Lágrimas deslizavam desconsoladamente pela minha cara assim como eu deslizava pela parede rosa bebé do quarto dela a baixo. Um vazio apodera-se do meu coração frio, assim como a raiva e o ódio. Raiva e ódio... A raiva e ódio que eu sinto pelo filho da mãe que fez queixa de mim. Eu nunca fui negligente com a Sara. Sempre teve tudo de bom, sempre!!! Deixei as drogas, deixei de ir a festas, deixei a minha família de acolhimento por ela. Tudo por ela, para ela crescer comigo, em pás... Podia ser na instituição, mas eu sei que ela seria feliz, como uma criança normal... E agora? A minha bebé tinha-se ido embora. É como se arrancassem uma parte de mim. Estou mais uma vez sozinha. Mas agora é mesmo sozinha. Afasto todos que amo... Como é possível?
Quase não consigo controlar a respiração, tudo o que vejo é escuro e turvo devido as lágrimas e estar sem óculos. Limpo as lágrimas, ainda sentada, e olho em redor. Tudo tem história, tudo me liga aquela bonequinha de olhos verdes e covinhas. Ela é única... Eu ainda te vou voltar a ter aqui em casa. Isto é uma promessa, estás a ouvir, Sara? Nunca te vou deixar sozinha!
Um plano. Eu preciso de algo para a tirar de lá... E se eu a raptar? Pois, Se me apanharem, tiram-me a Sara até ela fazer 18 anos e não me deixam visita-la. Para já tenho de arranjar dinheiro para ter um bom advogado e mostrar aquelas vacas que ma tiraram que eu estou e tenho perfeitas condições para ficar com elas. Não perdem pela demora!
Olhei para as Kittys e para as Minnies na sua cama. Como é que aquele pequeno ser me pode deixar assim? Eu só estou sem ela à meia hora se tanto... E já me sinto a morrer. Preciso de... De lutar por ela, de lutar por mim...
Levanto-me, tentando não me desequilibrar e pego numa das suas bonecas, outrora pousada na cama com lençóis azuis e cor de rosa. Abraçada a ela, inalando o seu cheiro a morango, vou à cozinha. Pego numa caneca e ponho leite nela. Lembro-me que não tenho o café em casa. Foda-se. Eu preciso de café! Estou a desesperar, não posso sair a rua assim, com esta cara de morta, mas tenho mesmo de ir. Tenho a certeza que será o meu único sustento por muito tempo e a única coisa que me deve acalmar.
Ainda com lágrimas nos olhos, vou para o meu quarto e apenas visto um casaco, ficando assim com uma camisola cinzenta que fica bem com as calcas largas pretas e calco as minhas vans pretas. Seco as lágrimas e ponho as lentes, sem elas não vejo muita coisa... Óculos de sol para ninguém notar que estive a chorar e saio de casa com o meu skate na mão, não me apetece ir de mota, porque dá muito trabalho a ligar e o caminho é curto.
Vou até lá o mais rápido possível, tendo medo que às 21 horas, aquela lojinha já tenha fechado.
Graças a, seja lá o que for, a loja não estava fechada e eu pude comprar o meu cafézinho.
Ao chegar a casa, fiz logo o café, satisfazendo logo o meu mini vicio. Enquanto saboreava aquela maravilha, fui para a minha casa de banho. Despi a minha roupa, pondo-a no cesto da roupa para lavar e entrei para o poliban. Um choque térmico percorreu o meu corpo por a água estar gelada. Gosto de banhos gelados, parece que limpam a minha alma negra e confusa. Lavei-me e sai enrolada na toalha. Dirigi-me para o quarto sem me preocupar com as pingas que caiam do meu corpo e cabelo já um pouco cacheado, formando um rasto desde a casa de banho. Atirei-me para a cama, deitando-me sobre a mesma e pensando em tudo. Tudo de tudo. Que grande confusão que isto está. A minha vida é uma grande colecção de erros. É a via rápida para a destruição. Porquê que eu tive de nascer naquela família? Se estivesse noutra, provavelmente estaria a ir para uma festa de anos com os populares todos, ou uma festa de pijama em casa da melhor amiga maluca, ou uma maratona de filmes com o namorado perfeito... Mas não, estou a deprimir na cama, à procura de algo para seguir. Uma luz qualquer... Por falar em luz, o ecrã do meu telemóvel da idade da pedra acendeu.
"Hoje vais para a disco por músicas, porque a minha miúda quer ficar em casa. -li no meu telemóvel. Ai como o meu patrão é querido- pago-te o dobro se fores e conseguires com que uma ambulância ou algum polícia não vá lá!"
Esta gente quer ficar em casa as cambalhotas de um lado para o outro e eu é que tenho de ir. Isto sim, é profissionalismo, não haja dúvida.
Olho para o meu despertador e vejo que já são 22:30h. Talvez seja melhor despachar-me não? Sim, acho melhor. Suspiro de raiva e lá vou eu para a diversão.
Seco o meu corpo e visto uma sweat cinzenta com o Mikey a fazer o dedo do meio, umas calcas de ganga pretas. Calco umas botas pretas e deixo o cabelo solto mas levo o elástico no pulso, porque com o capacete da mota não posso ter o cabelo preso. Ainda esta molhado o que quer dizer que vou ficar com uns odiosos cachos... Pego no lápis e faço um risco a pressa. No hall, visto o meu casaco de cabedal, ponho o telemóvel e as chaves de casa no bolso do casaco. Já fora de casa ponho o capacete e arranco na minha mota em direcção à discoteca.
~~~~~
Então... Estão a gostar? Confesso que nunca sei como começar esta parte. Bem, obrigada pelas leituras e votos. Gostava de saber o que vocês estão a achar da fic, o que acham que vai acontecer e essas cenas.
Eu tenho demorado a postar porque tenho outra fic e a 3ª vem a caminho.
Quero também renovar a capa e isso demora um pouquinho.
Com testes, ballet (sim, eu ando no ballet *-*), com mais testes e ballet sobra-me pouco tempo para escrever. Mas aqui está, está pequeno, mas está
Sei perfeitamente bem que vocês não leem isto mas prontos...
Obrigada por me manterem motivada e com algum objetivo. :)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Another chance to live (Pausa)
FanficManuela ou Manu, como ela gosta de ser chamada, esteve numa instituição desde os seus 14 anos. Agora com os seus 18 anos e no 12º ano, pode sair e viver a vida. Vamos lá ver o que lhe vai acontecer