Atenção, esse curso tem como objetivo o ensino da técnica para abertura, travessia e fechamento (podendo nem sempre todos os tópicos se mostrarem necessários) de portas do tipo simples, e da sua variável pivotante (ver ao final do livro o anexo B: setor de modelos).
E é direcionado prioritariamente (mas não restringindo-se) as pessoas cujo intelecto é julgado como inferior aos dos objetos contemplados por este manual.
O concluinte do curso não está apto a lidar com portas de correr, vai-e-vem, porta giratória, porta de mola, porta pantográfica, portões, portas de carro, de geladeira, de armários, porta-joias, porta-malas, porta-copos, porta-luvas, porta dos desesperados, porta dos fundos e porta-bandeira.
Para iniciar o procedimento deve-se identificar a porta em questão a ser aberta. Dirija-se com calma para ela e pare em frente à mesma antes de trombar. Ou trombe se quiser, mas isso dificilmente surtirá alguma efeito positivo (salvo em casos de cenários, onde pode-se ter uma porta de isopor).
Não adianta encará-la, portas não são facilmente intimidadas, e além do que são um tanto quanto burras. Poste-se a uma distância segura (para os inexperientes aconselha-se a distância de um pé).
Pode ser difícil mensurar essa medida para os acostumados ao sistema métrico. Um pé mede 0,3048m. Mas não havendo régua no local utilize os seus mesmo, que podem resolver o problema. Acometidos pelo gigantismo devem usar 6/7 do pé, 7/9 ou também 24/37, ou qualquer outra fração de escolha arbitrária, desde que esta seja estranha o suficiente para não conseguir ser calculada intuitivamente. Aconselha-se o uso de uma calculadora para facilitar o trabalho com frações.
* Importante: evite distâncias demasiadamente maiores que essa para não ter que curvar as costas.
Não existe distinção entre o pé direito e o esquerdo, crendo-se ambos terem aproximadamente o mesmo tamanho. Em caso contrário, ou para piratas usuários de pernas de pau, se tiverem dúvida em qual pé decidir usar, observe antes o pé de alguém e memorize esta medida, faça um gabarito em um papel se julgar necessário.
A próxima etapa é averiguar se a porta abre para dentro ou para fora. Vamos analisar a manobra mais simples onde a porta se abre a favor da travessia.
Se você está fora então é necessário que a porta abra para dentro, e se for o caso de estar dentro então é necessário que ela abra para fora. Porém, é possível (e não raro) que você esteja dentro de um cômodo e a porta abra para dentro de outro cômodo. Não existe confusão aqui, é mera questão de nomenclatura. Em tal caso, o dentro que é o dentro do outro cômodo passa a ser chamado de fora, pois é fora quando você está dentro do dentro que continua sendo chamado de dentro.
Leva-se a mão direita (ou esquerda se você for canhoto) até a maçaneta (ver anexo A: portas e seus componentes). Destros podem usar a mão esquerda também, e vice-versa. Ressalva-se que tais adaptações não são recomendadas devido à falta de prática do usuário. Em seguida, fecham-se os dedos sobre o objeto em questão, e efetua-se o movimento necessário para abri-la (para saber como manusear corretamente as maçanetas, ver anexo C: setor de maçanetas, "operação de cada modelo").
É fortemente recomendado estudar com afinco esse tópico antes de sair para trabalhos de campo. Carregue com você as 57 páginas do compêndio ilustrado de maçanetas enquanto julgar necessário, para que uma análise de momento possa ser feita com mais precisão.
Agora empurre a porta de fora para dentro ou de dentro para fora, em seguida dê alguns passos até atravessar o portal em que ela está instalada. A porta vai descrever um movimento curvo, tipicamente ¼ de circunferência (equivalente a 90º, ou para os que preferem radianos, π/2), com seu eixo de movimento centrado onde se encontra a dobradiça ou o pivô. Acompanhe o movimento seguindo praticamente em linha reta. Tudo isso pode ser feito com a maçaneta solta ou na mão, tente apenas não perdê-la de vista. Podem ser ouvidos estalos e rangeres em protesto, mas não se deixe enganar por esses artifícios baratos e execute a performance até o final.
É possível ir embora e largá-la escancarada, mas certos fins requerem portas fechadas. Vire-se, e repita de forma reversa todo o movimento até aqui executado, excetuando a parte da travessia. As mãos serão trocadas, os dentros e foras também, assim como o sentido do movimento. Apenas os pés (se existirem dois) continuam os mesmos.
NOTA 1: certifique-se ao fechá-la que você não retornou ao lugar onde estava antes de abri-la. Nesse caso deve-se recomeçar tudo do zero.
NOTA 2: Se ao tentar movê-la a porta permanecer imóvel, pode ser o caso de estar trancada, e esse caso específico só será tratado no capítulo 5. Ignore, de meia volta e vá para casa, ou fique dentro dela. Se forem presentes e não letais, tente pular a janela.
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Crônicas de um idiota... Com muito tempo pra gastar
HumorPois é, lá vamos nós outra vez... Peraê! Vamos aonde? Sei lá... Se você chegou até esse livro e passou pelo primeiro, sinto lhe informar mamífero, mas sua vida tá errada. Agora, se você chegou a este livro sem passar pelo primeiro...