uma das partes busca é rejeitada pelo outro ? Porque perdoar pesa tanto em nossos corações ?E até quando isso vai ficar nos matando aos poucos ? Gradativamente um pouquinho a cada dia...

            Se Vítor tivesse chegado aqui e dito'' Hey Jú como senti sua falta , eu conheci tanta coisa , tenho tanto para dividir com você (...)'' as coisas teriam sido diferentemente incríveis.Não importava para mim quantas bocas ele havia beijado nessa viagem ou coisas do tipo, minha alma só precisava que ele se fizesse presente agora que aqui estava,afinal abri a porta da minha vida para ele novamente. E sinceramente achei que ele fosse fazer bom uso dessa chance ao passar da entrada , pensei que fosse me contar tudo e soltar aquele sorriso de menino liberto que ele tem, mas ele simplesmente preferiu ter uma crise de ciúmes , ou de posse, não sei distinguir exatamente. Seria eu algo de valor ou apenas um troféu que um grande jogador sente-se ameaçado em perder ?

-Você não pode ficar o resto da vida nessa cama .-Mabi fala puxando minha coberta.

-Como ir estudar Psicologia quando eu mesma estou precisando de um psicólogo ?-Pergunto sentando-me na cama.

-Ele mal chegou e já te abalou por inteira não é ?-Mabi senta-se ao meu lado e me envolve em um abraço.Tento evitar a resposta.- Suas atitudes tem oscilado entre '' não quero saber dele e quero saber dele '', você precisa dar um tempo a si mesma. Admitir que gosta de alguém não te torna mais fraca, e nem imatura. –Minha amiga diz.

-Meu medo não é ser imatura , meu medo é sentir dor.-Digo.

-A minha amiga, você não percebe ? Só o fato dele estar aqui já faz seu coraçãozinho doer. –Mabi afirma e fico em silêncio esperando ela continuar. –Converse diretamente com ele, sem esse negocio de orgulho diga que sentiu saudades , a sinceridade é libertadora. Não adianta você negar a si mesma o que se nota a quilômetros . Olhe se você notar que não é reciproco, não se deixe abalar,pegamos um pote de sorvete e pronto seguimos em frente. Vítor é um garoto incrível mas também é muito estranho ,fazer ele se abrir é algo extremamente difícil , a única pessoa que consegue isso é o Henrique, e levando em conta as coisas que conseguir extrair do meu namorado, esse fotografo tá bem perturbado , ele acha que não encontrou mais o que deixou. –Mabi sorri encerrando suas palavras.

- Então garota exper em relacionamentos ...-Digo com ár de brincadeira sabendo que minha amiga quase não namorou. – O que devo fazer ? –Questiono.

-Primeiro levantar o traseiro dessa cama. –Ela sugere.

-E depois ?-Pergunto.

-Ir pra faculdade garantir o futuro , trabalhar para ganhar dinheiro pra termos o que comer. –Ela apontou para a barriga .- E por ultimo mas não menos importante falar com o Vítor.-Nós duas rimos. Era incrível como Mabi conseguia me animar com tudo. Não sei como seria minha vida sem minha melhor amiga. Provavelmente meus dias seriam de dor, fico imaginando como deve ser a trajetória dessas pessoas solitárias, não ter ninguém pra contar os segredos , pra consolar , pra dar puxão de orelha e acima de tudo pra não te julgar.

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