Inesquecível part. 2

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continuação

Novamente, aquela voz infantil surgiu em sua cabeça, de forma que o fazia se arrepiar por inteiro e se contorcer de dor pela intensidade na qual aquilo falava. E a partir deste momento Pietro se arrepende de tudo o que já fez desde sempre.

A voz dizia:

-A CULPA É SUA, PELA SUA FALTA DE IMPORTANCIA E POR SUA FUTILIDADE! VOCÊS FIZERAM A ESCOLHA CERTA, PREFERIRAM SOFRER, E EU VOU ME DIVERTIR MUITO COM TUDO ISSO!
Não foi preferência minha, mas obrigado por me beneficiar.
Farei muito bem o meu trabalho, e você não precisará esperar, meu querido!...

Cada palavra dita era uma nova tortura tanto física quanto psicológica muito forte e estranha.
Até que ele desmaiou.

Ao acordar, em sua cama no seu quarto, com uma dor enorme de cabeça, lembrou de tudo o que aconteceu mas ligou o ocorrido com um sonho.

Por ter dormido tanto, já eram 19:21. Seus pais já deveriam ter voltado do trabalho, então nem estranhou muito o fato de ter ido dormir no sofá e acordar na cama, pois mesmo nessa idade eles ainda eram acostumados a fazer isso com ele.

Desde sempre, Pietro foi um livro aberto com seus pais, mesmo eles não ajudando muito por não se importarem tanto, mas ele se sentia bem sendo ouvido por alguém.
Resolveu então que iria descer para falar sobre o seu dia e sobre o seu sonho esquisito com eles, mas em todo o percurso que levara para ir de seu quarto até o primeiro andar da casa, onde ficava a cozinha, salas de jantar, de jogos, de visitas e de estar, e até mesmo o quarto de seus pais entre outros comodos, ele não ouviu barulho algum a não ser o que vinha dele, e foi então que começou a sentir medo... ao estar sozinho.

Ele verificou tudo e chamou por eles por toda a casa, até mesmo na parte de fora do lugar e no quarto de sua irmã, mas não houve nenhum sinal de ninguém ali.
Até que ele entrou novamente em seu quarto, e de novo se arrependeu de um ato feito por ele naquele dia, pois, agora, em sua frente, estava ali de forma aterrorizante a sua mãe dilacerada e sangrando de todas as formas possíveis.
Estava obrigado a ver a cena por conta da sua falta de auto controle causada pelo pânico que o fazia ficar paralisado.

Cenas passaram por sua cabeça e lágrimas correram por seus olhos. Confusão, arrependimento, angústia e sofrimento era o que ele sentia. Havia sido ele quem causou isso tudo.

Lembrança
-Sua mãe chega com seu pai, e eles parecem estar brigados. Sua mãe com raiva e seu pai triste por algo que Pietro não sabe o que é. Mas, estranhamente, nada importa mais. Convivência, respeito, sentimentos, momentos ou vidas, e só sente ódio e raiva, por um motivo que não ficou tão claro.
Então, numa tentativa de acabar com isso, ele começou a chorar para chamar a atenção de sua mãe e a levou para o lado de fora da casa dizendo que a diria tudo quando chegassem lá. Mas ao chegarem lá, ele lembra que não estava mais no controle de si, mas que se estivesse, naquele momento, com os sentimentos que sentia, não teria hesitado em fazer o que fez.
Observou que atrás dela havia uma faca, e intencionalmente uma história que a faria sentir pena dele saiu por sua boca, e ao ela
o abraçar, Pietro pegou a faca e a enfiou primeiramente em sua costela, fazendo-a ficar imobilizada, onde ele terminou o trabalho, deixando-a jogada no mesmo canto em que morreu. - Fim da lembrança

Ele conseguiu finalmente se mexer, mas não conseguia gritar, apenas chorar. Aquilo explicava o que acontecera, porém não explicava como ela foi parar em seu quarto. Mas teve uma ideia ao olhar para o seu lado, onde estava aquela boneca, olhando para ele ainda com seu rosto maligno.

Foi então que, outra vez, aquela voz voltou, mas de uma forma mais grossa e maligna, ainda não deixando a essência de criança, com uma risada maléfica que o paralisou e o amedrontou ainda mais do que a cena de sua mãe.

A voz então disse:

-Eu sei que você lembra, Pietro, e você sabe que isso será, para sempre,...

inesquecível.

Então ele apagou outra vez.

Noites Do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora