Capítulo 10

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Lágrimas deslizavam desconsoladamente pela minha cara assim como eu deslizava pela parede rosa bebé do quarto dela a baixo. Um vazio apodera-se do meu coração frio, assim como a raiva e o ódio. Raiva e ódio... A raiva e ódio que eu sinto pelo filho da mãe que fez queixa de mim. Eu nunca fui negligente com a Sara. Sempre teve tudo de bom, sempre!!! Deixei as drogas, deixei de ir a festas, deixei a minha família de acolhimento por ela. Tudo por ela, para ela crescer comigo, em pás... Podia ser na instituição, mas eu sei que ela seria feliz, como uma criança normal... E agora? A minha bebé tinha-se ido embora. É como se arrancassem uma parte de mim. Estou mais uma vez sozinha. Mas agora é mesmo sozinha. Afasto todos que amo... Como é possível?

Quase não consigo controlar a respiração, tudo o que vejo é escuro e turvo devido as lágrimas e estar sem óculos. Limpo as lágrimas, ainda sentada, e olho em redor. Tudo tem história, tudo me liga aquela bonequinha de olhos verdes e covinhas. Ela é única... Eu ainda te vou voltar a ter aqui em casa. Isto é uma promessa, estás a ouvir, Sara? Nunca te vou deixar sozinha!

Um plano. Eu preciso de algo para a tirar de lá... E se eu a raptar? Pois, Se me apanharem, tiram-me a Sara até ela fazer 18 anos e não me deixam visita-la. Para já tenho de arranjar dinheiro para ter um bom advogado e mostrar aquelas vacas que ma tiraram que eu estou e tenho perfeitas condições para ficar com elas. Não perdem pela demora!

Olhei para as Kittys e para as Minnies na sua cama. Como é que aquele pequeno ser me pode deixar assim? Eu só estou sem ela à meia hora se tanto... E já me sinto a morrer. Preciso de... De lutar por ela, de lutar por mim...

Levanto-me, tentando não me desequilibrar e pego numa das suas bonecas, outrora pousada na cama com lençóis azuis e cor de rosa. Abraçada a ela, inalando o seu cheiro a morango, vou à cozinha. Pego numa caneca e ponho leite nela. Lembro-me que não tenho o café em casa. Foda-se. Eu preciso de café! Estou a desesperar, não posso sair a rua assim, com esta cara de morta, mas tenho mesmo de ir. Tenho a certeza que será o meu único sustento por muito tempo e a única coisa que me deve acalmar.

Ainda com lágrimas nos olhos, vou para o meu quarto e apenas visto um casaco, ficando assim com uma camisola cinzenta que fica bem com as calcas largas pretas e calco as minhas vans pretas. Seco as lágrimas e ponho as lentes, sem elas não vejo muita coisa... Óculos de sol para ninguém notar que estive a chorar e saio de casa com o meu skate na mão, não me apetece ir de mota, porque dá muito trabalho a ligar e o caminho é curto.

Vou até lá o mais rápido possível, tendo medo que às 21 horas, aquela lojinha já tenha fechado.

Graças a, seja lá o que for, a loja não estava fechada e eu pude comprar o meu cafézinho.

Ao chegar a casa, fiz logo o café, satisfazendo logo o meu mini vicio. Enquanto saboreava aquela maravilha, fui para a minha casa de banho. Despi a minha roupa, pondo-a no cesto da roupa para lavar e entrei para o poliban. Um choque térmico percorreu o meu corpo por a água estar gelada. Gosto de banhos gelados, parece que limpam a minha alma negra e confusa. Lavei-me e sai enrolada na toalha. Dirigi-me para o quarto sem me preocupar com as pingas que caiam do meu corpo e cabelo já um pouco cacheado, formando um rasto desde a casa de banho. Atirei-me para a cama, deitando-me sobre a mesma e pensando em tudo. Tudo de tudo. Que grande confusão que isto está. A minha vida é uma grande colecção de erros. É a via rápida para a destruição. Porquê que eu tive de nascer naquela família? Se estivesse noutra, provavelmente estaria a ir para uma festa de anos com os populares todos, ou uma festa de pijama em casa da melhor amiga maluca, ou uma maratona de filmes com o namorado perfeito... Mas não, estou a deprimir na cama, à procura de algo para seguir. Uma luz qualquer... Por falar em luz, o ecrã do meu telemóvel da idade da pedra acendeu.

"Hoje vais para a disco por músicas, porque a minha miúda quer ficar em casa. -li no meu telemóvel. Ai como o meu patrão é querido- pago-te o dobro se fores e conseguires com que uma ambulância ou algum polícia não vá lá!"

Esta gente quer ficar em casa as cambalhotas de um lado para o outro e eu é que tenho de ir. Isto sim, é profissionalismo, não haja dúvida.

Olho para o meu despertador e vejo que já são 22:30h. Talvez seja melhor despachar-me não? Sim, acho melhor. Suspiro de raiva e lá vou eu para a diversão.

Seco o meu corpo e visto uma sweat cinzenta com o Mikey a fazer o dedo do meio, umas calcas de ganga pretas. Calco umas botas pretas e deixo o cabelo solto mas levo o elástico no pulso, porque com o capacete da mota não posso ter o cabelo preso. Ainda esta molhado o que quer dizer que vou ficar com uns odiosos cachos... Pego no lápis e faço um risco a pressa. No hall, visto o meu casaco de cabedal, ponho o telemóvel e as chaves de casa no bolso do casaco. Já fora de casa ponho o capacete e arranco na minha mota em direcção à discoteca.

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Então... Estão a gostar? Confesso que nunca sei como começar esta parte. Bem, obrigada pelas leituras e votos. Gostava de saber o que vocês estão a achar da fic, o que acham que vai acontecer e essas cenas.

Eu tenho demorado a postar porque tenho outra fic e a 3ª vem a caminho.

Quero também renovar a capa e isso demora um pouquinho.

Com testes, ballet (sim, eu ando no ballet *-*), com mais testes e ballet sobra-me pouco tempo para escrever. Mas aqui está, está pequeno, mas está

Sei perfeitamente bem que vocês não leem isto mas prontos...

Obrigada por me manterem motivada e com algum objetivo. :)

Another chance to live (Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora