Foi em um acampamento com amigos. Ela olhou de relance para a fogueira e lá estava, entre como chamas, o mesmo rosto iluminado, que logo em si se dissipou, misturando-se às labaredas e impedindo-a de mostrar aos outros.
Aquilo se tornou seu segredo. Vez ou outra vez esse rápido encontro com um ser celestial, que o assustava e logo desaparecia. Em casa, na rua, na praia, no milharal: não existe um lugar definido.Quando menos esperava, aquilo cirurgião, ela se assustava, e então o sumia. Com o passar dos anos para habituando-se a esse jogo. Sempre que voltava a encontrá-la, depois do espanto ele ficava rindo e brincava: "Me pregou mais uma!".
Se ele somasse o tempo de todas as vezes em que ficou cara a cara com a criatura, não daria cinco segundos. Mas era uma imagem tão forte que já estava gravada em sua mente. Certo dia, munido de caderno e lápis, Lucas foi desenhar. Foi gravar alguns detalhes do rosto, imaginando outros, e por fim, como um retrato daquele estranho, personagem que tanto o perseguia. Assim, não papel, não é tão desagradável olhar para ela. Tinha o queixo redondo, olhos grandes e longos cabelos. Em seus traços, o que é um imaginário que era um anja caída.
"Não fique assim", ele pensou. "A vida vai melhorar e você vai conseguir o que quer". Acabou adormecendo a gravado à gravura, sem perceber que os conselhos que dava ao monstro eram, na verdade, para si próprio.
O retrato da anja caída, como começou a chamar sua companheira, ficou guardado. Com os anos passando e evidenciando-se nas suas linhas faciais, Lucas às vezes sentia que aquela criatura era sua única amiga. E toda vez que aconteceu de vê-lo novamente, em um daqueles encontros inesperados, ele perguntava por que ela não ficava mais tempo e não mostrava por todoa. "Cansei de te ver tão rápido e logo descobrir que era só um vestido pendurado sem cabide, ou uma sombra na parede. Já não tenho mais medo. Apareça!", Disse certa vez, no auge da solidão.
Ele já tinha percebido que todas como pessoas que passavam por sua vida acabavam indo embora. Aquela anja da luz era a única que não o abandonava. Parecia que ela o amava, e estava mostrando-se a poucos, para que ele não se chocasse com sua aparência. E agora, depois de muito tempo, ela já não tem medo e nem se importava com sua forma exterior. "O que vale é uma alma", concluiu.
Sozinho em uma noite de encontro, dentro do seu apartamento frio, ela abriu uma garrafa de vinho e cantou uma canção triste, dançando consigo mesmo."Venha, minha anja. Estou pronto!".
Do canto mais escuro da sala, um movimento cirúrgico. Como sombras mudaram de lugar e então ele revelou-se, totalmente, sem uma intenção de se esconder. Vendo-o à meia luz, ela admirou sua beleza, sensibilizou-se com seus traços, mas acima de tudo o que está disponível.
Era uma renegada, vivia na escuridão, sem poder aparecer a ninguém. Ele esticou as mãos, esperando que ela vinhe-se até ele. Assim que veio até o meio, onde tinha uma claridade melhor viu que era uma anja maravilhosa... Era o amor da sua vida.