🏴 45° Dia

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[18h32]
[Incheon, Coreia do Sul]
[Ala Subterrânea]

Jimin

Chorei até as lágrimas se tornarem escassas, chorei até não ter mais força para derramá-las. Estava esgotado e com o coração destruído. Estava tão devastado que sentia-me amolecer sobre a cadeira, ela que carregava rudemente o meu corpo em estado crítico, deteriorando como se fosse um cadáver.

Levantei a cabeça pesada, suspirando doído pela musculatura tensa, e com dificuldade, pisquei os olhos que lutavam em permanecer abertos sobre as pálpebras vacilantes. Olhei para um ponto no chão, tentando focalizar a bagunça em minha frente.

A mesa quebrada, agora inútil, no canto da parede e a lâmpada partida em incontáveis pedaços poderiam ser a melhor representação do que seria a minha mente. Fragilizada.

Por quê?

Minha consciência teimava em repetir o que não havia mais resposta, sentia meus neurônios se desgastando ao tentarem solucionar o problema que me afligia até o último fio de cabelo.

Acabou.

Não sabia há quanto tempo permaneci sentado ali, preso, mas fora o suficiente para deixar meus músculos agoniados pela imobilização, pedindo para serem libertos. Mexi os punhos algemados atrás da cadeira, tentando suavizar a dor que o ferro justo fazia contra minha pele, sentindo a ardência da pressão ao mínimo movimento.

Enquanto tentava inutilmente me soltar do aperto em meus pulsos, escutei passos no corredor. Parei os movimentos bruscamente e levei a cabeça para frente, tentando captar o andar do lado de fora.

Com a mente desorganizada, pensei, por um desvio ilusório que poderia ser Jeon e assim que seu nome foi bombardeado em minha mente, exaltei, balançando-me sobre a cadeira. Eu tinha que fazê-lo acreditar em mim. Mas como um soco violento sobre o rosto, resfoleguei e pisquei os olhos segundos depois, sentindo a consciência agredir minha cabeça.

Como você é idiota, Jimin.

Suspirei, balançando a cabeça em movimentos frustrados, olhando sem interesse uma barata que rondava o chão sujo.

Percebi os barulhos se tornarem próximos e assim que ouvi o tilintar da chave sobre a fechadura do cômodo, levantei a cabeça diretamente para a porta que se abria.

Senti um calafrio subir pela a espinha ao fitar o homem misterioso parado entre o batente da porta. Passei meus olhos cansados sobre seu corpo, sentindo mechas loiras me incomodarem sobre a testa suada.

O homem tinha a aparência velha, mas sua postura fazia-o parecer experiente. Olhei a cicatriz que cortava sua boca e estreitei os olhos, talvez pudesse ser um ex-combatente. Suas olheiras fundas, seus cabelos compridos que caíam sobre seus olhos e sua barba imperfeita deixavam-no com aura sinistra.

Desci o olhar e vacilei a respiração ao focar os olhos sobre o pequeno broche que estava preso em seu peito, aquele que dava nome ao seu trabalho. Busquei ar entre os lábios secos e desviei o olhar para o chão, aceitando o que estaria por vir.

Torturador.

Suspirei, chacoalhando a cabeça atordoada e foquei nos olhos do outro lado da sala. O homem desconhecido me olhava dos pés à cabeça com suas orbes inexpressivas enquanto mastigava um palito entre os dentes.

Soldier🗡️[JiKook] Onde histórias criam vida. Descubra agora