Prólogo

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Por sua causa, eu nunca ando muito longe da calçada

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Por sua causa, eu nunca ando muito longe da calçada

Por sua causa, eu aprendi a jogar do lado seguro, assim não me machuco

Por sua causa, eu acho difícil confiar não só em mim

mas em todos à minha volta

Por sua causa eu tenho medo

12 ANOS ANTES.

— Só mais uma história, papai! — o garotinho de cabelos loiros implorava para o homem que o preparava para dormir.

— Eu já contei três, rapazinho! — Jeremy beija a testa do filho. — Amanhã cedo é o seu primeiro dia de aula, e não queremos que você se atrase, certo? — sorriu para o filho.

— Certo, papai! — assentiu triste ajeitando-se debaixo das cobertas.

Jeremy olhou Justin atentamente. Ele conhecia seu garoto, e sabia quando algo o preocupava.

— O que você está pensando? — sentou-se na beirada da cama do filho.

— E se ninguém gostar de mim, papai? — o garoto sussurrou olhando o pai em pânico.

O coração de Jeremy se apertou com os pensamentos do filho. Como alguém não gostaria daquele garoto que transbordava amor e gentileza?

— Você sabe que eu não mentiria para você, certo? — Jeremy o questionou. Justin apenas assentiu, confiava em seu pai. — Você vai fazer vários amiguinhos. Não há ninguém no mundo que não se apaixone por você, Justin.

— É verdade, papai? — um sorriso brotou em seus lábios.

— Sim, meu campeão — Jeremy acariciou a cabeça dele. — Nunca mude o jeito que você é por ninguém, Justin — falou tendo a atenção do filho. — As pessoas vão amar você pelo que tem aqui dentro — tocou o peito do filho.

— Aqui fica o meu coração, papai! — Justin riu.

— E é ele o que você tem de mais valioso — Jeremy sorriu. — Vejo você amanhã — deu um último beijo em Justin e se levantou para apagar a luz.

— Eu te amo, papai! — Justin sussurrou. Antes de fechar a porta, Jeremy se virou para o filho com um sorriso nos lábios.

— Eu também te amo, campeão.

[...]

Era madrugada quando Justin acordou com os gritos. Assustado, ele saiu debaixo das cobertas e calçou suas pantufas caminhando rumo as escadas. À medida que ele se aproximava, os gritos aumentavam.

— Você não vai me deixar! — escutava a mãe gritar furiosa. — Está me escutando, Jeremy? Não vai!

— Fale baixo! — o pai gritou. — Justin está dormindo e não quero que ele veja a mãe nesse estado. Eu disse a você, Patrícia. Falei que se você não parasse de usar essas coisas eu iria embora. E não ache que eu estou deixando Justin com você!

— Você não vai leva-lo a lugar nenhum! — ela estava eufórica.

Justin desceu as escadas em silêncio e notou as luzes da cozinha acessa.

— O que você está fazendo? — escutou o pânico na voz do pai. — Largue isso, Patrícia! Você vai acabar machucando alguém!

— Você não vai me deixar! Não vai!

Quando Justin parou na porta da cozinha, seus olhos encheram de lágrimas. A mãe estava com a arma na mão, enquanto o pai a olhava assustado. Ela estava de costas para Justin, não podia vê-lo. O menino deu um passo para frente, mas as mãos de Jeremy levantaram em forma de rendição, e pelo canto do olho, ele pôde ver o pai fazendo sinal para que ele não se movesse.

O coração de Justin acelerou e as lágrimas começaram a transbordar quando sua mãe apontou a arma para o peito do pai.

— Eu estou pedindo, Patrícia — Jeremy engoliu um seco. — Você não quer fazer isso, abaixe a arma! Por favor!

— Agora você pede por favor? — ela riu sem emoção. — Você não vai me deixar! — gritou o mais alto que pôde e disparou a arma.

Justin fechou os olhos e pulou com o som do disparo. Mas antes que pudesse abri-los novamente, mais um disparo foi feito, então tudo ficou em silêncio. Ele ainda está com os olhos fechados e molhados pelas lágrimas quando escutou um sussurro.

— J-ustin... — o pai o chamou gentilmente. — Vire-se para olhar a parede, campeão — pediu. Mesmo com a dor cada vez mais forte, Jeremy não queria que o filho presenciasse aquela cena.

Justin obedeceu, tremendo enquanto fungava. — Papai?

— Não abra os olhos, campeão — escutou a voz do pai mais fraca. — O que você acha de brincarmos? — perguntou. — Vamos brincar de esconde-esconde?

Justin negou enquanto soluçava. — Você está morrendo, papai! — suas pequenas mãos tentavam conter as lágrimas. — Eu quero ver você, papai! Por favor!

— Não! — Jeremy tenta gritar, mas o sangue já começava a expelir pela boca. — Faça o que eu estou pedindo, Justin!

Jeremy sabia onde Justin se esconderia, era sempre o mesmo esconderijo quando eles brincavam juntos.

— Posso abrir os olhos, papai? — soluça.

— Abra, mas não olhe para trás — Jeremy ordenou. Justin abriu os olhos piscando rápido e quando seu corpo se inclinou para se virar, Jeremy protestou. — Não olhe! Vá se esconder!

— Mas papai... — fungou com os olhos em direção a porta da cozinha. Jeremy tentou evitar as lágrimas quando estava estirado no chão. Ele não conseguiria mover mais o seu corpo, e o sangue começara a formar uma poça enorme. Pelo canto do olho, ele conseguia ver o corpo de Patrícia ao chão. Pela forma que ela estava, ele sabia que ela já estava sem vida, e ele logo também estaria.

— 1..2...3 — Jeremy começou a contar com dificuldade para que Justin se escondesse.

Justin correu o mais rápido que conseguiu até seu quarto e entrou dentro do baú de brinquedos para se esconder. Ele soluçava sozinho ali no escuro.

— Por favor, papai do céu, por favor, salva o meu papai! — rezava baixinho. — Por favor, papai do céu, não tira o meu papai de mim! Por favor!

Mas sua súplica de nada adiantou, porque Jeremy morreu minutos depois, e Justin foi marcado de uma forma que ninguém jamais poderia compreender. 

Eu assisti você morrer

Eu ouvi você chorar toda noite no seu sono, eu era tão jovem

Você deveria saber mais do que apenas contar comigo

Você nunca pensou nos outros, você só viu sua dor

E agora eu choro no meio da noite

Pelo mesmo maldito motivo

- Kelly Clarkson (Because of You)

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Nota da autora: Olá, amores!! Esse é apenas o começo da fanfic, então espero que vocês gostem e continuem acompanhando.
Não esqueçam de votar e comentar, isso significa muito pra mim. Beijos e até a próxima!

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