3- Vergonha

855 42 8
                                    

- Você? - Perguntamos ao mesmo tempo.

- Vocês se conhecem? - A Rainha perguntou um pouco confusa.

O observei um pouco, estava diferente das revistas. Ele não parecia uma má pessoa, um playboy e muito menos arrogante, só parecia uma pessoa normal.

- Nossos caminhos se cruzaram.

Eu apenas conseguia observar, tentava falar algo e nada saía da minha boca.

- Idiota, babaca, canalha... ao seu dispor.

Não sabia o que dizer. Céus, eu havia xingado um príncipe! Pior, eu tinha xingado o príncipe que eu estava supervisionando.

- Eu sinto muito! Eu não fazia ideia, eu... - Falei por fim.

- Não, não. Não tem problema, eu é que devo me desculpar.

- E você, quem é? - A Rainha Helena perguntou.

- Vossa Majestade, apresento Srta. Martha Andersson, a nova tutora da princesa Emily. - Avril falou e fez um gesto com a mão me incentivando a fazer uma reverência. Fiz uma reverência rápida e com certeza horrível pois a Rainha me encarou estranhamente.

O clima ficou um pouco tenso na sala, acho que se perguntavam que tipo de louca eu era. Mas felizmente uma menininha com muletas, cara de anjinho mas um sorriso travesso no rosto apareceu, ela gritava "Richard" alegremente.

- Aí está você, minha diabinha!

- Eu não sou uma diabinha! - A criança exclamou furiosa.

- É sim! Você é a minha diabinha! - Ele a pegou no colo a rodando no ar. Eles riam e brincavam era até bonito de ver.

- Richard! Richard, solte-a! Põe ela no chão! - A Rainha Helena estava visivelmente preocupada.

- Como desejar, Vossa Majestade.

Sorriram.

- Eu não sou uma boneca de porcelana mamãe. - A criança falou.

- Mas me preocupo mesmo assim, se alguma coisa acontecer com você...

- A mamãe não me deixa fazer nada além de estudar ou ir ao banheiro. - Reclamou.

- Agora eu estou com muita pena de você. - O irmão respondeu.

- Esta barba está horrível, por sinal.

- Sim, tá parecendo um papai noel mendigo.

- Eu sei. Só deixei crescer para não ser reconhecido. E parece que funcionou muito bem. - Falou agora me encarando.

- Quem é você, e o que está fazendo no meu palácio? - A menina me olhou com desgosto, provavelmente essa era Emily.

- Emily, tenha modos.

- Essa é sua nova tutora, de Minnesota. - Avril falou.

Poxa, parecia que esse trabalho não seria tão fácil como imaginei.

- Eu sou a Jess... Martha Andersson. Muito prazer Emily. - Tentei soar o mais natural possível mas a verdade é que eu não queria enfrentar aquela menininha aparentemente terrível não.

- Você deveria me chamar de "Vossa Alteza Real". - Realmente não seria fácil. - Eles não te ensinam nada na Escola Para Tutoras?

- Começará suas aulas imediatamente. - A rainha decretou.

- Mas é quase Natal.

- Eu espero que a Srta. Andersson dure mais que sua última tutora.

- Faça suas apostas. - Richard sussurrou mas eu pude ouvir.

- Eu gosto de camundongos. - Comentei.

- Sra. Avril, mostre a Srta. Andersson seus aposentos.

- Claro Vossa Majestade.

- Então é isso, obrigada. Bom dia. - Falei andando de costas.

Me assustei ao ver que havia derrubado um vaso no chão, provavelmente era caríssimo.

- Oh meu Deus! Eu sinto muito mesmo. Era muito caro ou?

- Era apenas uma porcelana Ming do século XV. - Vossa Majestade disse e eu percebi que o príncipe e a princesa seguravam o riso.

- Eu sinto muito mesmo.

Saí de lá antes que eu morresse de vergonha. Céus! O que acontecia comigo! Com certeza alguma figura de poder lá em cima estava brincando comigo.

[...]

- Eu estou dentro do palácio, infiltrada!

- Adorei. Isso é muito melhor que uma exclusiva. - Minha chefe falou para mim no telefone.

- Mas eu tive que mentir para entrar aqui. - Falei sentindo uma pontada de culpa, eu não deveria estar aqui mas ao mesmo tempo me parece tão certo.

- E quem se importa? - Ela perguntou soltando uma leve risada diabólica que só ela tem.

- Olha, eu poderia ser presa por isso.

- Duas ou três semanas no máximo... - Disse indiferente.

- Hum, não está ajudando.

- Ouça, aproveite o máximo que puder. Faça muitos vídeos, fotos, áudios, o que conseguir. Pode fazer isso Jessica?

- Com certeza.

Estava decidida, eu ia fazer isso e mostrar a ela que eu era capaz.

[...]

- Então eu acredito que está com o currículo e o plano de aulas que eu enviei à sua agência.

- Ah, não... Devem ter esquecido. - Meu Deus o que a velha da Srta. Avril estava falando?

Ela me olhou e revirou os olhos - essa aí é um problema -, me entregou uma pasta e continuou caminhando até não sei aonde e a segui. A porta foi aberta e lá estava Emily, toda arrumada e quieta, dessa maneira até parecia uma criança normal.

- Sua Alteza Real. - Avril se aproximou da pequena. - Lembra-se da Srta. Anderson?

- Bom dia Princesa Emily. - Falei olhando a menina que coloria um desenho e me ignorou completamente.

- Vai embora. - Emily me expulsou.

- Isso não são modos de tratar a sua nova tutora. Por favor, sente-se. - Avril falou.

- Obrigada. - Agradecia a Avril.

Ao puxar a cadeira eu levei um susto e comecei a suar frio. Havia um camundongo ali, eu morria de medo deles. Emily ria diabólicamente e pegou o bicho.

- Você não gosta de camundongos, Srta. Anderson?

- Não como almofada de cadeira.

A pequena jogou o bicho em uma gaiola e Avril discutiu com ela por alguns minutos.

O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora