Cap. 9 - QUASE LUA NOVA

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- MERDA! - ETWARD RESMUNGOU, ENQUANTO EU BUFAVA; contrariada, diante do lúgubre interior duma gigantesca catedral gótica e mal iluminada que agora surgia à nossa frente.
Naquela hora eu preferi imaginar que seria bem melhor estar a bordo de um Jeep Renegade, fugindo com algum milionário filantropo famoso, enquanto ele também fugia da cidade de Metrópolis desmoronando inteira atrás dele.

Imaginei, imaginei, e então imaginei de novo, porém, quando percebi que imaginava demais, parei de imaginar o que tanto estive imaginando.

Caminhando pela catedral gigantesca que ia surgindo diante dos meus olhos, não pude deixar de notar os enormes vitrais e as gravuras imensas no teto.

- Por que será que sempre sentimos vontade de olhar para cima quando entramos numa catedral gótica?

Bom, talvez o fato de todas aquelas esculturas e obras de arte estarem apontando todas para cima, como se quisessem me mostrar alguma coisa tivesse algo a ver com isso.
- Michelangelo estava certo! - Deduzi.
- A verdade realmente está lá em cima! - Eu disse contemplando o que deveria ser A Criação de Adão, porém nesta versão havia vampiros e lobisomens com lençóis cobrindo suas partes proibidas para menores, que estendiam as mãos uns para os outros.

Pensei ter visto, alguns deles acenando com os braços, como se me avisassem para ter cuidado, acho que outro também me dizia que era melhor não prosseguirmos.
- Ella! - Etward disse ao meu meu ouvido.
- Porque você está falando com as gravuras do teto?
- Eu? - Perguntei confusa. - Mas são eles quem estão falando comigo.
- Vocês não viram? - Gritei olhando para Xane, Alince e Calientob, que pareciam espantados com alguma coisa. Essa coisa era eu, que já subia pelas paredes para tentar entender melhor o que as figuras queriam me falar.
- Ella! - Etward gritou, me trazendo de volta ao chão. - Já chega!
- Mas... - Eu murmurei tristonha, quando ele murmurou me fazendo olhar novamente para cima.
- Etward, meu amor, eu juro que... - Eu disse estarrecida, pois no teto agora havia uma enorme clareira nevada, onde vampiros, lobos gigantes e outros seres humanóides com superpoderes travavam uma guerra para proteger um casal de crianças gêmeas metade humano, metade vampiro, de uma multidão de vampiros vestidos de preto. Alguns destes últimos empunhavam sabres de luz vermelhos que lembravam espadas antigas.
- Eu juro...
- Dizem que essas pinturas... - Xane me interrompeu e continuou fingindo ser gentil, - Costumam mostrar o futuro de quem consegue vê-las.
- Que... - Calientob perguntou olhando para cima. - Pinturas? Não vejo nada além de obras e mais obras de arte famosas da Renascença!
- Desculpe, cachorro! - Alince disse sorrindo - Só vampiros conseguem ver...

De repente a expressão no rosto vampirescamente perfeito de Alince, me pareceu ter mudado, mas como não costumo analisar coisas que vejo de relance, preferi voltar minha atenção para a última palavra dita havia pouco, por Calientob Black:
- Renascença? - Pensei por um breve instante. - Seria este algum tipo de código, aquele que Tom Hanks investigou há alguns anos no Vaticano?
- Já chega! - Xane disse parando diante de um par de portas de madeira e ferro, repleta de trancas e ferrolhos que me pareceram muito, muito antigas, e que devia estar entre nós, e alguma coisa mais antiga ainda.
- Não temos muito tempo! - Xane disse tirando uma chave estranha e enferrujada do bolso.
- Venham! - Disse encaixando a chave numa fechadura enferrujada, quando...

Todos aqueles enormes e numerosos ferrolhos e trancas de ferro começaram a se mover, iniciando uma sequência ensurdecedora de abertura do enorme par de portas.

- Quem seriam aquelas pessoas na pintura? - Pensei por um breve instante, quando Alince perguntou parando à frente das portas.
- Aonde estamos...
- Indo? - Xane desdenhou de Alince, enquanto as portas começavam a se abrir. - Ora, não é você a senhorita sabe-tudo tudo o que vai acontecer, e o que as pessoas estão pensando?
- Etward! - eu sussurrei amedrontada, não queria mais ficar um minuto sequer naquele lugar. - Me tira daqui! Por favor!
- Ella! - Etward disse me segurando enquanto eu tentava escapar de seus braços que me envolviam com uma força sobre-humana.
- Temos que sair daqui! - Eu agora gritava histericamente, não queria ser contida.

- Vamos Ella! - Etward agora me arrastava para dentro do vão que se abria entre as portas já abertas, e no qual Xane, Alince e Calientob já desapareciam.

- Não! - Eu gritava, tentando resistir com todas as minhas forças, mas as portas logo voltaram a se fechar automática e mecanicamente, desdenhando de minhas súplicas.

- Ella! - Etward parecia furioso. - O que foi que deu em você?

- Etward, você não entende.  - Eu disse mostrando o script de Rua Nova para ele - Já resgatamos você. Está tudo aqui, olha!

- Sim! Eu sei disso, mas... - Ele disse lendo o roteiro, porém raciocinando lentamente. Como sei que isso é algo típico dos homens mortais e imortais, me encarreguei logo de  interrompê-lo:

- Etward, tudo o que eu mais quero é voltar logo pra debaixo daquela chuva constante, deitar com você na grama, e ficar horas e horas olhando para o céu sempre parcialmente nublado.

- Tem certeza disso? - Ele perguntou me fazendo lembrar das cartas de BlogWarts que todas aquelas amáveis corujas me trouxeram meses atrás, e eu rejeitei pois já tinha convites pendentes dos Vingadores, da Liga da Justiça e dos X-Men. No entanto logo percebi que as vagas de mulher torturada para se tornar uma máquina de matar, de mulher maravilhosa criada num mundo sem homens, e de garota humana e sexy alterada geneticamente já tinham sido preenchidas. - A Diana e a Natasha foram uns amores comigo, mas... Por alguma razão; eu não fui muito com a cara da Vampira.

- Sim, Etward Bullen. - Eu disse me lembrando duma cena que gravei como dublê com o Deadpool. #Hot. - Acho que se eu não tivesse mais Etward, ou Calientob minha terceira opção seria algum tipo de zumbi sexy e irreverente.

- Eu preciso sentir de novo o clima frio e úmido, e viver para sempre em meio a todo aquele verde pra todo lado de Enforks! - Concluí aos prantos, quando - bem na minha testa - as portas finalmente se fecharam.


CONTINUA...

[UDG/F1] RUA NOVA - A SAGA QUE MÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora