<<Kurt Cobain
Percebi que Hess gostou tanto de receber as flores que me arrependi de não ter feito um buquê maior.
- Dá próxima vez vou pegar mais flores. – murmurei entrando no apartamento dela.
- Seja bem vindo... – ela disse jogando a mochila em cima do sofá.
- Então é aqui que a senhorita se esconde. – me joguei no sofá.
- Intimidade é uma droga mesmo. – ela disse colocando as mãos na cintura me olhando colocar o pé no sofá.
Sorri.
- É bonito aqui... Gostei dessa guitarra desenhada aqui no centro... – apontei para o grande carpete.
- Tá com fome? Comprei hambúrguer. – ela foi indo em direção a um balcão que dividia a sala da cozinha.
Levantei-me do sofá e fui atrás dela.
- Eu aceito... – respondi e ela tirou de dentro de uma sacola um hambúrguer e me entregou. Logo eu a vi deixar as flores num vaso ali mesmo.
- Você não vai comer? – perguntei dando uma mordida no hambúrguer.
- Eu estava com fome, mas sei lá... – ela fez uma careta e apontou para sua barriga.
- Mas que droga Amélie! – falei de boca cheia fazendo ela rir. – Você não está tomando os remédios?
- Talvez eu tenha esquecido hoje. – ela disse pegando o refrigerante e me servindo. – Você tem cigarros ai?
- No meu bolso. – murmurei.
Ela se aproximou de mim com seu jeito divertido e enfiou a mão no bolso da minha calça.
- Cuidado onde vai pegar mulher. – sorri de canto e ela deu um tapa no meu braço me fazendo rir.
- Doeu. – falei dando um gole no refrigerante.
Ela pegou o cigarro e colocou na boca.
Eu achava Amélie incrivelmente bonita, seu rosto meigo e sua voz melosa, me faziam lembrar uma criança feliz. A ruiva com sardas é baixinha, seus olhos castanhos claros me lembravam jabuticabas, uma fruta que uma vez vi num livro. Amélie é tranquila, paciente e alguma coisa me dizia que ela era muito triste também. Eu tenho que ajuda-la, eu preciso dela, e ela de mim.
Nas duas semanas conturbadas que se passaram, eu senti tanto a falta dela que talvez ela nem imagine.
Como uma pessoa pode entrar na sua vida e te dar uma paz tão grande em tão pouco tempo?
Ela pegou o isqueiro e acendeu o cigarro, então senti que a garota aliviou um pouco.
- Como está sua mãe? E a Kim? – ela perguntou.
- Não sei... – fui sincero.
Ela me olhou surpresa e deu uma tragada em seguida.
- Não sabe onde está a sua mãe?
- Brigamos... Sai de casa. – respondi simples.
Hess começou a tossir como se tivesse se engasgado com a noticia.
- O que diabos você fez? – ela questionou e jogou o cigarro na pia.
- Não quero falar disso agora. – deixei o resto do hambúrguer no balcão e voltei para a sala. Ela veio atrás.
- Kurt...
- Não. Não quero falar. – não sei se fui grosso, mas ela se calou e sentou no sofá silenciosamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teen Spirit
Teen FictionO que você faria se pudesse voltar no tempo? Amélie Hessler estava no auge de sua carreira. Suas canções alternativas encantavam o público. Hess, como era chamada carinhosamente pelos membros de sua banda não estava feliz, mas ela deveria estar. Ela...