Mistérios e mais mistérios

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   I.

Agatha Green encontrava-se sentada do outro lado da mesa. Estava a tentar avaliar a situação que se apresentava à sua frente. Tinha acabado de falar com Mrs. Wood. Não fora uma boa conversa. Já não conseguia distinguir mais o que era verdade ou mentira. Na verdade, nem tivera tempo para processar o que acabara de acontecer. Fora tudo muito rápido. Mrs. Wood tentara mais uma vez, persuadir Agatha de parar com a investigação, e a conversa estendeu-se até que Mrs. Wood fez uma confissão um tanto estranha: "Eu sei o que é perder uma filha, não é a primeira vez que isto acontece. Pelo menos, não aqui em St. Mary."

As palavras pareciam estar a esconder algo, mas o que será?

"Pelo menos não aqui em St. Mary"

- Beth! – chamou Agatha levantando-se num salto. – Beth!

Beth apareceu quase numa corrida. Estava toda despenteada, talvez por ter estado a dormir secretamente na cozinha.

- Sim, Mrs. Green?

- Tem um telefone? Preciso de fazer uma chamada importantíssima, para o posto policial.

- Sim, venha por aqui. – e desta maneira Beth, mostrou o caminho para a entrada onde numa das paredes estava pendurado um telefone revistado de cobre. Como nunca notara nele? Talvez pelo simples facto de ter estado numa imensa escuridão mal entrou. Mas não era só isso.

- É só marcar o número deste modo, que a chamada vai ser logo reencaminhada para o posto policial.

- Muito obrigada Beth, pode ir. - Beth desaparecera na escuridão mal Agatha acabara de falar.

Passado um pouco o inspetor Williams atendeu do outro lado: 

- Estou sim? Com quem falo?

- Williams, tenho um favor a pedir-lhe.

- Ah! Agatha! És tu. - disse um pouco... desiludido?

- Sim, sou eu. Ouça com muita atenção. Preciso que me mande numa carta, todas as mortes que aconteceram nos últimos anos aqui em St. Mary, causadas por assassinatos.

- Mrs. Green, lamento imenso informar-lhe, mas há uns dez anos atrás botaram fogo ao posto policial, e com ele queimaram-se todos os registos de mortes, raptos e desaparecimentos. Não restou nada.

- Tem a certeza de que não há outro modo? O tribunal não tem? Ou a câmara?

- Não, não. Isso é tudo propriedade da policia, só nós é que tínhamos.

- Ora bolas! Que maçada. Parece que vou ter de saber de outro modo. Obrigado na mesma.

- Ora, não tem de quê. Mas espere, já que me ligou tenho uma informação a dar-lhe.

- Diga.

- É sobre a Audrey. Tem um tempinho para tomar um café?

- Chá. Não sou fã de café. Põe-me mais nervosa do que normalmente sou.

- Assim seja.

II.

- Está então a dizer-me que a Audrey, desapareceu?

- Bom... não foi propriamente desaparecer. Ela foi vista em Crownsville: é uma cidade que fica a cerca de seis horas de distância daqui. Presume-se que ela queira ir para o estrangeiro. França talvez. Ou para as Américas. Diz-se que lá a vida é boa.

Depois de mexer ferverosamente o chá com uma colher, Agatha poisa a colher bruscamente na mesa.

- Nós temos de a impedir! Ela pode ser uma peça fundamental para resolver este puzzle.

Uma Traição MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora