CAPÍTULO 3 - PRÓXIMO PASSO

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Acordo com Murphy gritando:

— Chay! Não tem café nessa casa? — Ele sempre fica irritado sem sua cafeína matinal.

Eu pisco, ainda sonolenta. Ele está andando de um lado para outro em nosso quarto. Seu cabelo é uma bagunça e ele fica extremamente sexy roçando a barba.

— Eu não bebo café — balbucio.

— Mas eu sim! — Acende um cigarro.

Bufo.

— Você chegou ontem, Murphy. Como eu poderia imaginar?

Levanto-me da cama, nua. No cabide do closet, pego um vestido curto azul-marinho e abro a gaveta para procurar uma calcinha.

— O que vai fazer?

Olho para ele ajeitando as mechas de cabelo que caem sobre meu rosto.

— Comprar o café — Viro de costas para que ele suba o zíper do meu vestido.

— Vou com você.

— Espere apenas eu dar um jeito nisso aqui — gesticulo apontando para meu rosto. Odeio sair sem maquiagem.

Olho meu reflexo no espelho e sorrio. O velho Murphy está de volta. Já estava sentindo falta de seu mau humor pela manhã. Eu senti tanto a falta dele. Agora que está aqui, quero aproveitar cada segundo.

Assim que termino, o procuro pela casa e o encontro na sala, vasculhando as gavetas do aparador antigo perto da porta.

— Estou pronta.

— Cadê as chaves do carro? Só encontrei essa aqui — ele balança a chave extra da casa.

— Na minha bolsa.

— Eu dirijo — Ele faz questão de impor.

Saímos e como previsto, Murphy me encara.

— Mas que porra é essa? — Ele aponta para o carro. — Te dou uma grana alta e você compra essa merda de carro? — Conclui dando um tapa no capô.

— Eu gostei dele — dou de ombros. Sabia que ele implicaria.

— Isso é um lixo! Vamos comprar outro.

— É um carro, Murphy. Um Saturn modelo 2002. Veja, tem teto solar — Tento fazer graça, mas ele entra no carro, calado.

— Tem combustível pelo menos?

— Relaxa, Murphy. Eu estava aqui sozinha. Não queria chamar atenção. A casa não é tão boa para ostentar um carro luxuoso como o que tínhamos em Londres. Temos que ter cuidado.

Ele me olha feio, mas não diz nenhuma palavra a mais.

— E por falar em tomar cuidado, conseguiu se desfazer de todas as nossas coisas antes de vir?

— Não deixei nada para trás. Tudo o que tínhamos foi vendido e o dinheiro foi para aquela conta que abrimos.

No trajeto até o supermercado, conversamos sobre Londres e como foi a defesa no caso Peter.

— Eu não queria que ele morresse — desabafei.

— Nossa sorte é que aquele velho não tinha família, apenas um filho bastardo que mal te conhecia.

— Sim.

— Pegamos foi pouco daquele otário. Se eu soubesse que ele iria morrer daquele jeito, teria dito para você fazê-lo passar mais alguns bens para o seu nome.

Perfeita Ilusão - DEGUSTAÇÃO - ESTEVE COMPLETA ATÉ DIA 03/02/2019Onde histórias criam vida. Descubra agora