Barco de papel

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A vida lhes trouxe suas dificuldades. Nada no mundo pode ser fácil, ao menos não sempre. É preciso enfrentar estradas ruins para conhecer sua resistência e perícia em levar a frente o que se tem.

Quando eu te deixar

Vou levar papel em branco

Espalhar por cada canto um barco de papel

O dia a dia traz obstáculos. A vida a dois requer esforços. A confiança é testada, conflitos surgem com o tempo. Uma tinha suas responsabilidades com seus estudos, a outra tentava com todas suas forças uma oportunidade.

Sei

Que o amor é fácil de afogar

E se você tem um barco

Maior chance de se salvar

Desacostumadas a isso deixavam as brigas se sobressaírem. Estavam em seus máximos. Não tinham um fôlego a mais para se doarem uma a outra. O ciúme começava a se fazer excessivo, a confiança ficou abalada.

Mas ora

Você partiu antes de mim

Nem me deixou barco frágil

Pr'eu me salvar do naufrágio

Que foi te dar meu coração

Os cabelos lisos caiam sobre um rosto que desejava e implorava por confiança. Os cachos emolduravam os olhos confusos e receosos, preenchidos pela insegurança e pelo ciúme. As cabeças cheias de temores e preocupações e certa noticia concretizou alguns deles.

Por isso canto todo o poema em ode sua

E recorto em dobraduras

Mais um barco de papel

Para mim

A reprovação veio como o ápice do desanimo, mas ela ainda estava lá para lhe dar colo e consolo. Entretanto não foi o bastante. Não quando a realidade chegou aos ouvidos de suas famílias. Não a da reprovação, mas sim a do relacionamento. O pensamento mudou de boa influência para causa dos erros e condutas inapropriadas. Abaladas como estavam não conseguiram nem souberam lutar uma pela outra.

Quando eu te deixar

Vou levar papel em branco

Espalhar por cada canto um barco de papel

Perderam-se em seus lados mais inseguros e fracos. Permitiram que a confusão lhes retraísse, que o medo lhes cegasse e que as palavras de terceiros lhes atassem os membros.

Eu tô perdida num mar de ondas suas

E remo sem destino esse barco de papel

Dispersaram seus esforços, andaram em círculos. Seguiram caminhos sem saída e tiveram de retroceder ao que eram antes uma da outra.

Mas ora

Você partiu antes de mim

Nem me deixou barco frágil

Pr'eu me salvar do naufrágio

Que foi te dar meu coração

Perderam-se então em si mesmas. Sentiram-se afundar em suas desilusões e na culpa. E culparam-se mais por terem se permitido sofrer. E sofreram, porque apesar de tudo, seus corações não lhes pertenciam mais. Mas aquilo chegará ao fim, um trágico e triste fim.

Por isso canto todo o poema em ode sua

E recorto em dobraduras

Mais um barco de papel

Para nós

Esse SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora