Suporto o caixão nos ombros;
Esqueço-me nos escombros;
Notícia cai como um tombo;
Dor, depressão e tristeza como combo;
Permaneci como um tronco.E essa dor que machuca e nunca finda;
Naquele momento, ela estava tão linda;
Com seu corpo e mão tão frias;
É, eu sofro com a lembrança, ainda.Preferia eu ter levado um soco;
Mas a vida vem como sopro;
E desaparece sem esforço;
Pra ser sincero, não queria estar morto;
Mas por dentro, me sinto outro.Como dezessete bombas em Hiroshima;
Nada mais deixa minhas rimas;Tão bonitas como o coração daquela menina;
Entristeço ao lembrar que ela foi morar lá em cima.Ficaria menos triste com uma despedida;
Não dessa forma tão ridícula;
Afinal o que é a morte senão uma resposta perdida?
Ilusões e perguntas sobre esse mistério não são bem-vindas;
Não sei nem o motivo de escrever estas linhas, ainda.Talvez seja uma pena de mim mesmo;
Afinal andei tanto tempo a esmo;
Só realmente chove em Dezembro;
Quando meus sentimentos conheceram um tapa-olho;
Quando finalmente começou este estorvo.Em vinte e nove de Dezembro chove;
Todos os meses, semanas, horas, minutos e segundos;
Sou assombrado por aquela morte;
Como quando cravei a lâmina, bem fundo.
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Lágrimas de tinta
PoetryAs vezes eu choro. Então uso as lágrimas como tinta. #182 IN POESIA - 23/11/2017 #133 IN POESIA - 25/11/2017 #21 IN PROSA - 01/10/2019