Saímos as 12:20. O frio está realmente cortante essa madrugada, então todos tivemos que volta para casa e buscar alguma jaqueta de frio. Acabei por pegar uma jaqueta de couro – a primeira que vi diga se de passagem – que não ajuda muito a me esquentar, então peço para a minha mãe ligar o aquecedor.
Fico o caminho inteiro escutando músicas pelo celular enquanto troco algumas mensagens com Candy e Tristan no nosso grupo, o que me distrai ainda mais da viajem.
GRUPO ON
Tristan: Ainda desacreditado que você conversou com a Gaya!
Candy: Se você está assim, imagina eu!
Meason: Relaxem! Pelo menos sabemos que ela não vai me matar ou algo do gênero
Tristan: Espero que vocês trepem. Apenas
Candy: FICA QUIETO TRISTAN
Tristan: Ui, ela tem ciúmes.
Candy: Não é ciúmes, só acho esse linguajar meio grotesco.
Tristan: Na verdade, você nunca achou grotesco porque lembro que você usava! Você só tem medo que outra garota tenha o coração do Meason, apenas isso.
Candy: Você é um escroto.
Tristan: Me conte uma novidade gracinha.
Meason: Chega vocês dois. Candy, não se preocupe, ninguém ai me roubar de você
Candy: Ela não conseguiria, de qualquer forma
Tristan: *Emoji vomitando*
Candy: Vai a merda Tristaaaaan
Tristan: Linguajar grotesco...
Meason: HAHAHA
GRUPO OFF
A conversa acabou se estendendo até a minha chega ao aeroporto, quando disse que tinha chegado e que ia desligar, os dois me desejaram boa sorte e continuaram conversando. Eles nunca ficam quietos, e é claro que eu não iria ler nenhuma das mensagens depois.
Meu pai estaciona o carro e andamos um pouco até o saguão principal do aeroporto. Procuramos o local de desembarque internacional, e quando encontramos fomos andando até lá. Minha mãe trouxe um papel escrito “GAYA” bem grande, para quando haver o desembarque ela abrir seu melhor sorriso e estender o papel.
Quando olho para o relógio, já são 1:29, e estou mais apreensivo do que nunca. Meu coração está batendo tão forte que sinto ele escapar pela boca a qualquer momento, meu estomago parece que está sendo lado por uma dúzia de borboletas bem pequenas. E quando a porta se abre com várias pessoas e seus carrinhos passando, eu me vejo muito empolgado, assim como meus pais. Minha mãe está com o papel na mão, e meu pai a abraçando por trás, uma cena muito amorosa, mas que me enjoa. São meus pais, de qualquer forma.
Quando ela aparece, com um sorriso que vai de orelha a orelha, e um olhar perdido procurando algo, ou melhor alguém, meu coração para, literalmente. Se ela era bonita em fotos, pessoalmente ela é dez vezes mais, e só percebo que o olhar dela estava buscando os meus, quando ela corre até nossa família, e quando ela chega para abraçar meus pais, percebo meus pulmões ardendo, mal percebi que estava segurando a respiração.
Eles a abraçam e desejam-na boas vindas, dizendo que ela vai adorar o pais e tudo que há nele. Ela diz que gosta muito do Canadá e que provavelmente já a ama antes mesmo de conhecer tudo. E é quando meus pais saem de perto dela, que ela me vê e seu sorriso cresce mais ainda. Ela dá curtos passos até chegar à minha frente. Ela é bem menor do que eu imaginava, mas comparar seus 1,65 com os meus 1,82 é covardia.
“Então você é o Meason? ” – Ela diz um pouco puxado, mas fala melhor do que muitos estrangeiros. “Admito que você é mais alto do que pensei que seria” – Ela começa a rir, e eu entro na onda.
“Pois é, imaginei que você seria um pouco mais alta do que realmente é” – Digo ainda sorrindo. “Ah qual é? Não gosta de garotas anãs? Qual o seu problema garoto? ”. Rimos mais ainda e nos abraçamos. Instantaneamente a dúzia de borboletas do meu estoma se transformam em centenas delas, e seu cheiro de baunilha invade a minha camiseta sem ao menos pedir licença.
Quando terminamos o abraço, eu a solto e ela sorri para mim, e eu retribuo o sorriso. Ela ajeita os óculos e começamos a andar logo atrás dos meus pais.
“Sabe...ieu realmente estava esperando um bad boy escroto que me trataria como um lixo, e não um garoto comum. ” – Ela diz arrumando a mochila nas suas costas.
“Bom, eu imaginei uma latina metida com nariz empinado e tudo. Então acho que tivemos impressões realmente erradas. ”
“Bom, talvez. Você tem exatos 5 a 6 anos para descobrir se eu sou uma metida ou não. “ – Ela diz com um sarcasmo divertido em sua voz. “E você tem 5 a 6 anos para descobrir se sou um bad boy que parte corações ou não.”
“Partir corações já sei que você faz muito bem querido!” – Ela diz zombando da nossa primeira conversa e eu começo a rir. Ela logo se junta a mim.
Quando entramos no carro, eu não falo mais nada. Ela se senta ao lado oposto ao meu, e fica conversando com meus pais a viajem inteira. São duas da manhã, e parece que ninguém vai dormir essa madrugada.
Resolvo mandar mensagens para Tristan e Candy e conta-los sobre tudo, já que ainda estão acordados e discutindo sobre qual é o melhor filme.
GRUPO ON
Meason: Aproveitando que vocês estão acordados, me deixem dizer como ela é
Tristan: Estou esperando já tem 30 minutos. E então? É gostosa?
Candy: Ela é legal? E.…Hum, Bonita?
Meason: Tristan, acho que não é legal falar sobre isso na ‘frente’ da Candy
Tristan: Certo, diz na conversa privada então
Candy: Obrigada pelo respeito querido, mas prefiro que diga aqui, odeio vocês de segredo.
Meason: Enfim, ela é bem legal sim! Simpática, sempre fala com uma voz doce e hum, tem cheiro de baunilha.
Candy: Tá, acho que no fim das contas eu que não gostei dela. Poderia ser uma branquela azeda nariz empinado e tudo. Menos legal...
Tristan: Ciúmes...
Candy: Tanto faz
CANDY OFLINE
Tristan: Acho que alguém ficou irritada... De novo.
Meason: Amanhã eu falo com ela
Tristan: AGUA NO DRAGÃO
Meason: Hã?
Tristan: Ah é uma piada brasileira. Aprendi alguns memes pra ela se sentir a vontade. Enfim, vou dormir, boa sorte Meason.
Meason: Então ta bom.
GRUPO OFLINE
Quando percebo, já chegamos em casa, então salto para fora do carro, e ajudo meu pai com as malas de Gaya. Ela nos agradece no mínimo umas cinco vezes pelo favor, mesmo nós dizendo que não há problemas. Ela tem 4 malas e 3 caixas. Parece que trouxe literalmente tudo para cá, mas como vai passar cinco anos, é bem justificado.
Quando finalmente acabamos de levar as bagagens dela para o quarto meu pai me para no corredor com a mão no meu ombro. “Obrigado por estar sendo educado com ela filho, é importante para mim e sua mãe. ” – Ele diz com um sorriso “Não tem problema pai, e ela não e tão ruim assim. ” – Ele ri e solta o meu ombro e descemos juntos para a cozinha aonde Gaya e minha mãe estão conversando enquanto comem um pedaço de bolo.
Ela conta sobre algumas coisas do Brasil, sobre as festas e comidas típicas. Minha mãe pergunta qual a comida favorita dela, e ela responde que não é bem uma comida, mas um doce, o nome é “Brigadeiro”. Eu já ouvi falar sobre ele, porque te ficado bem famoso pelo youtube e facebook daqui, mas nunca o provei. Ela disse que seria uma honra faze-lo um dia para nós.
Depois das conversas e risadas, meus pais vão dormir e deixam Gaya e eu na cozinha ainda conversando.
“Então, de onde você veio? ” – Digo ainda curioso, de toda a conversa, ela não disse de onde veio, nem o que fazia no Brasil, o que me deixa mais curioso ainda.
“Hum, do Brasil” – Ela diz, e pelo seu semblante vejo que está se divertindo. “Estou dizendo o estado, você sabe”
“Eu entendi, só estava brincando com a sua cara” – Ela sorri e responde “ Enfim, eu sou de São Paulo. Metrópole sabe? Então. ”
“Sei sim, acho que é um dos únicos lugares brasileiros que eu conheço. Depois de Brasília e do Rio de Janeiro, claro” – Digo colocando as mãos em cima da mesa. Ela continua saboreando o bolo de chocolate da minha mãe, mas não a culpo, ele é muito bom.
“E você? O que tem a dizer sobre Toronto? ” Ela diz depois de engolir um pequeno pedaço de bolo. Ela mastiga como um pássaro, mas seu prato é enorme.
“Bom, acho que você vai gostar daqui. Não tem muitas coisas a se fazer, antes de entrar para a faculdade, mas como você chegou nesse momento, acho que vai ser divertido para você. “ Digo e pego um pedaço de bolo levando-o a boca.
“O que você e seus amigos costumam fazer? Você poderia me mostrar hoje os lugares que tal? Se não for te incomodar claro! “
“Sem problemas, posso chamar Tristan, meu melhor amigo, ele está...Hum, digamos que louco para conhecer você. Aqui nós não fazemos muitas coisas antes dos 17, mas ao entrar para a faculdade temos certa liberdade, entende? Tem o PUB, que é uma balada universitária digamos assim, só pode entrar quem tem a carteirinha da universidade de Toronto, apenas dela, por isso é uma das bolsas de estudo mais concorrida. Tem o parque também, é bem calmo, além do rio com as águas verde-água para irmos de bote e tudo mais. Amanhã mostro pra você outros lugares que você pode ir. ”
“Tudo bem! Será que eu posso tomar um banho? Sei que é tarde, mas o banco do avião acabou comigo. Triste viajar 8 horas em setor econômico. “ – Ela diz e ri “Claro, tem um banheiro lá no quarto, vamos. ”
Ela não diz nada, apenas pega o prato e o garfo e os coloca na lavadora. Um gesto bem-educado que me faz sorrir, e ela retribui o sorriso. Subimos as escadas e entramos no quarto.
“Aquele lado é o seu, mas você já deve saber porque você mandou arrumar tudo. Enfim, tem uma toalha em cima da sua cama e o banheiro e nessa porta. ” – Aponto para a porta com a cabeça “Mas vá logo que eu preciso tomar banho. ”
“Educado. ” – Ela diz irônica. Pega a toalha e uma sabonete dentro de sua mochila. Abre uma das malas e pega uma muda de roupas que presumo ser um pijama.
Ela não diz mais nada, apenas entra no banheiro e tranca a porta, e em alguns segundos escto o som da água do chuveiro ser aberta.
Coloco meu celular em cima da cômoda aonde está o carregador. Tiro os tênis, os guardo dentro da sapateira e deito na cama, exausto. Mas de quê? Nem eu sei ao certo. Não sei quanto tempo se passa, mas Gaya sai junto com o vapor do banheiro vestindo um pijama azul claro cheio de unicórnios o que me faz rir
“O que foi? ” – Ela diz claramente sem entender nada “Esse seu pijama não é um pouco infantil” – Digo ainda entre risos
“Ah se manca mané” – Ela diz em português, o que me faz ficar sem entender ao certo o que ela disse, e vendo minha cara de interrogação, é a vez dela de rir da minha cara. “Eu disse se manca mané. Às vezes eu esqueço que você não entende o português, me desculpe”. Eu dou um sorriso amistoso pra ela, que retribui. Pego uma toalha e entro no banho.
Fico por volta de 15 minutos, escovo os dentes e saio do banheiro, assim como Gaya, junto com o vapor da água. Quando abro a porta ela está colocando o celular para carregar do lado do seu computador em cima da escrivaninha. Quando me vê ela fica corada, e depois de alguns segundos eu entendo. Estou apenas de toalha.
Ela desvia o olhar e eu peço desculpas, ela diz que não há problemas. Pego um short para dormir. Normalmente eu durmo apenas de cueca, mas como Gaya está aqui, acho que seria falta de respeito com ela.
“Você...Hum...Se importaria se eu dormisse sem camiseta? É um costume e... “ – Começo a dizer e ela me interrompe. “Não tem problema, é um costume, e a casa continua sua, finja que eu não estou aqui e fique à vontade, por favor. “ – Ela diz e eu apenas assinto com a cabeça.
Ela deita na cama e puxa os edredons para cobrir seu corpo, enquanto eu vou até o interruptor desligar a luz. Ela está olhando fixamente para o meu tórax, e prefiro não olhar para ela, prefiro que não fique envergonhada com o que faz. Dou risada dos meus próprios pensamentos, ela chaqualha a cabeça e diz “Do que você está rindo Stewart? “ – Ela pergunta ainda vermelha “Hum, nada. Boa noite Gaya. ” – Digo isso e desligo a luz “Boa noite Stewart. ” Ela diz e escuto a cama ranger por ela ter mudado de posição.XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
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Stay Whith Me
Teen FictionEssa história é sobre pontos. Sim, pontos. Mais precisamente como alguns pontos mudaram a minha vida. O primeiro deles tem um sorriso lindo, um corpo perfeito, cabelos longos e escuros e um nome digamos que... Diferente. Gaya, para ser sincero. Meu...