O vento soprava suas longas mechas escuras e mesmo com o pesar do cabelo Anastasia não cedeu. Continuava correndo. À medida que ia distanciando-se de Keilin sua respiração ficava mais leve. "Ok, agora posso descansar" pensou, mas antes mesmo de conseguir sentar-se no chão sentiu o impacto de algo pesado caindo sobre seu corpo.
Anastasia olhou ao redor e não sabia onde estava. Que dia é? Que horas são? Mirou para cima e havia um relógio apontando que dentro de 15 minutos seriam 02h30 da tarde. Sentiu um desconforto no antebraço, mas procurou não saber o que era. Queria saber onde estava, mas o local, além de ser sujo, era mal iluminado. A única lâmpada presente no recinto era a que iluminava o relógio, só. Tentando inutilmente levantar-se, Anastasia percebeu que estava amarrada pelos pés, cada um em um pilar. Anastasia sabia quem tinha a prendido e sabia a razão, por isso não falou e nem gritou por ajuda. Brava do jeito que estava, voltou a posição inicial e esperou até o seu sequestrador voltar, sabia que ele não a queria morta. Muito menos morta por suas mãos.- Eu a peguei. - disse Gabriel com as mãos ao redor de seu pescoço.
- Cadê ela? - indagou um homem aparentemente de 30 anos que ainda escutava country.
- Escondida. Não vou entregar ela a vocês assim tão fácil, ela vale dinheiro na minha mão.
- Você acha? Sabe que posso chamar qualquer um dos meus caras lá fora e pedir para que peguem-na. Pare de tentar ganhar algo com isso, você não irá ganhar nada em troca.
- Mas eu a peguei. Eu fiz um favor a vocês. - declamou Gabriel com a garganta seca.
- Gabriel, você deve até as córneas para Juan. Vamos deixar assim e estamos quites. Posso pegar a garota agora?
Gabriel, fracassado, pediu para que o homem o acompanhasse até seu salão de festas. Ao chegar, notou que deixara uma luz acesa e que o ambiente estava quieto. Perguntou-se se a menina tivera tentado sair e se obteve sucesso, mas assim que a porta sorrateiramente abriu-se, a imagem de uma garota pálida com hematomas pelo corpo expandiu-se por seus olhos. Anastasia, 17 anos, filha de um dos maiores empresários de Los Angeles, estava deitada no chão frio de um vendedor de drogas. Típico. Mas a verdade não era completamente esta, meu caro leitor.
Anastasia era diferente das outras pessoas. Ela tinha um superpoder, como diria seu pai à ela quando tinha apenas 6 anos. Quando ela queria muito comer aquele sorvete do caminhão, mas seu pai não queria comprar. Persuasão. Ela era persuasiva. Ela tinha as coisas que queria na mão. Ninguém sabia como dizer não à Anastasia. Então no momento em que, uma garota de 17 anos te convida pra sair e rouba todas as suas drogas, isso te assusta um pouco, não? Pois bem, Gabriel não era a fonte de tudo. Ele precisava pagar o seu vendedor e, por isso, Anastasia estava onde estava. Juan e seus cúmplices apenas foram a busca de sua presa para tirar-lhe algo que não poderia ser feito com as mãos. Queriam tirar-lhe a alma. Anastasia, jogada dentro de um carro, não conseguiu desvencilhar-se dos braços fortes que a agarravam e a apertavam em lugares que não convém citar. Você pode parar de me apertar, porra. Anastasia sabia sim de que, primeiro: era ruim; segundo: tinha feito merda; terceiro; merecia. Mas a pergunta era: por que não levaram o dinheiro? O que eles querem comigo?
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SPRING and all the other seasons
Mistério / Suspenseprimavera substantivo feminino 1. estação temperada e amena, entre o inverno e o verão [No hemisfério sul, estende-se do equinócio de setembro ao solstício de dezembro; no hemisfério norte, do equinócio de março ao solstício de junho]. Partindo da...