Os Senhores dos Paralelos reuniram-se.
Por muito tempo discutirão o que fazer, Anni a Senhora da luz se apresentou como defensora de Nina, ela a conhecia melhor, era sua mestra, entre os principais Senhores estavam presentes também Rhud o do portal, Ghrates da noite, o Senhor dos mares Arnold, Finn a das matas, Alec o Senhor dos sentimentos e Mont o grande Senhor das terras pacificadas.
— O menino conhece nosso sistema foi criado tanto aqui como lá, mas a menina nunca aceitou nossos ensinamentos, ela nos repeliu, disse Ghrates, não é corajosa.
— Ora Ghrates ela não tem culpa, foi criada em um mundo inferior, Anni veio em socorro de Nina.
— Iziras também foi criado nesse mesmo mundo e mesmo assim ele acredita e aceita, vive entre nós. Disse Ghrates defendendo seu pupilo.
— Eu sei disso, ele viveu todos esses anos conosco, para ele é mais fácil aceitar, ele teve você ao lado dele enquanto a menina só teve sonhos que na realidade dela eram tachados como alucinações, defendeu novamente Anni.
— A menina teve você Anni, acusou Ghrates. — E mesmo assim não nos aceitou.
— Ela me teve por pouco tempo os remédios apagavam meus ensinamentos, vocês sabem disso, olhou para todos os Senhores presentes, em seu mundo os sonhos dela eram encarados como doença, os pais dela a levaram ao psiquiatra, lá eles são como nossas pedras saúde, eles receitaram remédios para que ela parasse de sonhar, por os pés no chão como falava o pai da menina, ela tem que ser trazida, mas primeiro tem que entender, sei que se tiver conhecimento do que pode acontecer ela vai saber escolher, disse Anni com veemência.
— Ela pertence ao nosso mundo, não pode escolher como você diz Anni, você sabe que se ela achar que esta maluca de novo vai escolher ficar lá, assim vamos nos desequilibrar e isso já se arrasta a anos, implorou Ghrates com delicadeza, e vendo que Anni não ia ceder declarou, — Isso não pode acontecer, esbravejou Por fim mostrando sua fúria no olhar inquisitório.
— Ela tem direitos Ghrates, insistia Anni. Ela o encarou com seu olhar penetrante não demonstrando medo.
— Não podemos correr esse risco, durante milênios nunca ouve nem um único problema e agora temos uma garotinha mimada que não nos aceita e ainda pode por tudo a perder, pense Anni, ela não tem direito ela tem deveres, pertence a nosso paralelo e é aqui ela tem que viver para o bem de todos.
— Deveres Ghrates, desdenhou Anni. — Temos quando conhecemos qual é nossos deveres, continuou Anni com certo desprezo na voz. — Senhores, apelou Anni, não impomos e nem interfiramos no destino de ninguém essa é a máxima de nossos paralelos e tem que ser respeitada, a menina tem direito ela será trazida e educada como um dos nossos para que ela mesma possa decidir, implorou Anni.
— Ela não é como nós, não tem coragem, defendeu Ghrates.
— Ora, ora Ghrates, parece que pra você tudo se resume em coragem, você não á conhece, nunca se aproximou dela, não ensinou nada como pode julga-la assim?
— Já chega! Disse uma voz trovejante, era Arnold, Nina é uma das nossas tem seus direitos, ela será transida educada e depois questionada.
— Não, esbravejou Ghrates, ela pode vir aprender, mas não deem a ela o direito de escolha, se ela escolher viver no paralelo Terra vamos sofrer com o desequilíbrio, Ghrates encarou cada um com seu olhar de fúria apelando ao bom senso de cada Senhor, ele viu dúvida nos olhos de seus companheiros, insistindo concluiu. — Vocês tem que pensar, o desequilíbrio pode trazer a guerra novamente, implorou Ghrates quase a beira do desespero.
— Eu o entendo, ouvi-se um som doce parecia uma brisa, era Finn, mas temos a nossa máxima é a lei mais importante de nosso mundo temos que respeita-la ou ao contrário estaremos do mesmo jeito desequilibrando, a única forma é trazê-la, encima-la e deixar que o destino se encarregue do futuro.
Rhud e Mont concordaram com a cabeça.
— Eu concordo com vocês, a menina é nossa ela será trazida, disse Rhud.
— Não, declarou Ghrates, você é o culpado disso tudo, se tivesse feito o seu trabalho direito não estaríamos aqui discutindo, apontou o dedo para Rhud que não ficou para traz.
— Esta me acusando Ghrates, esbravejou avolumando se na direção de Ghrates com os fortes punhos serrados, foi imediatamente impedido por uma forte mão.
— Parem com isso já, disse Arnold, de nada adianta essa discussão descabida, Finn tem razão, de qualquer forma estamos desequilibrados, o melhor é sim trazê-la, ensinar tudo que sabemos e esperar que ela entenda e nos ajude a equilibrar os paralelos.
— Vamos votar disse Rhud.
— Não podemos votar, arrematou Ghrates, olhou-os como se tivesse um trunfo.
— Por quê? Questionou Anni.
— Não está presente Valerios, retrucou Ghrates querendo ganhar tempo. Sua presença era muito importante nada era resolvido sem a palavra dele.
— Valerios tem um representante aqui disse Rhud. Todos olharam para Rhud, Valerios era o mais importante dos Senhores, nunca havia se ausentado de uma única reunião e isso deixou á todos pasmos, pois no calor das discussões não tinham notado sua falta e muito menos deram atenção a uma sombra sentada em silêncio no canto escuro da pequena Gruta das Decisões.
— Quem é ele? Questionou Ghrates espantado quando um vulto alto e magro ergueu se no fundo da gruta.
Do meio da sombra Iziras ficou encabulado, não tinha ideia que Ghrates iria ser o do contra e isso o magoou muito, pois entre todos os seus mentores Ghrates era seu predileto tinha certeza que seu mestre iria apoia- ló, Iziras soube que ele não o veria com bons olhos depois de ouvi-lo , mas estava determinado lutaria por Nina e pelo equilíbrio, Valerios convocou Iziras e alertou-o de tudo que poderia acontecer caso o equilíbrio entre os paralelos não fosse retomado, nomeou-o como seu por voz temporário, Iziras quando convocado ficou sem fala nunca tinha sabido de alguém ser nomeado porta-voz de Valerios ao mesmo tempo que se sentia envaidecido sentiu o quanto a situação era urgente e seria, Valerios disse que também fora convocado pelos Antigos, explicou o quanto era necessário que Iziras guardasse segredo sobre o que fora revelado sobre o desequilíbrio até ele poder voltar com uma solução dos Antigos, Valelios explicou que Nina tinha seu livre arbítrio qualquer revelação iria interferir em sua escolha e ela tinha que saber por si e entender, Iziras amava muito sua irmã, mesmo que ela não entendesse e decidisse ficar no Terra ele ainda iria amá-la por toda sua existência e a defenderia por mil vidas se assim fosse necessário.
Ghrates olhou para a figura esguia a sua frente e o fulminou com os olhos, não esperava essa atitude, Iziras era como se fosse seu filho já que não os teve, era injusto pensou. Ghrates preparava o menino para ser o próximo Dadarim da noite, nunca pensou que seria questionado por seu pupilo o mais dedicado de todos em milhares de anos, sua indignação transparecia em seu semblante e isso não passou despercebido por Iziras que sentiu-se acanhado.
— Você? Esbravejou Ghrates. — Como ousa, socou a mesa. A surpresa o impediu de seu amor por Iziras, naquele momento ele com certeza o reprovou sem dó.
— Sim Mestre, tentou pensar rápido, mas a verdade é a única forma de defesa foi o que aprendeu com seu mestre, sustentou o olhara de Ghrates, a sensação que teve, era a de pular em um abismo escuro sem fim, respirou fundo, criou coragem, no fundo viu admiração nos olhos de Ghrates, isso lhe deu força. Depois de superar o receito de encarar o mestre, o menino olhou para cada um dos mestres com muito respeito, pois todos, ele tinha em alta, era conhecido pelos Senhores como "o menino aprendiz" ou o escolhido por Ghrates.
— Senhores dos Paralelos, disse Iziras — Venho em nome do Senhor Valerios como seu porta-voz, sustentou uma postura digna e prosseguiu. — Ele me incumbiu de relatar sua escolha. Olhou para todos, em seguida disse. — O poder de fala e voto me foi concedido por Valerios e eu voto por Nina, ela vira e aprenderá conosco e sei que escolherá o melhor para todos, acredito em seu bom senso. Quando ele terminou ouve um zunzunzum entre os Senhores, menos Ghrates, ele ainda o encarava duro como uma rocha, questionado através de sua mente, o menino se manteve firme. Todos depois de muita conversa apoiaram Iziras somente Ghrates não se manifestou.
— Seu voto Ghrates, desafiou Anni. Ghrates virou-se de costas, desdenhou com os ombros e gesticulou com as mãos como que dizendo sim. Mas Anni não aceitou o gesto.
— Você tem que se pronunciar em voz alta, não desdenhoso e desrespeitoso assim, ele a fulminou com os olhos, novamente um zunzunzum baixo pode ser ouvido aceitando as palavras de Anni.
— Eu aceito com uma condição, ouve novo zunzunzum mais acalorado de dúvidas.
— Silêncio, todos, por favor, pronunciou Finn como um vento gelado e arrepiante. Que condição? Senhor Ghrates.
— Ela vira, aprenderá, e quero que cada um de vocês inclusive você, apontou um dedo para Iziras. — Faça á passar por suas avaliações, quero que ela aprenda tudo. Agora o Zunzunzum foi enorme parecia uma feira todos falavam ao mesmo tempo concordando e discordando.
— Não é justo, interferiu Anni quase aos berros para que fosse ouvida. Houve um silêncio abrupto.
— O que não é justo Anni? Falou Ghrates. — Todos aprendem com seus mestres, e são avaliados, me diga Anni? O que não é justo? O desprezo em sua voz magoou tanto Anni que sua luz se ofuscou por um instante e Ghrates se arrependeu no mesmo instante e suavizou. — Desculpe-me Anni. Abaixou a cabeça, surpreendendo a todos, Ghrates não baixava o olhar pra mínguem, Anni recebeu esse gesto como desculpas sinceras e disse olhando no olhos de dele.
— É injusto por que todos aprendem mas poucos são avaliados por todos somente os escolhidos são testado. Ela é minha pupila, mas eu não a escolhi como sucessora ou alguém escolheu?
—Não, respondeu Ghrates derrotado, mas somente assim eu aceitarei, completou de forma que não deixava espaço para questionamento.
Não havendo mais forma de convencer o Senho da noite todos concordaram, mesmo porque todos queriam conhecer a irmã gêmea de Iziras e essa reunião já estava cansativa, Iziras era o queridinho de todos, e todos queriam saber sobre como eram as pessoas do paralelo Terra, enfim terminou a reunião, todavia Ghrates ainda teve tempo de orar.
Tivemos paz e equilíbrio agora estamos próximo da desarmonia, espero que tudo seja como deve ser e que a paz retorne, porém relembrou que já existiu guerra ...
Quando Iziras terminou o relato, Nina estava boquiaberta e claro cheia de perguntas.
– Eu queria mesmo saber como em nosso mundo eu tenho trinta anos e aqui somente dezesseis?
— Na verdade foi um pedido meu a Valerios, já que nos separamos definitivamente nessa idade eu quiz revivê-la com você até porquê temos mais vigor, isso só é possível usando as energias dos cristais de saúde, todos nós ao completar nosso aprendizado recebemos um cristal de saúde e escolhemos qual nossa aparência partir desse dia, como somos gêmeos pude usar o meu cristal já que você ainda não o tem, ainda terá que terminar seus estudos.
— É estranho voltar ter 16 anos, e como fica minha vida lá? Questionou Nina.
— Bom. Acho que eles vão pensar que você tirou férias ou foi sequestrada brincou Iziras.
— Nossa! Ela simplesmente voltou a seu mundo. —Tenho que voltar, foi seu pensamento, por os pés no chão. Era isso que seu pai sempre disse, se sumisse todos ficariam preocupados.
Iziras acalmou a irmã explicando rindo da maneira preocupada dela.
— Calma Nina estamos na verdade parados no tempo em relação ao Terra nada vai acontecer até você voltar.
Daquele dia ou melhor noite em diante, Nina e Iziras não se separaram mais, os dois voltaram a ter aquela ligação de quando ainda eram crianças.
Em uma noite muito escura os dois estava sentados próximo da fogueira quando do nada Ghrates apareceu dizendo que o dia seria lindo, o que fez Nina se questionar, como o dia poderia ser lindo se ali só existia noite, depois de muito caminhar nas noites sem fim, foi uma grande surpresa quando viu a Senhora Anni pela primeira vez.
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Mundos paralelos.
Novela JuvenilEles são gêmeos gerados entre dois paralelos, separamos por muitos anos e agora Iziras consegue reencontrar sua irmã.