Terceira Carta

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Eu trabalhava em uma empresa, como secretária.

Meses depois do ocorrido com Meredith, acabei sendo demida e como não tinha muito dinheiro fui forçada a desistir da minha faculdade.

E o pior não pude pagar o aluguel do meu apartamento.

Acabei sendo obrigada a voltar pra casa do meu pai.

Mais é ai que entra um grande problema.

Nesse tempo que eu fiquei fora, meu pai começou a jogar e ficou muito endividado, saia todas as noites e voltava muito bêbado, algumas vezes até drogado.

Para manter a casa arrumei um bico de garçonete em uma lanchonete que era um muquifo.

Era horrível trabalhar lá, mais eu não tinha escolha.

Passava o dia o inteiro lavando a louça e desentupindo privadas, fora que ainda tinha que aguentar comentários nojentos vindo dos cliente que lá frequentavam.

Certa vez após um dia exaustivo de trabalho tive que esperar meu pai até altas horas da  madrugada.

Eu me lembro como se fosse ontem.

Ele chegou muito alterado, começou a quebrar os móveis e de repente ele vira pra mim com um olhar de ódio muito grande.

Disse que a culpa era minha, que ela não teria o largado se eu não tivesse nascido, foi ai que eu vi que ele estava falando da minha mãe.

Ele veio pra cima de mim, que acabei caindo no chão, logo em seguida ele começou a me bater.

Peguei a primeira coisa que estava do meu lado e bati na cabeça dele com força, o que fez ele cair do meu lado.

Me levantei e subi as escadas correndo, tranquei a porta do meu quato e coloquei a comoda para impedir que ele entrasse.

Perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu nos dois anos que fui obrigada a conviver com ele.

Certo dia estava trabalhando e recebi uma ligação, era do hospital, disseram que meu pai tunha tido uma parada cardíaca em um casino.

Ele infelizmente não foi socorrido a tempo e morreu.

Não vou mentir, senti uma sensação de alívio e dor . meu corpo inteiro.

Chega de noites e noites sem dormir, chega de ser espancada, maltratada e humilhada, tudo aquilo tinha acabado.

Você deve estar pensando que eu sou um mostro,por comemorar a morte de meu pai.

Talvez eu seje, talvez todos nós somos.

Ninguém escreve bem ou mal o que escrevemos é o que sentimos. E nem sempre o que sentimos é bonito.

Mas eu confesso que senti sua falta, até porque ele era meu pai.

Acabei me lembrando de uma frase que ele me disse depois do que tinha acontecido no recital da quinta série.

"A vida é um Piano.
Teclas brancas representam a felicidade e as pretas a angústia.

E com o passar do tempo você percebe que as teclas pretas também fazem música."

Cartas De Uma SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora