"Desculpa o atraso, não vou conseguir chegar a tempo... Prometo que te recompenso para a próxima!!!" Henrique.
Não podia acreditar... Nem sequer se deu ao trabalho de me ligar! Não compreendo o porquê de ter insistido que eu viesse e nem sequer apareceu. Tento sempre esforçar-me ao máximo para o agradar e mesmo assim não é suficiente. Estou cansada, tanto psicologicamente como fisicamente. Cada vez mais me sinto como algo que ele consegue controlar nas suas mãos e não tenho qualquer poder sobre mim. É frustrante!
Ouvi o meu nome a ser chamado, estava demasiado concentrada nos meus pensamentos para lhe responder.
"Carolina." pronunciou de novo calmamente.
"Desculpa, estava no mundo da lua."
"Deu para reparar" riu, "Bem, gostei bastante desta noite. Espero que possamos vir a repetir noutro dia..."
O meu coração acelerou neste momento. Eu tinha namorado (idiota, mas tinha) e ainda assim aceitei jantar com um desconhecido. No que é que eu estava a pensar?
"Sim, um dia destes havemos de repetir." As palavras fugiram da minha boca como se tivessem vida própria.
O Diogo sorriu. Foi um sorriso sincero, daqueles que aquece o coração.
"Fica com o meu número. Quando quiseres diz alguma cena."
Ele continuava a ser apenas o rapaz que me salvou de uma grande humilhação, mas lá no fundo eu sabia que iriamos ser bons amigos. A energia que ele me transmitia quando olhava para mim era tão boa, já não sentia algo assim desde que conheci o Henrique. O ambiente simplesmente purificava e parecia como se pudesse fazer qualquer coisa. Era de facto um sentimento libertador. De qualquer das formas, aceitei o seu número e dei-lhe o meu telemóvel.
"Põe um nome que eu consiga reconhecer." Pedi. O frio já se fazia sentir, estava uma brisa gélida que fazia a minha pele arrepiar quando entrava em contacto com esta.
"Vais como para casa?" Ele perguntou de repente após me devolver o telemóvel. "Queres que te leve?"
"Não é preciso, eu chamo um táxi ou assim. Não precisas de te preocupar."
"Eu insisto. Por favor, deixa-me levar-te a casa."
O caminho para casa foi calmo. O sono já se fazia sentir nos meus olhos, os meus pés doíam dos saltos que usava e o meu corpo estava mole, como quem já não se aguentava em pé de tão cansada que estava. A música que passava não era o meu género, mas não era má. Talvez fosse fácil de me habituar a ela se a ouvisse constantemente. Em 15 minutos chegamos a minha casa, mal posso esperar para me deitar na minha cama.
"Estás entregue." Dava para notar o cansaço nos seus olhos também. "Não te esqueças qualquer coisa diz."
"Obrigada pela companhia mais uma vez, eu não me esqueço." Disse dando um risinho tímido no final.
Lar doce lar. Desci dos meus saltos e tirei o meu vestido, um bom banho era aquilo pelo qual mais ansiava neste momento. A água quente tocava na minha pele enquanto cantarolava uma música. Fechei os olhos e lembrei-me do Diogo.
Nunca durante a minha relação com o Henrique me tinha sentido tão feliz. Ele nunca me deu aquela atenção em que eu sentisse que realmente importava, ou que estivesse a fazer o mínimo de esforço. Talvez devesse repensar a minha vida e quais as pessoas que nela devem ficar, não que queira algo com o Diogo, mas porque a relação em que estou neste momento se está a tornar tóxica para mim. Já está na altura de me pôr em primeiro lugar e fazer as coisas por mim.
Olá, espero que estejam a gostar! Beijinhos.
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Caroline
Hayran Kurgu"Há todas as razões boas para eu não gostar de ti, menos a de eu gostar, porque gosto." Fernando Pessoa © Copyright 2017 Todos os direitos reservados.