10- Segredos

554 28 4
                                        

— Senhorita... Eu sei que meus filhos acham que sou superprotetora. A impertinência deles é imperdoável. Dito isso, meu falecido marido era muito a favor de ar fresco e exercícios. E não vejo um sorriso assim no rosto da minha filha a mais de um ano. Então se deseja continuar conosco, sugiro que da próxima vez peça permissão.

— Claro, Vossa Majestade. – Falei suspirando de alívio.

Ela se virou sorrindo e subiu as escadas, mas então parou e olhou para mim.

— E da próxima vez, sugiro que devessem pensar seriamente em convidar a sua Rainha para suas expedições de trenó. – Riu fraco. — Eu sei andar de trenó muito bem.

Todos sorrimos e rimos de alegria. Foi reconfortante saber que não iria ter de me desapegar de lá tão rápido.

[...]

Durante a noite inteira fiquei trabalhando e reavaliando tudo que já aconteceu aqui. Peguei meu computador e comecei a escrever as anotações.

Anotações
• O príncipe ainda está relutante - POR QUE?
• Tenho que descobrir!
• Talvez medo e insegurança.
• O principe definitivamente está começando a confiar em mim... E fico cada vez mais fascinada.
• Eu acho que finalmente conheço o verdadeiro principe... Ele não é o que eu pensei.
• A coroação está quase chegando - mas eu ainda não conheço a história real.
• Tenho que cavar mais fundo. Tenho que descobrir o que está acontecendo na cabeça dele.

[...]

Logo de manhã cedo, me levantei e tomei o café que uma das camareiras devia ter deixado lá. Logo depois fui à procura do Príncipe juntamente com meu smartphone para capturar as imagens. Percebi que ele foi até uma espécie de estábulo, fui atrás e realmente lá estava ele. Richard pegou um dos cavalos e parecia ter muito carinho com ele, então montou e saiu. Aproveitei que achei um acessório e cavalo livres e fui atrás do Príncipe.

Cavalgamos livremente até que ele entrou em uma área um pouco mais fechada e restrita. Eu o perdi. Me preparei para voltar mas o cavalo insistia em continuar, não sabia mais o que fazer, já estava ficando apavorada com isso.

— Não, não, não, não, não! - Falei tentando o acalmar. — Calma, bonzinho.

Até que ele me jogou pra trás e saiu correndo. Estava frio e deserto, não havia ninguém por perto. Comecei a me questionar sobre o que estava pensando ao fazer aquilo. Estava escurecendo e eu não via nada e nem ninguém, apenas algumas árvores e neve caindo até que senti a presença de algo. Do jeito que sou medrosa já me apavorei. Escutei então esse "algo" rosnando, com certeza um lobo. Me assustei dando um passo para trás que me fez cair.

— SAIA DAQUI! VAI EMBORA! - Escutei aquela voz, mesmo gritando era a melhor voz do universo. Eu não poderia querer que fosse outra pessoa.

Olhei para Richard que me olhava com uma certa surpresa estampada no rosto.

— Você está bem? - Perguntou para mim me estendendo a mão.

— Sim, e-eu estou bem.

Saímos de lá o mais rápido possível e depois de andar bastante, chegamos em uma cabana bem confortável e bonita no seu jeito rústico. Richard acendeu a lareira e me ofereceu uma manta para me esquentar.

— Um típico remédio Aldoviano. - Falou me entregando um copo.

— O que tem nele? - Perguntei.

O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora