2- A Chegada

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Saí do trabalho e já estava à noite, decidi ir jantar junto ao meu pai no restaurante dele.

- E aí pessoal, como está a torta? - Ele perguntou aos clientes, sempre atencioso.

- Rudy, a gente precisa falar alguma coisa? - Um dos clientes falou.

- É a melhor. - O senhor ao lado falou.

- É isso que gostamos de ouvir. - Meu pai falou sorridente e eu me aproximei.

- Está com o meu pronto? - Falei.

- Sim, um Coney Island e um café com creme. São R$4,95.

- Coloca na minha conta.

- Como assim? Se acha especial?

- Talvez sou. Um pouco.

Sorrimos. Dei um beijo em seu rosto.

- Valeu pai.

- Ei, escuta. Na noite de Natal, ao invés dos hot dogs no palito normais eu poderia fazer uma bela quantidade do meu famoso Chili, sabe? Era o preferido da sua mãe.

Sorri forçado. Não iria dar pra ir com esse trabalho em Aldovia. Era a minha chance de alavancar a minha carreira se eu fosse para lá.

- O que foi querida?

- A editora me deu uma história para cobrir e...

- Sua própria história?

- Sim, sim! É sobre a família real de Aldovia. O príncipe é meio playboy, e parece que vai até abdicar.

- Ah minha querida! Essa vai ser sua grande chance profissionalmente. Que bom!

- É mas tem uma coisa, eu não vou estar aqui no Natal. E eu sei que você vai ficar sozinho e...

- Olha, pelo jeito você está precisando do conselho básico de um pai. Quando eu e sua mãe abrimos esse lugar, tinha um milhão de motivos para não abrirmos mas ela disse: "Rudy, a gente tem que arriscar".

- Está me falando para abrir um restaurante? - Rimos.

- Não. Estou te dizendo para se manter fiel aos seus sonhos. Está bem? E o sucesso virá. - Abaixei a cabeça e pensei um pouco. Seria bom mesmo. Era a minha chance de talvez mudar a minha vida medíocre. - Foi bom ou não foi?

- Parece frase de biscoito da sorte. - Rimos novamente.

- Tá bom, enfim. O fato é que você tem que se arriscar se quiser ganhar. Então não se preocupe com o seu velho, eu vou ficar bem. Pode ir pra Aldo... Aldi...

- Aldovia.

- Isso. Siga seus sonhos querida e nos deixe orgulhosos de você. - Abracei ele, e peguei a minha carteira para pagar a comida. - Mas ainda são R$ 4,95.

No dia seguinte...

Acordei e fui logo ao aeroporto, peguei o primeiro vôo para Aldovia, ao sair pela porta de cegada da cidade, escutei o murmurinho das pessoas. Todos comentavam sobre a família real e onde o príncipe havia se metido. Chamei um táxi e ele veio prontamente, mas um cara barbudo e extremamente babaca passou na minha frente. Fervi de raiva, "quem ele pensa que é?", pensei.

- Ei! Esse táxi é meu, seu canalha!

- Desculpa, desculpa.

- Desculpa nada! O táxi é meu!

Ele fechou a porta na minha cara e o carro saiu rapidamente.

- Vocês viram isso? Que idiota!

O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora