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Capítulo 7: O passado

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Kasie Gomez — Ponto de Vista.

— Será um dia divertido, querida! — Caroline exclama após deixarmos o estacionamento da escola. Eu olho para o retrovisor vendo Justin no estacionamento, porém, a medida que Caroline acelera, ele fica cada vez mais distante de minha visão.

Eu suspiro baixinho, insatisfeita com tudo isso. Não quero estar longe dele, porque de alguma forma, sinto que ele é o único que as vezes busca me entender. Talvez possa ser difícil lidar comigo e meus problemas de confiança, entretanto, Justin é a primeira pessoa que parece realmente se importar comigo. Ele continuaria me ajudando se soubesse a verdade? Se soubesse que ser abandonada se tornou quase uma rotina para mim?

Ele poderia ter simplesmente me ignorado, assim como todos fizeram. Justin poderia ter seguido sua vida normalmente, porque não era sua obrigação fazer nada por mim, e ainda assim, ele escolheu me ajudar. Justin escolheu se importar comigo, e pela primeira vez, eu sinto como é ser acolhida por alguém. Olhando pela janela e observando tudo passar como borrão por minha visão, começo a imaginar como seria ter esperança.

— Você ficará aqui até aprender a não mentir! — papai aperta o meu braço, machucando-me enquanto me joga para dentro do quarto. O lugar onde ele aperta está doendo, e mesmo que eu peça para ele soltar, papai continua apertando.

— Por favor, papai! — choramingo. — Eu prometo que não farei mais isso!

— O que eu disse sobre roubar comida da dispensa? — grita soltando-me bruscamente. — Você come o que sua mãe e eu te damos, não o que você quer! Quando vai aprender isso?

— Penélope sempre pode comer o que ela quer — soluço. Por que eles não me amam como amam Penélope?

— Não me responda! — ele aponta o dedo em minha cara. — Você não é Penélope, Kasie! Você não sofreu como sua irmã, então não pode reclamar, entendeu?

Eu amo Penélope, eu realmente amo. Mas eu também sofri, porque eles não conseguem ver isso? Por que eles não enxergam a maneira como me machucaram todas as vezes? Por que eles não se importavam com o meu choro ou a maneira que eu implorava para pararem?

— Você me entendeu, Kasie? — meu pai grita novamente.

— Eu entendi, papai — sussurro tentando conter as lágrimas.

— Ótimo! — parece satisfeito com a minha resposta. — Você ficará trancada aqui até eu achar que pode sair.

Então ele se afasta, me deixando trancada no porão enquanto eu choro, perguntando-me porquê eles não podem me amar como amam Penélope, e me fazendo perceber que eu nunca seria importante para eles como ela é.

— Kasie? — eu pisco rapidamente virando meu olhar para encontrar Caroline. — Você escutou o que eu falei, querida?

— Não — nego envergonhada. — Me desculpe, pode repetir?

— Eu disse que nós iremos ver o meu vestido — sorri animada. — Você conhecerá minha irmã Rachel também. Vou conseguir algumas roupas dela para você — Caroline parece animada.

Eu sorrio tentando transmitir minha felicidade ao estar aqui, mas é difícil. Tudo o que eu desejo é que o dia passe o mais rápido possível e Justin me busque de volta, porque me sinto segura apenas com ele. Caroline parece incrível e me trata como uma filha, como se realmente quisesse minha presença, mas Justin, ele agia como se eu fosse única, e eu não sabia o que era sentir isso há muito tempo. A verdade é que acho que nunca cheguei a sentir.