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ʟᴏᴜɪs ᴛᴏᴍʟɪɴsᴏɴ

— Mas ele só tinha três falas! – falei para ninguém em particular, considerando que todos ao meu redor ficaram exageradamente dramáticos com o atraso de Harry para o ensaio. — Provavelmente não está com saco para vir!

— Ah é? – um cara chamado Benedict, sem brincadeira, me lançou um olhar como se tivesse acabado de perceber o babaca que eu era. Ele cruzou os braços. — E quando foi que você já viu Harry ser irresponsável?

Senti vergonha. O garoto tinha razão. Uma vez Harry me mandou uma mensagem para avisar que talvez chegasse cinco minutos atrasado, o que nem aconteceu. Não era o tipo de atitude de um irresponsável. Fui me preparar e afastando-o da cabeça, comecei a me concentrar no ensaio.

Foi bom. Se você algum dia quiser interpretar Romeu, recomendo uma dose forte de emoções. Ter passado a vida inteira vestindo uma máscara para aparentar estar bem, fazia com que na hora de interpretar cenas emocionantes eu conseguisse me entregar totalmente.

No final eu estava chorando de soluçar, mal dando conta de recitar minhas falas.

Beijei Julieta, sendo interpretada por Eleanor. Minhas lágrimas caindo em seu rosto imóvel, e em seguida toquei seus lábios com a ponta do dedo.

— Que lábios quentes!

Existe a opção de dar vida ao personagem, e existe a de utilizar a peça para extravasar suas próprias emoções. A atuação não é boa se o público não entende o que foi dito. Mas os outros pareceram discordar. A cena não tinha terminado, mas quando caí no chão sujo do teatro, ouvi aplausos. Abri um olho, um pouco atordoado e ainda no personagem. Estavam todos me olhando, me aplaudindo!

— Atuação brilhante. – Kylie falou, com os olhos marejados. — Muito bem, acho que é a primeira vez que alguem recebe uma salva de palmas espontânea.Apenas pisquei para ela. Para ser sincero, queria voltar a estar morto. Poderia passar os anos dormindo.

Peguei minha mochila para fazer uma pausa do lado de fora. Enquanto atravessava o corredor procurei meu celular, mais para impedir que alguém falasse comigo, do que por realmente querer checá-lo. Acendi a tela, dez chamadas pedidas de Zayn. Meu coração começou a acelerar, mas eu não sabia porquê.

Um barulho próximo a porta me fez levantar os olhos, mas acho que já sabia quem era. Zayn me olhou de volta de maneira desgovernada, me viu e correu.

— Porra Louis, porquê não atende o celular? – segurou meus braços e recuperou o fôlego. — Harry foi preso!

— O que? – senti o sangue pulsar nas minhas orelhas.

— Eu estava numa reunião com a mãe dele quando ela recebeu a ligação. – Zayn ficou me olhando como se esperasse que eu desse um pulo e tomasse uma atitude. Apenas o encarei, o choque deixando minhas mãos dormentes.

— Então agora ele é um criminoso, além de tudo? – engoli  em seco. Mesmo antes de Zayn dizer que era um engano eu já não acreditava que Harry fosse mesmo um criminoso. Sabia, porém, que se tratava de um mentiroso.

Zayn partiu em direção a porta.

— Vamos, precisamos ir. Eu sei onde é a delegacia em que ele está!

Enrijecendo o coração, balancei a cabeça negativamente.

— Vou pra casa.

— O que? – ele pareceu chocado.

— Não é existe mais nada entre mim e Harry. Não quero me envolver. – tive a sensação de que meu corpo estava vacilando, então plantei os pés firmes no chão e segurei a mochila contra o peito.

— Você que sabe... – Zayn falou baixinho. Estava decepcionado comigo, deu para perceber. Mas ele que o procurasse.

Eu não devia nada a Harry. Dei de ombros e assenti, e Zayn saiu correndo logo em seguida. Observei-o por um segundo, depois me sacudir e voltei para casa. Enquanto jantava, via tv, vestia meu pijama e ia pra cama mecanicamente, Zayn me ligou diversas vezes.

Ignorei todas as chamadas. Desliguei o celular e fui dormir.

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