Dinis tinha os vasos sanguíneos de seus olhos azuis em cor de sangue. Jaime olhava para ele, como se temesse que a qualquer momento o homem se sentisse mal. A viagem de carro tinha sido silenciosa e o jovem estava sentido-se culpado por se vangloriar interiormente de ter conduzido um porshe panamera. As mudanças fizeram-lhe impressão, mas podia se habituar aquilo facilmente.
Quando chegaram à Delegacia de Viseu, Lourenço guiou os outros dois homens para a parte dos escritórios. Jaime nunca saira do DIC, nunca exercera naquela delegacia, então não conhecia o local.
Enquanto Lourenço se sentava numa das secretárias, Jaime fez sinal para Dinis se sentar e ficou em pé olhando o procedimento.
Dinis fornecera o seu cartão pessoal para o policial logo ao princípio e sem que lhe perguntassem, deu o seu nome inteiro, a sua data de nascimento e a sua morada. Só se calara porque percebera que estava tomando o controle da situação e tomara consciência disso. Os nervos faziam com que falasse muito.
- Qual foi a última vez que viu a sua filha? - perguntou Lourenço, fitando Dinis de uma maneira compassiva.
- A última vez que a vi foi à cerca de dois fins-de-semana atrás, quando estive com ela nos dias a que tenho direito, mas a última vez que falei com ela foi na terça-feira por telemóvel.
- Havia algum assunto importante que precisassem falar?
- Não me parece. Ela apenas me ligou porque eu fiz questão que ela o fizesse - Lourenço o olhou intrigado. Dinis percebera o que lhe viera em mente - Ela ía ter um teste de matemática e estava nervosa com isso. Eu fiz questão que ela me ligasse quando obtivesse o resultado.
- Não que seja relevante - comentou Lourenço - Mas já agora que nota é que ela recebeu?
- Um dezesseis. Perfeitamente aceitável, não acha? - Lourenço concordou acenando com a cabeça - Sabe, Violeta era muito perfeccionista. Não tolerava falhas, sobretudo as próprias falhas. Não que tivesse razões de queixa. Ela era uma óptima aluna. Das melhores da turma. Só a matemática é que a deixava nervosa e mesmo assim ela tinha notas bem satisfatórias.
- Ela tinha algum professor ou professora preferido.
- Creio que sim. Ela gostava tanto da professora de língua portuguesa quanto da própria matéria. Destacava-se bem acima dos colegas nessa área. Escrevia muito bem a minha filha. Ganhou concursos de escrita estudantil e adorava ler. De vez em quando compro-lhe... - Dinis apercebeu-se que empregara mal o modo verbal, deu uma tossidela afastando o choro que ameaçava voltar e continuou - comprava-lhe livros. Ela adorava.
Dinis disse o nome da escola, o nome da turma, o número de turma e até o nome da rua onde a escola se encontrava.
- Sabe com quem ela se dava na escola? Havia algum namorado na vida dela?
- Não conheço muito bem, mas a melhor amiga dela chamasse Diana Ribeiro. Eu tenho o número dela. Vai ficar muito triste quando lhe der a notícia... - fechou os olhos - Posso beber alguma coisa? Tem distribuidor de cafés?
Jaime respondeu que sim às duas perguntas e perguntou o que o homem queria beber. Em segundos voltou para o lugar onde estava em pé, depois de pousar o cappuccino fumegante na mesa.
- Sabe, era o único café que ela conseguia beber. Cappuccino. De resto, é como a mãe dela, não gostava de cafés.
Lourenço acenou a cabeça e deu continuação às questões.
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Caso Violeta (Andamento)
Mystery / ThrillerUma garota é encontrada morta à beira de uma auto-estrada, numa noite de dezembro. No bolso do seu casaco, a perícia encontra o bilhete de alguém que desafia o inspector Henrique Santos, a encontrar o assassino que matou Violeta e o mesmo que matou...