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Olhar para Jane me causava náuseas.

Eu literalmente estava passando mal ao analisa-la. Não queria e não desejava ver minha mãe tão cedo em Londres e muito menos na casa do meu melhor amigo em minha busca.

Eu nem sequer sabia se continuaria a chamando de "mãe" porque pelo que ela havia feito para mim não merecia mais aquele título.

Em partes eu me sentia culpada pelo fato de estar a ignorando e a desejando longe, mas também me sentia enfurecida e decepcionada com tudo que ela e meu pai tinham feito.

E ali estava ela.

Com suas roupas simples e o cabelo loiro amarrado com um prendedor de fios, me analisando com pesar. Seu cenho estava franzido no que parecia dor e ela engolia em seco cada vez que me estudava.

Estávamos as duas no meu quarto porque Jason tinha pensado que era melhor que conversássemos ali devido à presença de Erick, Evan e Sasha. Eles eram os únicos ali que não conheciam verdadeiramente Jane Holdings.

— O que você quer? — cuspi, sem ressentimento algum. — O que faz aqui? Como me encontrou?

— Minha filha...

— Eu não sou a droga da sua filha.

Jane que tentava se aproximar, cessou seus passos. Sua boca estava entreaberta e mais uma vez ela me analisou da cabeça aos pés provavelmente se perguntando do meu novo visual.

— Nós precisamos conversar.

— Conversar sobre o que? Sobre você ter praticamente me prostituido? — ergui a sobrancelha em insatisfação. — Sobre você, Trevor, Nate, nunca ligarem para meus sentimentos? Sobre terem quebrado meu coração? Ok, vamos falar sobre isso. Você tem dois minutos.

Cruzei meus braços, batendo meu pé com frequência no chão. Eu sentia raiva e ao mesmo tempo desequilíbrio. Ainda me sentia mal fisicamente. Era como se Jane sugasse minha energia. 

— Eu errei, mas eu tenho uma explicação para isso. — ela tentou mais uma vez, deixando lágrimas rolarem por suas bochechas. — Eu não sabia no início, filha. Seu pai me disse somente após você vir para Londres.

— É mesmo? E o "Tudo que eu e seu pai fazemos para você é para seu bem." no aeroporto? Pode me explicar a parte boa de tudo isso? Ah é, a grana! Vocês conseguiram vários dólares enquanto me prostituiam.

Mais lágrimas rolaram por suas bochechas e ela negou com a cabeça. Eu sentia que ela estava nervosa e talvez triste, mas não me deixei levar. Não naquele momento.

— Eu amo você, meu amor.

— Eu dispenso seu amor, Jane. — gritei com raiva, sentindo meus olhos encherem de lágrimas. — Eu não quero a droga do seu amor. Você veio aqui para que? Quer dinheiro?

— Não, eu...

— Eu faço o depósito do quanto você quiser, mas suma daqui. Eu não quero ver você.

Ela limpou as lágrimas do seu rosto e soltou um soluço ao negar com a cabeça de novo. Eu não conseguia me comover com seu teatro.

— Eu não quero seu dinheiro.

— Engraçado porque há meses atrás era tudo que vocês queriam.

— Seu pai estava endividado no poker, filha. Eles estavam ameaçando tirar nossa casa, nós precisávamos pagar.

Sorri com amargura ao falar:

— Conseguiram a casa e perderam uma filha.

ENVOLVA-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora