L U Z E S

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- Está me imitando senhorita?

Uma voz familiar ressoa pelo jardim, fazendo com que meu coração dispare. Eu conheço as notas desse perfume, também conheço esse tom de voz que emana autoridade mesmo nos mais inaudíveis sussurros. Jefferson.

- Eu cheguei aqui primeiro!- digo enquanto tento consertar a bagunça que as lágrimas fizeram no meu rosto.

- Ei...- ele se ajoelha frente a mim e segura meu rosto com as pontas dos dedos e eu consigo ver o seu rosto sereno, adaptado à sua fantasia de Peter Pan - você estava chorando?

- Não, estava regando meu rosto!- digo num tom irônico.

- Com sucesso então, seu rosto está uma graça! - ele dá uma risada de canto, o que me deixa constrangida, mas ao mesmo tempo, aliviada por não parecer uma depressiva louca num jardim.

- Haha! Ache a graça...- digo revirando os olhos enquanto ele olha fixamente para mim.

- Não precisa, ela está em minha frente.

- Sério? Não posso acreditar que seja verdade, o que mais tem a dizer para importunar o silêncio que encontrei nesse lugar? - Pergunto irritada.

- O fato de estarmos aqui sozinhos e você não ter surtado ainda...

- É porque você não representa uma ameaça...

- Até porque o Brian não é o tipo de cara que ameaça minha espécie...- ele diz num tom iro nico.

- Cala a boca garoto! 

- Eu te amo. - Ele diz num tom sério, enquanto seus olhos brilham como se fossem estrelas na imensidão de um céu escuro. Por um segundo o compasso do meu coração bate lentamente, como numa dança sobre as estrelas. 

Ele se senta ao meu lado, no pequeno banco de madeira e me abraça, forçando-me a encostar minha cabeça no seu peitoral. Sinto o coração dele bater fortemente, mas compassado, como se ele tivesse segurança no que estava fazendo.

Ficamos assim por horas, e ainda assim parecia ser insuficiente. Por um momento me senti um jardim iluminado, mas não pude conter os meus medos, que de vez em quando, apagavam as luzes desse jardim, deixando-o em completa escuridão.

- Porque está fazendo isso comigo? - Pergunto ainda com a cabeça repousada sobre o seu peitoral.

- Apenas faço o que posso para te proteger Lizza...- ele diz enquanto brinca com minhas tranças.

- Mas eu não sei do que preciso ser protegida...

- De você mesma. Apenas aceite...

- Tem razão...- aceito o fato de que só tenho feito mal a mim mesma desde o incidente com o Brian. 

- Vou estar sempre aqui, não importa o que pense. E se por acaso eu não estiver ao seu lado, tenha a certeza de que estarei no altar te esperando. Eu sei que é ousado falar isso, mas eu luto por você todos os dias em oração! - ele me abraça fortemente e beija o topo da minha cabeça.

Depois desse longo tempo abraçados, Jefferson me levou para casa. Não pude esconder a leveza que senti ao poder aceitar o que tanto quis negar: uma nova oportunidade pra ser feliz.

Ainda não demos nosso primeiro beijo. Mas aposto que Marlee vai pirar ao saber dessa história.

Existe um propósito para sua vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora