(Obra vencedora do 1º lugar do Concurso Oscar Wattpad da categoria CONTO)
A vida de Joanna sempre foi regada a trabalho, lágrimas e superação. Aos seus vinte e cinco anos de idade, a ruiva guarda consigo um histórico gigantesco de decepções e trag...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Por mais relutante que eu estivesse seguindo as ordens de alguém como Olden, resolvi dar ouvidos a ela, já que era a minha única alternativa naquele momento.
— O chalé da minha avó... — Uma lágrima ofuscou a minha visão — Porque me trouxe pra cá?
— Se viemos parar aqui, é porque algo de muita importância você deve lembrar...
— Quer dizer então que até alguns segundos atrás você não sabia aonde estávamos?!
— Exato... Não posso decorar o cronograma de cada visita que faço. E só para você ter ideia, tenho mais algumas centenas de visitas para esta noite.
— Nossa. Boa sorte. — Desejei e Olden refutou com um sorriso.
Nós já estávamos rente a janela do pequeno chalé. O vitral cristalino era cercado por uma pequena camada de gelo que nos impedia de ver o que acontecia no interior do cômodo.
— Está pronta? — Olden indagou.
— Eu nasci pronta. — Retornei irredutível e Olden abriu um sorriso iluminado.
Olden segurou firme em minha mão direita e segui os seus passos para dentro do chalé. Era incrível o que podíamos fazer, atravessamos uma parede grosseira de tijolos, penso eu que podíamos fazer de tudo ali e muito mais.
Ao me deparar com o lugar que nos cercava, meus sentimentos começaram a transbordar, meu coração não estava suportando muito bem aquela situação. Eu me recordava muito bem daquele quarto. O chão de madeira era revestido por um carpete cinzento, as paredes chegavam a um tom rosé quase imperceptível, os brinquedos de variados tipos e cores, organizados nas prateleiras, e sobre a cama, totalmente inquieta, uma garotinha de cabelos ruivos, dona de um par lindo de olhos verde-oliva, segurava Fred, seu urso-detetive favorito, com imensa tensão.
— É você? — Olden indagou e assenti como resposta.
Passamos um bom tempo em silencio, até a garotinha se levantar de sua cama, levando consigo o velho e bom Fred. Seus pezinhos tocaram o chão frio, ela — Ou no caso, eu — tentava ser o mais minuciosa possível. Como Olden e eu estávamos de pé, de frente a porta, a garotinha atravessou os nossos corpos, como se fôssemos apenas meras sombras.
— Você sabe contar histórias? — Olden indagou, me observando de relance.
— Nunca tentei. E penso eu que, para tudo tem uma primeira vez. — Sussurrei, seguindo os passos da garotinha pelo extenso corredor e eu sentia que Olden sorria a todo instante.
A garotinha perambulava pelo chalé com uma curiosidade não muito bem contida. Uma sensação nostálgica nos envolveu ao ver a iluminação tênue das luzes das velas colorindo as pontas dos meus sapatos lustrados.
— Naquele dia eu somente queria ver como os adultos comemoravam o Natal. — Começamos a ouvir pequenos murmúrios que emergiam do fim do corredor — Eu era uma criança muito curiosa, sempre quis saber se eram os adultos que conversavam com o papai noel, contavam os nossos podres e assim ele saberia o que fizemos no ano todo. Eu nunca fui de engolir uma conversa fiada, pelo menos, não totalmente.