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Saí de Shangai para Seul, meu segundo ano da faculdade foi incrivelmente diferente. Cultura nova, gente nova. Na verdade fui transferido, pra ser mais exato.

No meu primeiro dia, já tinha a consciência de que iria ser evitado como todo calouro. Enfim, tentei me esforçar, ainda mais sozinho em outro país.

Acordei cedo como sempre fiz, uma rotina monótona, calma e tranquila. Saí no horário, tenho nervos não ser pontual. Peguei minha bicicleta que era um pouco enferrujada e pedalei até o colégio.

Lá havia tanta gente e era tão grande que me espantei. Era uma universidade para intercâmbios e transferências (para estrangeiros). Todos uns diferentes dos outros, sem seguir padrões, etnias e nacionalidades distintas. Animei-me por completo. Uma das regras que deveriam ser seguidas à risca, era não fumar; em hipótese alguma, em lugar nenhum. Era proibido. Achava ridículo esses idiotas que eram taxados como descolados por fazerem coisas de descolados e estragarem o próprio corpo.

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Astrologia

doutrina, estudo, arte ou prática, cujo objetivo é decifrar a influência dos astros no curso dos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas, em suas características psicológicas e em seu destino, explicar o mundo e predizer o futuro de povos ou indivíduos; uranoscopia.
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Eu amei mais do que tudo, durante minha vida inteira, astros e seus conceitos. Meu vício era olhar as estrelas no meio da madrugada, desenhá-las num papel negro com lápis de cor branco; já cheguei a enxergar galáxias pequeninas nas partes mais profundas das pupilas de gente que cruzava comigo na rua ou em qualquer outro lugar.

Aquela faculdade não era igual a nenhuma que eu já havia visto. Ninguém parecia se sentir livre para demonstrar afeto, relevei e escolhi acreditar que eram todos novos.

Após apenas dois dias de aula, já ouvia nomes sendo cochichados pelos corredores, boatos se espalhando e coisas ilícitas sendo feitas. Só pude pensar: "Sicheng, não seja babaca. Ninguém vai entrar no seu caminho, nem um grão de areia sequer. Foque. Foque".

Nakamoto Yuta. Japonês, de Osaka, "bad boy", tinha milhares de garotas no pé dele, era do 2° ano também, fazia aulas de astrologia e sua carteira ficava próxima à minha. Ele me deixava entediado, não sei como nem porquê faziamos a mesma faculdade; isso era algo extremamente deplorável para mim. Estudar astros, planetas, o universo era um assunto delicado e exigia muita filosofia e estudo. E pra Yuta, que aparentemente, era um folgado e irresponsável, seria inviável dele ir bem em mais três anos que viriam.

No dia seguinte descobri algo, Yuta fumava; descobri pelo telefone-sem-fio e vi alguns restos de cigarro espalhados e jogados no chão. Eu o vi entrar atrás de algumas árvores, que por acaso fica numa parte que eu nem sabia que existia daquela universidade. Segui-o por curiosidade e, talvez, dedurá-lo. De primeira pensei que estivesse com alguma menina, mas não. Sozinho.

- Ei!? - o bad boy murmurou num tom alto, como se tivesse sentido a minha presença e me esquivei para trás de um arbusto denso de flores lilás.

Ele continuou a caminhar até que se sentou em uma pequena mureta de tijolos. Tirou de seu bolso um pacote de cigarros e um isqueiro. O japonês começou a fumar de forma que certamente as pessoas acham atraente, mas eu... nem que ele estivesse fumando um cigarro de ouro eu me sentiria atraído por aquele ato. Eca. Cigarros.

Eu não queria ser tratado por x9 justo agora que estou conhecendo pessoas novas, então tratei de retirar-me dali. Estava saindo discretamente, na pontinha dos pés, mas... decidi dar uma última olhada antes de estar fora dali por completo, e... "ué? cadê o viciado?" mal deu muito tempo de pensar e meu corpo foi jogado contra a parede de tijolinhos que havia perto às árvores, pude ver o nosso querido e tão falado fumante. Um semblante que julgo hilário podia ser visto em seu rosto e eu só soube arregalar meus olhos.

- O que faz aqui? - perguntou junto à leves risadas, esse garoto é um tanto irônico. Sabia que estava encrencado. Ficou parado uns 10 segundos me olhando nos olhos e esperando uma resposta, mas a única coisa que pôde ouvir foi meu longo e desesperado suspiro de calouro. - Não ouse me dedurar, eu sei que você viu! Caso a diretoria ficar sabendo de alguma coisa... - fez um sinal de faca no pescoço e eu assenti rapidamente.

Quando Nakamoto saiu dali pude sentir minhas pernas bem semelhantes a gelatina que comi ontem após a janta, senti meu almoço todinho voltar para boca e meu cérebro fazer um loop dentro da minha cabeça.

- DONG SICHENG, O QUE HÁ COM VOCÊ? FICAR ESPIANDO OS OUTROS É ERRADO! ÓBVIO QUE VOCÊ IRIA SE DAR MAL! - gritei para mim mesmo, pois sabia que não havia ninguém por perto e queria liberar aquela angústia do momento.

Depois de tudo aquilo, voltei para sala e ignorei os olhares ameaçadores de Nakamoto o resto das aulas.

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capítulo topzero zik4, espero que tenham curtido*-*

eu particularmente A M E I

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cigarettes  ೃ✧ yuwinOnde histórias criam vida. Descubra agora