1/1. O passado bate à minha porta (PART. II)

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  Por mais relutante que eu estivesse seguindo as ordens de alguém como Olden, resolvi dar ouvidos a ela, já que era a minha única alternativa naquele momento

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  Por mais relutante que eu estivesse seguindo as ordens de alguém como Olden, resolvi dar ouvidos a ela, já que era a minha única alternativa naquele momento.

  — O chalé da minha avó... — Uma lágrima ofuscou a minha visão — Porque me trouxe pra cá?

  — Se viemos parar aqui, é porque algo de muita importância você deve lembrar...

  — Quer dizer então que até alguns segundos atrás você não sabia aonde estávamos?!

  — Exato... Não posso decorar o cronograma de cada visita que faço. E só para você ter ideia, tenho mais algumas centenas de visitas para esta noite.

  — Nossa. Boa sorte. — Desejei e Olden refutou com um sorriso.

  Nós já estávamos rente a janela do pequeno chalé. O vitral cristalino era cercado por uma pequena camada de gelo que nos impedia de ver o que acontecia no interior do cômodo.

  — Está pronta? — Olden indagou.

  — Eu nasci pronta. — Retornei irredutível e Olden abriu um sorriso iluminado.

  Olden segurou firme em minha mão direita e segui os seus passos para dentro do chalé. Era incrível o que podíamos fazer, atravessamos uma parede grosseira de tijolos, penso eu que podíamos fazer de tudo ali e muito mais.

  Ao me deparar com o lugar que nos cercava, meus sentimentos começaram a transbordar, meu coração não estava suportando muito bem aquela situação. Eu me recordava muito bem daquele quarto. O chão de madeira era revestido por um carpete cinzento, as paredes chegavam a um tom rosé quase imperceptível, os brinquedos de variados tipos e cores, organizados nas prateleiras, e sobre a cama, totalmente inquieta, uma garotinha de cabelos ruivos, dona de um par lindo de olhos verde-oliva, segurava Fred, seu urso-detetive favorito, com imensa tensão.

  — É você? — Olden indagou e assenti como resposta.

  Passamos um bom tempo em silencio, até a garotinha se levantar de sua cama, levando consigo o velho e bom Fred. Seus pezinhos tocaram o chão frio, ela — Ou no caso, eu — tentava ser o mais minuciosa possível. Como Olden e eu estávamos de pé, de frente a porta, a garotinha atravessou os nossos corpos, como se fôssemos apenas meras sombras.

  — Você sabe contar histórias? — Olden indagou, me observando de relance.

  — Nunca tentei. E penso eu que, para tudo tem uma primeira vez. — Sussurrei, seguindo os passos da garotinha pelo extenso corredor e eu sentia que Olden sorria a todo instante.

  A garotinha perambulava pelo chalé com uma curiosidade não muito bem contida. Uma sensação nostálgica nos envolveu ao ver a iluminação tênue das luzes das velas colorindo as pontas dos meus sapatos lustrados.

  — Naquele dia eu somente queria ver como os adultos comemoravam o Natal. — Começamos a ouvir pequenos murmúrios que emergiam do fim do corredor — Eu era uma criança muito curiosa, sempre quis saber se eram os adultos que conversavam com o papai noel, contavam os nossos podres e assim ele saberia o que fizemos no ano todo. Eu nunca fui de engolir uma conversa fiada, pelo menos, não totalmente.

Quando a Neve Cair [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora