Capítulo 3

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Na primeira noite de trabalho no Leather and Lace, Emma apareceu de mau humor. Ela estivera de mau humor há dois dias, desde que Regina Mills arruinara seus esforços para se aproximar mais dela. A mulher era inacreditável. Dez anos atrás, Regina poderia muito bem publicar um anúncio na tribuna declarando sua devoção a ela. Agora, não daria bola para ela nem se fosse a última pessoa do planeta. Droga, ela estava agressiva. Será que ela sempre tinha sido daquele jeito? Emma havia imaginado que Regina se parecesse com Ruby, pela irmã que ela havia sido. Mas, considerando que ela nunca a enxergara como mulher, apenas como uma criança bonitinha e apaixonada, ela nunca havia notado de verdade. Até agora. Ah, sim, agora ela notava. Ela havia notado tudo nela. E ainda não iria desistir. Não quando ela era a primeira coisa na qual ela pensava todas as manhãs e a estrela de seus sonhos todas as noites. Desde aquele beijo incrível que elas compartilharam.

Quem teria imaginado que aquela garotinha bonitinha e chatinha com uma queda óbvia por ela iria se provar a mulher mais sensual e adorável que ela já conhecera? Ela suspeitava ser capaz de beijá-la por horas. Agora sabia um pouco mais. E poderia beijá-la pela eternidade. Depois que Regina pedira que ela saísse da confeitaria na outra noite, ela resolvera jogar sujo, indo diretamente até Ruby para pedir a ela que lhe desse o telefone da irmã. A cunhada tinha ficado feliz em favorecê-la. Ela também fora mais do que sincera sobre o modo como Regina se sentia com relação a Emma nos velhos tempos. Não que Emma precisasse dela para lhe contar sobre isso. Ela sempre fora bem ciente da situação... assim como todo mundo.- Não mais - murmurou ela, enquanto estacionava sua caminhonete, que havia adquirido assim que retornara, há duas semanas, atrás da boate. Ela franziu a testa, perguntando-se o quanto estava sendo idiota agora por estar decepcionada por uma garota que tinha sido muito apaixonada por ela quando criança não lhe dar bola mais. Provavelmente bem idiota. Mas não podia evitar.

Saber que a pequena Regi tinha sido louca por ela fora uma constante durante a adolescência. Um fato. Simplesmente mais um pedaço da realidade dela. Certamente nada que ela jamais tirara vantagem ou utilizara para constrangê-la. Tinha sido algo simplesmente... bonitinho, pensar que havia uma garota por aí rabiscando o nome dela no caderno da escola. Inocente. Singelo. Deus, ela odiava o fato de aquela garota não olhar para ela agora! Principalmente porque achava não ter feito nada para merecer a frieza dela. Não, ela não a havia reconhecido. Mas também não tinha reconhecido o garoto que entregava jornais e que agora administrava uma banca de revistas na esquina. Ou alguns dos caras com quem já havia jogado basquete no colégio St. Raphael. David, no entanto, achava que ela merecia o desprezo, sim. E não porque não a havia reconhecido, mas porque havia contado com os sentimentos de infância dela para lhe dar uma vantagem com a Regina adulta.

Diabos, talvez ele estivesse certo. Talvez Emma não devesse tê-la provocado, não devesse ter se mostrado tão seguro com relação a ela. Ela conhecia mulheres o suficiente para saber como elas se sentiam quando a conquista era tomada como certa. Ela devia tê-la levado para jantar antes de beijá-la como se necessitasse do ar nos pulmões dela para continuar vivendo. Então ela precisava recomeçar com Regina. Começar lentamente, do mesmo jeito que faria outra mulher que tivesse acabado de conhecer. Poderia não ser fácil. Porque ela já o havia afetado mais do que qualquer mulher que já conhecera. Ela sonhara com ela durante a semana, pensara nela, desviara de seu caminho para passar pela confeitaria na esperança de trombar nela.- A mesa foi virada, definitivamente - murmurou ela em voz alta, quando passou pela entrada reservada aos empregados nos fundos da boate. - O que, provavelmente, é o que ela quer. Sim, ela poderia estar jogando com ela por vingança. Mas, de algum modo, Emma não achava que fosse esse o caso. Ela não fora capaz de esconder seus sentimentos atrás daqueles olhos castanhos incrivelmente expressivos. Embora a tivesse mandado embora depois do beijo, Regina ainda a desejava. Mas algo a estava impedindo de fazer qualquer coisa a respeito. Ela só precisava descobrir o que era.- Emma, você chegou bem na hora! - O dono da boate, um sujeito robusto e amável com uma gargalhada gostosa de Papai Noel, saiu de seu escritório e estendeu a mão. Emma o cumprimentou.- Senhor Snape.- Pode me chamar de Severus.- Severus, então. Obrigado mais uma vez pela oportunidade. O homem sacudiu uma das mãos despreocupadamente.- Seu irmão é um dos poucos empreiteiros honestos que conheci nesta cidade. Fez um trabalho maravilhoso a um preço justo. E, se ele diz que você está apta para o trabalho, eu confio nele completamente.

A flor da peleOnde histórias criam vida. Descubra agora