O Pesadelo part. 1

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Tudo começou quando eu nasci.

Meu pai não gostou de mim desde o primeiro segundo em que me viu, e descontava tudo em minha mãe.

Minha mãe. Eu não me lembro dela, pois, quando eu tinha apenas quatro anos, meu pai a matou, e ainda conseguiu forjar o assassinato fazendo parecer um suicídio. Ela não tirava fotos e nem saia de casa por conta dos hematomas, e tudo isso eu fiquei sabendo graças ao meu irmão, que, cinco anos mais velho que eu, sabia que se ficasse contra nosso pai seria pior.

Com quatro anos eu perdi o carinho, amor, segurança e a única pessoa que me proporcionava isso e muito mais. Desde então eu passei a sobreviver, pois mesmo que eu não fizesse nada ao meu pai ou ao meu irmão, eu era espancado, menosprezado, não me davam comida sempre e não sei nem como meu pai ainda me colocou numa escola, talvez para ficar mais tempo longe de mim.

Durante anos me acusavam de ser o culpado pela morte de minha mãe, e de tanto ouvir eu acreditei, e isso atormenta minha cabeça todos os dias.

Certa vez, ao voltar da escola, encontrei um gato que me olhava como se desejasse ser meu, e de certa forma eu também queria muito ter aquele bicho comigo, era estranho, mas ao chegar em casa meu pai não aceitou "aquilo", como ele chamava, dentro de casa, me disse que ja estava de saco cheio de mim, e com um discurso egoísta, horrível e miserável me expulsou de casa, quando eu tinha apenas 13 anos. Talvez também tenha sido minha culpa.

Eu comecei a dormir em bancos de rua, e nunca abandonava o meu gato. Roubava comida para poder sobreviver, mas sempre conseguia água em bebedouros de praças e parques, assim não me desidrataria. Às vezes passava mais de semana sem comer nada, e parei de frequentar a escola por vergonha da minha situação.

Passava dias chorando sozinho, porque me sentia culpado, mas o que eu fiz?!

De vez em quando, eu encontrava minha antiga "família" nas ruas, mas eles fingiam não me conhecer e me ignoravam totalmente.

Certo dia, eu estava dormindo e fui acordado por uma moça que aparentava não ser muito velha, simpática, dócil mas estranha que me ofereceu abrigo e alimentação, e no meu desespero eu aceitava qualquer coisa que me tirasse da rua. Ela levou eu e meu gato até um apartamento, e o mais estranho disso tudo era que ela me disse que aquilo era meu, e que só ia vê-la de novo duas vezes por mês para que ela recolocasse comida no local e arrumasse o mesmo.

Era um apartamento pequeno, mas perfeito, pois era apenas para mim e meu gato.
Finalmente eu teria um lugar para chamar de casa.

Noites Do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora