Perfeita Ilusão - DEGUSTAÇÃO - ESTEVE COMPLETA ATÉ DIA 03/02/2019

CAPÍTULO 6 - O JOGO

Se algum dia alguém me dissesse que eu pagaria uma grana alta, por dois ingressos na melhor seção, para ver qualquer time de futebol americano jogar, eu teria um acesso de riso. E nem é só pelo dinheiro, é que eu acho um saco ver um bando de homem correndo pra lá e pra cá.

— Se anima, Chay! — Murphy sorri, extasiado. Uma gritaria geral toma conta do estádio Raymond James. Eu nunca havia entrado num estádio antes. E, o que me surpreende, é o enorme navio pirata que eles ostentam no estádio. — Magnífico, não é? — Vejo todos gritando, ensandecidos, quando o Buccaneers e o Pats entram em campo. Parece uma festa. Faz calor hoje. O relógio marca 12h55.

— O jogo demora muito? — Sinto-me presa nessa maldita cadeira. Um shopping é mais interessante do que isso.

— Depende. Só algumas horas.

— O que? — grito, abismada. — Mentiraaaaa!

— Relaxa, querida. Será tão bom que mal verá o tempo passar — Cai na gargalhada. Alguma coisa me diz que ele está curtindo com a minha cara. Cruzo meus braços, irritada.

O jogo começa.

Eu não entendo bulhufas.

— Está vendo o camisa 12? Aquele é David Henderson.

Apenas observo. Graças a obsessão de Murphy, descobri que David tem apenas 30 anos e é considerado um dos melhores quarterbacks da Liga Nacional de Futebol.

— E qual é a função dele?

— Ele é simplesmente o cérebro do time. O líder. Responsável pela organização das jogadas ofensivas, faz passes e distribui as bolas. Está vendo aquele outro cara perto dele?

— Sim.

— Ele é um jogador de ataque. Fica posicionado ao lado dos guards. Responsável em bloquear os defensores vindos pelos lados, proteger o quarterback e abrir espaço para corrida.

— Nem em sonho eu vou decorar isso — brinco.

— É bom ir se acostumando, por que em breve, estaremos bem próximos a ele — dou um sorriso fraco.

Pego meu celular do bolso enquanto Murphy vibra com cada passe de David. Se eu não o conhecesse, até acreditaria que é seu fã número um.

No site de busca, digito David Henderson, e desta vez, corretamente. A foto dele aparece. Ele é bem bonito, e o que chama mais atenção é seu sorriso tímido e as covinhas nas bochechas. Nas informações ao lado da foto consta uma pequena biografia. Nascido em 3 de abril de 1987, em Sudbury, Massashusetts. Filiação: Joanne Palmer Henderson e Brett Henderson. Irmã: Eva Henderson. Sem filhos e sem cônjuge. Nada sobre noiva ou namorada. Desligo o celular e tento prestar atenção no jogo.

— Touchdown! — Ouço gritos ensandecidos. A torcida do Patriots vai a loucura.

— O que aconteceu? — Cutuco Murphy.

— Foi um touchdown! — Ele vibra.

— Isso eu escutei. Mas que diabos é isso?

— É uma pontuação. O jogador precisa cruzar a linha, entrando na endzone adversária sem ser obstruído. É como se fosse um gol marcado no futebol, só que o touchdown vale 6 pontos.

— Então isso é ótimo!

— Simmmm — ele ri.

— Não sabia que entendia tanto desse esporte.