Lágrima 45 - Trovoada dezembrada

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Suporto o caixão nos ombros;
Esqueço-me nos escombros;
Notícia cai como um tombo;
Dor, depressão e tristeza como combo;
Permaneci como um tronco.

E essa dor que machuca e nunca finda;
Naquele momento, ela estava tão linda;
Com seu corpo e mão tão frias;
É, eu sofro com a lembrança, ainda.

Preferia eu ter levado um soco;
Mas  a vida vem como sopro;
E desaparece sem esforço;
Pra ser sincero, não queria estar morto;
Mas por dentro, me sinto outro.

Como dezessete bombas em Hiroshima;
Nada mais deixa minhas rimas;

Tão bonitas como o coração daquela menina;
Entristeço ao lembrar que ela foi morar lá em cima.

Ficaria menos triste com uma despedida;
Não dessa forma tão ridícula;
Afinal o que é a morte senão uma resposta perdida?
Ilusões e perguntas sobre esse mistério não são bem-vindas;
Não sei nem o motivo de escrever estas linhas, ainda.

Talvez seja uma pena de mim mesmo;
Afinal andei tanto tempo a esmo;
Só realmente chove em Dezembro;
Quando meus sentimentos conheceram um tapa-olho;
Quando finalmente começou este estorvo.

Em vinte e nove de Dezembro chove;
Todos os meses, semanas, horas, minutos e segundos;
Sou assombrado por aquela morte;
Como quando cravei a lâmina, bem fundo.

Lágrimas de tintaOnde histórias criam vida. Descubra agora