Capítulo 6: Fogo Escondido

128 13 0
                                    

Na casa de Beth...

- Que se passa para apareceres aqui tão nervoso? – pergunta Beth.

Tucker ergue a sobrancelha, com ar desconfiado:

- O que é que o teu patrão estava a fazer em tua casa?

- O "meu" patrão também é teu, maninho – diz ela, encaminhando-se até ao carro. O irmão segue-a, a passos largos.

- Sim, mas eu não o levo para minha casa!

Beth faz uma careta e para em frente ao carro. Abre-o e vira-se para o irmão:

- O que é querias, afinal?

- Não conseguiste saber mais nada sobre o dia em que a Nicole chegou? – responde ele, já com pouca paciência.

Beth olha-o curiosa e desconfiada. Porque estaria o irmão tão nervoso em relação à Nicole? Desde criança que não se davam bem, mas o súbito interesse nos passos de Nicole parecia-lhe no mínimo ridículo.

- Porque não falas com a Mercedes? Ela estava a trabalhar no dia que a Nicole chegou. – diz a irmã, revirando os olhos e entrando no carro – Agora tenho de ir trabalhar. Tchau


***


No apartamento de Nicole...

O meu tio sorri-me e eu tento disfarçar o meu desconforto. Sorrio de volta e abraço-o. Ele retribui e ergue a sobrancelha ao se afastar:

- Não convidas o teu tio a entrar?

Sinto um arrepio gelado percorrer o meu corpo. Não sei o que aconteceu com Waverly, não sei se ele teve algo a ver com a situação. Na verdade, nunca mais falamos disso desde que me tentei suicidar, não aguentando viver sem a minha Wave.

- Claro que sim, entre! – digo, sorrindo e tentando demonstrar confiança.

Afasto-me para ele passar, fecho a porta e respiro fundo. Ele entra na minha sala, olhando em volta, com o seu ar observador, o que me deixa ainda mais nervosa.

- Quer beber alguma coisa? – digo no meu tom simpático.

- Não querida, queria apenas falar contigo. – diz, olhando-me com uma expressão séria e eu assento, fazendo sinal para que se sente.

Ele senta-se de costas para as escadas, o que me deixa aliviada. Sento-me à sua frente e procuro parecer confortável, ele não pode notar o meu receio. Vejo Calamity aproximar-se. Nem sei onde ela se meteu nos últimos dias.

O meu tio olha para a gata com desprezo, sempre a detestou. Cresci em casa dele e durante os anos que vivi com ele, nunca me deixou ter animais de estimação. Eu alimentava gatos e cães de rua sem ele saber. Sempre tive o dom de conseguir esconder segredos do grande Bobo del Rey. E desta vez teria de guardar o maior de eles todos.

- O que se passa? – pergunto e logo de seguida Calamity salta para o meu colo e aconchega-se.

- Vim saber como estás. – diz, olhando com ar de reprovação para Calamity – Tens andado um pouco distante. Aconteceu alguma coisa?

Conheço aquela expressão do meu tio, ele desconfia de algo. Mantenho o olhar sério e sorrio levemente, enquanto passo a mão no pelo macio de Calamity.

Relove Purpose (versão portuguesa)Onde histórias criam vida. Descubra agora