Eu odeio passar vergonha

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Dois "toc toc" é batido na porta, eu quero esconder o meu rosto em um buraco. A turma da universidade entrou pela porta e no mesmo instante eu abaixei a minha cabeça. Eu preciso sair daqui, eu preciso sair daqui. O seguinte plano era... Rastejar no chão até chegar à porta e sumir.

Belo plano não? Mas a burra aqui, se esqueceu de que ele estava perto da porta.

─ Bom, crianças... ─ Fala sério? Crianças? Revirei os olhos, e os estudantes começaram a se aproximar dos estudantes, prestes a entrevistar alguns alunos e ai foi o meu momento. Comecei a me rastejar no chão, o que atraiu um pouco a atenção das pessoas, mas como eles sabiam que eu era retardada, deixaram eu me rastejar.

Eu estava lá, quase lá.

─ Professor a Charlie está se rastejando no chão, igual uma barata. ─ Ahhh. Que vergonha, que vergonha, sabe o que é todos te olhando? E você apenas com as mãos levantadas para abrir a maçaneta da porta?

─ Charlie Maia Sampaio! ─ Gritou o meu professor para todos ouvirem aquele sobrenome horroroso.

Mantive-me quieta com os olhos fechados, tentando não ver o meu futuro marido me encarando e mais uma vez o idiota do professor gritou pra me fazer passar vergonha.

─ Saia do chão agora! - Bom, o que fazer? Agora eu apenas ouvia as minhas minis Charlies malucas em minha mente, dando ideias completamente uteis, e claro que eu faria isso se eu tivesse uma oportunidade:

─ Por que você não pega esse seu professor e coloca em um fogão com água fervente? - Disse a Charlie no meu ombro direito.

─ Que isso Charlie número dois... Ela tem que pegar a esposa dele e faze-la de escrava até a morte! - Juro que foi a Charlie número um e foi a do ombro esquerdo.

Balancei a cabeça e parei de imaginar Charles. Isso parecia coisas de filmes, imaginar um mini anjinho e uma mini diabinha. Mas não, eu imagino duas malvadinhas me dando ideias completamente úteis.

Levantei-me do chão com aquela juba do rei leão e aquela roupa que parecia mais um pijama. ERA UM PIJAMA.

─ Por que estava na porta? ─ Gritou o professor.

Porque sei lá! Quis fugir do meu "namorado". Quer dizer, mais ou menos.

─ Responda senhorita. ─ Gritou o professor. Legal, além de ter a turma inteira me encarando como se fosse um extraterrestre, o que eu não duvidaria que fosse, ainda tinha aquela turma da faculdade... E claro o meu "marido".

─ Sabe professor... Eu estava procurando... Na verdade eu vi uma barata e queria caça-la pra joga-la no lixo! - Nossa Charlie, "melhor desculpa".

Toda a sala riu, inclusive o meu "marido". Que por sinal me encarava com aqueles olhos apaixonantes e aquele tom de cabelo que eu amava: ruivo.

Ele era mais velho que eu, tinha 22 anos, mas e daí? Eu adorava os seus olhos pretos, e do tamanho de sua altura... 1,88cm, adorava o seu jeitinho carinhoso, nem parecia que era irmão daquele monge.

─ Charlie, que tal procurar baratas na diretoria?─ Gritou o professor.

─ Ah, não obrigada! - Falei rindo. Todos riram juntos mas ele ficou sério. Espera ele estava falando verdade? Parei de rir no mesmo estante.

─ Vá se sentar, se quer chamar atenção vá para o circo. – Uma vez eu bati em um palhaço. Esquece. Fui apenas para o meu lugar em silêncio, tentando evitar o olhar do meu "marido".

Depois desse transtorno, fiquei com a cabeça deitada, pensando em como seria bom se minha mãe não tivesse me feito.

─ Oi Charlie. ─ Ouvi uma voz doce vindo atrás de mim.

CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora