A LEATHER and Lace empregava alguns seguranças corpulentos para observar as portas e ficar atrás da multidão durante as apresentações. A presença deles servia principalmente para inspirar intimidação e manter o público sob seu melhor comportamento. E eles faziam bem o trabalho,principalmente o mais alto, Bernie, cuja estrutura musculosa escondia um sujeito com risada gostosa e ótimo senso de humor. Emma, no entanto, tecnicamente não era um deles. Seu trabalho envolvia mais do que expulsar beberrões desordeiros ou separar brigas. Ela estava ali para se assegurar de que ninguém tocasse nas dançarinas. Especialmente Rosa. E os seguranças eram o reforço dela. Ela se movimentava normalmente pelo local durante as apresentações, algumas vezes em meio ao público, algumas vezes nos bastidores, outras no andar de baixo. Mantinha um perfil discreto, os olhos sempre examinando a multidão, procurando pelo primeiro sinal de problema. Esta noite, ela estava perto da pista de dança, em um canto escuro à esquerda do palco. Não sabia dizer o motivo. Não era como se esperasse que alguém da primeira fila fosse saltar e tentar agarrar Rosa ou uma das outras. Sim, já havia acontecido. Mas normalmente não até pelo menos a segunda parte, tarde da noite, quando os fregueses já haviam consumido mais do que algumas doses de uísque top de linha. E quando eles se esqueciam do tamanho dos seguranças, ou do quão estúpidos eles iriam se sentir por ter de telefonar para as esposas para serem tirados da cadeia. Esta noite, Emma estava bem perto do palco porque queria manter sua atenção presa a ela.
Algo havia acontecido mais cedo, algo que ainda a estava enlouquecendo. Ah, Rosa já a enlouquecia em diversos aspectos, principalmente por causa daquela sexualidade flagrante que escorria dela. Mas isso não tinha nada a ver com a atratividade dela ou com a reação de Emma a isso. Era algo mais. Algo que a loira não conseguia definir. Desde que ela e Rosa trocaram palavras do lado de fora do camarim, uma voz estava sussurrando em sua cabeça dizendo que havia algo que não estava enxergando. Alguma verdade que havia sido negligenciada. Ela reprisara toda a conversa, pensando em cada palavra, perguntando-se o que parecera tão estranho ali. Além do fato de ela ter agido como uma total espertinha a respeito das dicas de autodefesa qua a loira a pedira para seguir, elas não entraram em confronto. Não fora desagradável de maneira nenhuma, exceto quando Emma quase rasgou a pálpebra dela acidentalmente. Então, por que você está tão tensa? Boa pergunta. Swan estava tão tensa quanto uma bola de elásticos, o maxilar cerrando, as mãos em punho. O coração não estava mantendo o ritmo de sempre, estava acelerado, como se a adrenalina tivesse tomado todo seu corpo. Quando eles a apresentaram, algo inundou de fato o corpo dela. Uma consciência exaltada. Talvez adrenalina também. Ela não a viu quando iniciou, e dali Emma tinha uma visão perfeita de todos os movimentos dela. Ela estava usando o mastro esta noite, aproveitando para mostrar sua força e flexibilidade. Isso sem mencionar o convite a todos os homens na plateia para imaginarem-se como o objeto no qual ela se contorcia, aquele abarcado por suas pernas incrivelmente longas. Tensionando, então afastando o lampejo de ciúmes. Não era da sua conta o que Rosa fazia... na vida profissional ou pessoal. Ela começava a remover as pétalas agora, e elas voaram pelo palco, uma delas até mesmo flutuando para tão perto que ficou a apenas 30 centímetros de distância de sua posição no canto. Algo o fez dar um passo adiante, pegar a pétala. Se era para devolver a ela, ou guardar como uma lembrança, Emma não sabia dizer.
Manuseando-a levemente, a enfiou no bolso e continuou observando. Àquela distância ela tinha uma visão muito boa da Rosa Escarlate... a visão de uma cintura moldada feita para suas mãos. De pernas flexíveis que ela quase podia sentir em torno de seus quadris. De dedos longos que se enredariam facilmente em seus cabelos loiros. Um pescoço delicado para mordiscar. Seios redondos exuberantes para abarcar. E, quando ela removeu as pétalas que cobriam aqueles seios, Emma pode sentir a boca se encher d'água ao se imaginar sugando aqueles mamilos sombreados, como seixos. Cada pedacinho dela era familiar... aos seus olhos, e o restante de seu corpo. Emma sabia como seria prová-la, tocá-la, ouvir seus gemidos suaves de prazer. Ouvi-la... A voz dela. Aquela voz. Aquele corpo.- Ai, meu Deus - sussurrou, certa de que havia perdido a cabeça, mas incapaz de afastar o pensamento. Porque, enquanto observava a artista desaparecer atrás da cortina após a dança, ela pode enxergar um rosto familiar atrás daquela máscara. Um rosto que ela via em seus sonhos todas as noites. O rosto de Regina.- Não pode ser - murmurou ela, cambaleando de volta à sombra. Ela atingiu a parede no canto e deslizou para baixo, de modo que suas mãos pousassem sobre os joelhos. Inspirando algumas vezes, ela manteve a cabeça abaixada, pensando em tudo o que sabia sobre Regina Mills. E sobre Rosa Escarlate. Mills havia tido aulas de dança durante a infância, ela se lembrava desse fato. Havia ido a NovaYork para se tornar uma artista. No palco. Ela não havia dito exatamente que era atriz. Meu Deus, será que ela era stripper em alguma boate luxuosa de Manhattan? E quando ela fora obrigada a retornar a Chicago depois do derrame do pai, será que ela escolhera a mesma profissão ali... usando máscara para não haver possibilidade de ser reconhecida? Os corpos de ambas eram tão parecidos... Como pode não ter notado? Bem, Emma nunca tinha visto Regina nua até duas noites atrás, então não poderia saber que as pernas dela eram tão longas e flexíveis como as da dançarina. Que seus quadris eram fartos o suficiente para deixar um sujeito excitado só de pensar em colocar as mãos neles. Que os seios eram grandes, empinados e convidativos. Ela havia escondido muita coisa atrás do avental. Tanto que não tinha registrado que Regina e Rosa eram da mesma altura, tinham a mesma estrutura. Ou que as cores de cabelo eram semelhantes... O comprimento do de Rosa obviamente originado por algum tipo de aplique ou peruca. Agora fazia sentido. Mas ainda assim parecia impossível. Absolutamente inacreditável que aquela Regi bonitinha, a irmã caçula de Ruby - a garota que caíra em cima dos biscoitos, pelo amor de Deus - era a mulher que estava enlouquecendo todos os homens de Chicago de luxúria. Inclusive ela. Principalmente ela. Naquele instante, ela soube que era verdade. Estava reagindo a Rosa e a Regina exatamente do mesmo jeito desde o instante em que vira cada uma delas. Com desejo puro, indissoluto, com base em absolutamente nada senão instinto e química. Elas eram a mesma pessoa. Seu corpo soubera daquilo imediatamente. O cérebro finalmente o acompanhara. De algum modo, ela conseguiu permanecer à margem e finalizar seu trabalho ao longo da noite até a boate fechar, às 2h. Permaneceu no andar de cima, enviando um dos rapazes para o andar de baixo algumas vezes para fazer uma varredura diante dos camarins. Ela ainda não confiava em si para descer e confrontá-la. Caso o fizesse, poderia ser ruidoso. E nenhuma das duas poderia estar pronto para retornar ao trabalho depois que tivessem a briga explosiva que Emma suspeitava que fossem ter. Definitivamente iria ser uma explosão, e provavelmente não pelos motivos que Regina suspeitaria. Sim, incomodava muito o fato da irmã de sua cunhada estar trabalhando como stripper. Mas ela não era puritana, nem era de fazer julgamentos. Ela a vira em ação... A mulher não era apenas boa, era ótima. Já como alguém que foi, e poderia ser outra vez, amante de Regina, ela não estava feliz. Não podia negar isso. Mas, mais uma vez, não tanto porque os outros estavam olhando para ela, mas sim porque ela estava trabalhando em um campo muito arriscado. Colocando-se em perigo. O real motivo por ela estar furiosa era porque a morena havia mentido para ela. Tinha sido doloroso, deixando-a correr atrás de Regina de dia enquanto Rosa a perseguia à noite. A mulher quase a enlouquecera... Pelo quê? Algum jogo perverso? Uma onda de poder? Ela não sabia. Só sabia que queria respostas. E, quando a boate finalmente fechou e todo mundo começou a dispersar, ela desceu, determinado a consegui-las.
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A flor da pele
FanfictionExiste limite para sensualidade? Regina Mills leva uma vida dupla. De dia ela trabalha na confeitaria de sua família. De noite, se transforma em Rosa Escarlate, a dançarina exótica mais sensual de Chicago, uma sereia que deixa os homens enlouquecido...