CAPÍTULO 5 - O ALVO

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O som do disparo da arma e um grito ensurdecedor, ecoam em minha cabeça, ruidosamente. A dor é simplesmente esmagadora.

Acordo bruscamente, com a sensação de estar sufocando em meu próprio vômito, olhos arregalados e puxando todo ar para os meus pulmões.

— Ei! — Sinto as mãos de Murphy sobre mim. O quarto na mais completa penumbra.

Entro em pânico. É como se estivesse sufocando. Levo a mão acima do peito, e toco minha cicatriz. A luz do abajur clareia o quarto. Olho no relógio, 3h da manhã. Minha cabeça está latejando.

— Chay, o que foi?

— Eu preciso de um pouco de água.

Ele me olha desconfiado.

— Tá. Vou buscar.

Ao voltar, ele pergunta:

— Teve um pesadelo?

Balanço a cabeça.

— Às vezes sonho com aquele dia... Do tiro.

Ele apenas me abraça enquanto bebo minha água. Assim que termino, ele coloca o copo sobre o criado mudo.

— Precisa dormir agora.

— Isso é um mau pressentimento, Murphy.

— Chay...

— Prometa pra mim que esse será o último, e que quando terminar, iremos para o mais longe possível. Talvez para o Brasil. Eu adoraria conhecer o Brasil.

— Sim, claro. Podemos ir para onde quiser.

— Promete?

Ele me beija.

— Prometo.

*

— Chay! Chay cadê você? — ouço Murphy me gritar.

— No jardim! — grito de volta.

Murphy passa pela porta da cozinha e caminha sobre a grama, em minha direção. Continuo a estender as roupas no varal.

— Você viu isso aqui? — Balança um folheto pequeno.

— O que é?

— Uma festa em Orlando, na região central de Downtown.

— Ah, claro. A comemoração do dia dos veteranos de guerra. Nossa, já é amanhã?

— Sim. Talvez devêssemos ir. Pode ter algo interessante nesse desfile.

— Você acha?

— Talvez.

— Mas Orlando fica a mais de 1h daqui.

— Bom, se não encontramos nada, pelo menos daremos um passeio. O que acha?

— Pode ser.

— O que foi? Está estranha. Calada hoje. É por causa do sonho?

Eu pego a bacia de roupas, vazia, e caminho para dentro de casa. Murphy me segue.

— Quer falar sobre isso?

— Não estou assim por causa do sonho, Murphy.

— É por causa das coisas que te falei ontem — Não foi uma pergunta. — Olha, Chay. Sabe o quanto amo você. Mas precisa confiar em mim. Podemos fazer isso e...

— Eu não quis dizer aquilo sobre você. Eu só... Estou cansada de me deitar com outros homens quando eu só quero estar com você, já disse isso. Eu te amo, Murphy. Quero poder ter uma vida normal, sem se esconder, sem mentiras, sem esconder o nosso amor.

Perfeita Ilusão - DEGUSTAÇÃO - ESTEVE COMPLETA ATÉ DIA 03/02/2019Onde histórias criam vida. Descubra agora