Descobertas Envenenadas

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 I.

A cozinha encontrava-se na direção contrária à porta que dava para o jardim.

Enquanto Agatha e o Inspetor caminhavam lado a lado em direção à cozinha, quanto mais se aproximavam da porta, mais o cheiro inconfundível a scones se fazia sentir, trazendo um ambiente acolhedor à casa.

O ranger da porta, fora como uma chamada de atenção para todas as pessoas que se encontravam na cozinha, fazendo-as pararem de fazer o que quer que estivessem a fazer.

Numa primeira impressão, Agatha diria que as criadas eram um tanto... desorganizadas. De onde se encontrava, podia muito bem ver a situação em que todas se encontravam.

Beth situava-se junto ao paradeiro da janela, com uma xícara de chá ainda quente. A sua expressão vazia, indicava que a repentina entrada dos dois detetives, não a surpreendera, ou chocara, e isso nunca era bom.

Mrs. Canedy, que fora chamada antecipadamente, estava sentada perto de uma lareira. Estivera a mexer algo que estava dentro de um caldeirão preto.

Uma outra criada, que Agatha ainda não tinha visto, estava sentada perto da mesa central com uma faca e um queijo na mão. Parecia muito irritada com algo, mas Agatha não conseguira ouvir nada quando entrou.

Por fim, Thomas estava de pé diante a porta que iria dar às traseiras. Provavelmente tinha acabado de entrar quando os dois estranhos entraram do nada.

- Muito bem. - Começou por dizer o Inspetor. – Preciso de respostas, e de preferência ainda hoje. Quem é que andou a mexer num copo e o acabou por partir?

Não houve resposta.

Provavelmente porque era uma pergunta retórica.

- Bom, eu não sei do que é que os senhores esperam ouvir. É obvio que ninguém vai admitir nada, ou sequer acusar quem quer que fosse. – a voz vinha de traz da porta, que se estendia precisamente atrás do inspetor e da Agatha.

Mesmo sem tendo visto quem se encontrava atrás de si, algo dizia a Agatha que aquilo não estava certo.

Algo estava muito errado.

Atrás dos dois, encontrava-se uma figura feminina. Era elegante, e o seu andar era muito seguro.

Os seus gestos eram graciosos, e vestia-se impecavelmente bem- não havia nada fora do normal.

O seu cabelo louro, fora espantosamente preso por um laço azul-turquesa.

Não usava muita maquilhagem, mas não se notava nenhuma imperfeição na sua pele.

Depois de passar em revista a cozinha, parando para analisar uma situação ou outra, a mulher acabou por olhar para o inspetor.

Seus olhos eram um azul muito vivo, mas infelizmente não transmitiam a melhor das sensações.

- Quem é a senhora? Que eu saiba não era suposto estar alguém em casa. – falou o inspetor impaciente.

- Claro, mas isso é porque não me apresentei... - disse enquanto andava lentamente pela cozinha dando várias olhadas aleatoriamente. – O meu nome é... - Parou a meio da frase e olhou para Agatha com um sorriso sarcástico. – Você já deve saber quem eu sou... caso contrário não andaria por aí a perguntar às pessoas sobre o meu nome. – disse dirigindo-se exclusivamente a Agatha. – Bom..., mas indo agora ao ponto... o meu nome é Lauren Clark. Eu sei porque é que vocês os dois estão aqui..., mas garanto-vos, que não vão descobrir nada se continuarem somente a bisbilhotar esta casa.

Uma Traição MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora