Sexta Carta

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A dor e a culpa estava me corroendo por dentro. Não saia mais de casa, nem se quer levantava da cama.

Queria apenas uma coisa... Morrer.

Sim eu queria morrer, não aguentava mais nada disso pela primeira vez desejei a morte.

Mais talvez eu já estivesse morta, e morri da pior maneira possível, era um corpo vivo com uma alma morta.

E mais uma vez no silêncio da noite me desabei, me cortei por todas as críticas, todos aqueles sorrisos falsos e todos aqueles " eu estou bem " falsos.

Fiquei um mês sem sair de casa e acabei perdendo meu emprego.

Passava os dias bebendo tentando esquecer o passado.

Acabei em umas das minhas noites conhecendo uma garota ela era muito bonita porém sua vida não era melhor que a minha.

Abandonada pela mãe, vendida pelo pai para um cafetão e obrigada a trabalhar como prostituta, sem mencionar que era viciada em antidepressivos.

Talvez eu tenha conhecido ela pelo acaso, ou fosse mais umas brincadeiras da vida.

Sem dinheiro, sem amigos, sem familia, essa foi a única opção que me sobrou.

Ele me levou até um apartamento onde o "chefe"  dela ficava.

Era um cara nojento que parecia ser cruel e agressivo.

Depois de um pequeno interrogatório sobre  a minha vida ele me "contratou" se é que podemos dizer isso.

As primeras noites foram difíceis, mas com o tempo me acostumei a fazer aquilo.

Ao todo eramos um grupo de vinte garotas, com as histórias mais cruéis de vida.

Até porque você não vai pra essa vida por que quer.

Um certo dia a garota que eu conheci me ofereceu um de seus comprimidos. Neguei, ela insistiu e eu aceitei.

Peguei a cartela e li "Paxil".

Coloquei um dos comprimidos na boca e engoli.

Sentei na cama e senti todos os meu músculos relacharem automaticamente, era um sensação otima.

Por um momento todas as minhas preocupações sumiram e eu fiquei leve.

Minha mente me levou aos dias em que minha mãe era viva, lembrei das tardes de domingo, do cheiro de bolo que invadia a casa inteira, das risadas descontroladas, dos abraços quentinhos, dos beijos.

Queria voltar a ser aquela criança pura e inocente.

Sem que eu percebesse lagrimas começaram a sair dos meus olhos e rolarem pelo meu rosto.

Minha mãe sempre dizia pra mim quando eu estava triste, que não pode chover o tempo todo, o céu não pode cair para sempre. E enbora a noite pareça longa, suas lágrimas não podem cair para sempre.

Cartas De Uma SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora