[8h07]
[Incheon, Coreia do Sul]
[Dormitórios]Jimin
Ignorei todas as vozes que se misturavam com o canto dos pássaros do lado de fora, apertando os olhos com os dedos antes de olhar uma das mãos. Franzi a testa, observando a pequena marca próxima ao polegar, como se ela fosse um artefato raro, questionando-me.
Será que eu fui muito óbvio?
Toquei-a, sentindo a ardência da queimadura, mesmo que leve, me sentindo paranoico. Sabia que aquilo fora um interrogatório, e sabia quem estavam procurando. Havia tomado todo o cuidado possível, eu tinha certeza. Dispersei o que estava me consumindo, sentindo meus ouvidos, até então surdos, escutarem o colóquio de meus colegas. Com certeza era menos preocupante.
"Hoje é o dia que recebemos as cartas de nossos parentes." - escutei Taemin, e pisquei os olhos várias vezes, apagando os últimos receios da mente, permitindo a lucidez invadir cada neurônio em meu cérebro.
O dia fazia jus à toda inquietação dos soldados nessa manhã. Primeiro contato com a família depois de alguns meses sem eles, afinal.
"Eles deixam outras coisas além de cartas entrarem?" - Taehyung perguntou dessa vez, entretido em algumas flores que colhera no amanhecer. - "Queria minhas bolinhas de gude." - pressionou os lábios para cima, sorrindo como se fosse uma criança.
"Você é idiota? Aqui não é lugar para brincar." - Taemin disse, soando um pouco rude, mesmo que estivesse pilheriando.
Tae arregalou os olhos e levantou as mãos, espantado com a reação do mais velho. Sempre mostrando suas habilidades em ser dramático.
"Pelo menos ele não tem uma coleção de figurinhas do Snoopy." - Miseok caçoou, defendendo Tae.
Caímos na gargalhada enquanto Taemin cruzava os braços e nos fuzilava com o olhar.
"Aish, calem a boca." - revirou os olhos, concentrando-se em arrumar sua cama. Podia ver um pequeno sorriso brotar em seus lábios, fazendo-me ficar satisfeito.
Nossa atenção foi pega minutos depois, o mensageiro chegara e batera na porta de nosso dormitório, o último cômodo do longo corredor. Todos nós o reverenciamos, e esperamos atentamente suas ações, posicionados em fileiras. O homem que aparentava ser mais velho abriu sua grande bolsa, segurada por um dos ombros e tirou com um pouco de dificuldade as várias cartas que haviam lá dentro. Organizou-as nas mãos, antes de levantar o olhar.
"O General me pediu para ser breve, então..." - falou, gesticulando indiferente. - "Kim Shin?" - baixou os olhos para ler, e depois balançou a carta na altura da cabeça.
Procurei o dono do nome com o olhar, seguido por outros soldados, até que alguém se pronunciou, levantando uma mão entre o pequeno grupo, fazendo-a sobressair em volta das cabeças atentas. O soldado caminhou até o mensageiro, recebendo a devida carta. Esse processo foi repetido, várias e várias vezes.
[...]
"Kim Taehyung?" - enquanto o homem terminava de ler o destinatário, Tae já caminhava exaltado até ele, estendendo as mãos pidonas.
"Ah finalmente!" - falou, histérico, voltando pra perto de nós, abrindo o envelope sem cuidado algum. - "Omma!" - escutei seu tom manhoso, vendo-o passar os olhos cheios de água sobre a escrita no papel, comprimindo um bico choroso formado em seus lábios.
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Soldier🗡️[JiKook]
FanficO norte-coreano Park Jimin só tinha um único objetivo a cumprir: se infiltrar no quartel do renomado e autoritário General sul-coreano, Jeon Jungkook, e arrancar todas as informações que conseguisse para ajudar seu país. Mas ele não sabia que essa...