Chamego meu

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Chamego meu

olha pra cá

esse sorriso de orelha a orelha

tenta guardar, é pra você

por bagunçar a minha paz

a armadura e minha calma.

Há muito não se viam, até que sua amiga, finalmente, pode vir até a sua nova casa. A espera foi carregada de ansiedade, medo de não dar certo e dela não vir, isso além da saudade. Quando ela chegou abraçaram-se e a garota de cabelos curtos e lisos não conseguiu parar de sorrir desde que ela chegará. Ficaram algum tempo conversando, fizeram as coisas que sempre faziam antes. Então foram passear, mostrar para a amiga a cidade onde agora morava.

É tão bom te acompanhar

e ver você sendo você

te observar me adivinhar

e me ler

sem legenda nenhuma.

A garota de cabelos encaracolados foi apresentada aos novos amigos e colegas e logo interagia, enquanto isso a menor sorria como nunca ao vê-la ali tão perto. Era como se nunca tivessem se afastado, entendiam-se por gestos e olhares, a sintonia de antes continuava intacta. Foram alvo de brincadeiras, mas a maior saia de todas com uma risada e brincava ainda mais evitando as pessoas com comentários ruins. Logo ela identificou quem realmente eram os amigos da menor e entendeu que o resto apenas mantinha a convivência, mas ela não gostava de falsidade.

Falavam coisas ao mesmo tempo, perdiam-se suas próprias conversas e memórias. Por vezes os ombros estavam lado a lado se tocando na roda de amigos, elas não queriam se afastar. Mesmo quando cada uma falava com outro elas ainda se mantinham perto. Logo a dos cachos quis voltar para a casa da amiga. Desculpou-se por estar cansada da viajem, mas a verdade era que ela sabia que a menor era a mais cansada e não admitiria nunca. Voltavam para a casa dela quando o comentário foi dito de forma animada numa brincadeira que gerou sorrisos e um singelo abraço: "Essa cidade te faz bem, seu sorriso esta ainda mais lindo".

É tão fácil te gostar

vira parte do viver

se tu não te envaidecer

prometo sempre lhe dizer

que esse sorriso é pra você

Chegaram na casa e foram arrumar as coisas da visitante. A cama era enorme e não haviam outros quartos. Teriam que dormir juntas, mas não era algo que as incomodasse, sequer seria uma novidade. O sorriso da menor continuava emoldurado pelos fios lisos e foi elogiado ainda diversas vezes durante o pequeno jantar e enquanto se preparavam para dormir.

Chamego meu

olha pra cá

esse sorriso de orelha a orelha

Chamego meu

olha pra cá

esse sorriso, esse sorriso

Deitaram-se e se cobriram com o edredom. A menor abraçou-se à cintura da mais alta, sentia falta da presença da amiga. Foi abraçada de volta e recebeu um carinho nos cabelos. A cortina escura foi afastada de seus olhos pelos dedos finos e delicados; elas sorriam. Quando ouviu a amiga suspirar e se aconchegar junto dela algumas mechas de seu cabelo preto escorregaram enquanto ela sorria. Se não estivessem prestes a dormir ela contaria à amiga cheia de cachos que aquele sorriso em seu rosto antes de adormecer era por ela estar ali.

Chamego meu

olha pra cá

esse sorriso de orelha a orelha

Chamego meu

olha pra cá

esse sorriso....

Esse SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora